29 dezembro 2018

NATAL na Cabreira e no Colmeal



A União Progressiva esteve mais uma vez na Cabreira, na Unidade Residencial Sagrada Família, na tarde de sábado, 15 de Dezembro, para entregar uma prendinha aos seus utentes. Um gesto simples, solidário, que a União vem repetindo desde 2013. Entre os utentes, os nossos associados Laurinda, Lucinda, Manuela, Maria do Carmo, Maria Eugénia, Américo e o Luís.





No Colmeal, no domingo de manhã, 16 de Dezembro, o Centro de Cultura e Convívio encheu-se de carinho em mais uma festinha de Natal, o que já é uma tradição da União Progressiva. Calor humano, sorrisos, boa disposição. Curiosidade dos mais pequenos face ao mistério dos brinquedos, conversa dos mais crescidos actualizando as novidades. Presença colorida do Góis Moto Clube trazendo a sua habitual solidariedade e a quem a União entregou uma prendinha.







Palavras de agradecimento aos presentes, a quem na cozinha preparou o lanche e às senhoras que ofereceram os doces. Também os ausentes sempre presentes foram recordados.
Uma referência muito especial para o recente e excelente livro de Lisete de Matos, “Habitação na Beira Serra – Do Passado e do Presente para o Futuro”, autêntica obra-prima e um precioso legado para todos nós.



















Os “veteranos” Mariana e Vasco entregaram o último brinquedo ao Flynn, por este ter atingido o “limite de idade” (12 anos).



A Comissão de Festas do Colmeal fez o sorteio de um cabaz de Natal e proporcionou uma sessão de cinema aos mais pequenos, que como se pode ver, foi seguida com muita atenção.




OBRIGADO a todos e os melhores votos de um BOM ANO de 2019.

UPFC


10 dezembro 2018

HABITAÇÃO NA BEIRA SERRA - Novo livro de Lisete de Matos




HABITAÇÃO NA BEIRA SERRA – DO PASSADO E DO PRESENTE PARA O FUTURO é o título do novo livro que Lisete de Matos nos apresenta. Pelo que já conhecemos da sua obra publicada, e dos muitos e variados apontamentos com que a todos nos delicia, no nosso blogue ou na imprensa regional, poderíamos dizer que não nos surpreende. Mas folheando página a página, temos que reconhecer que este livro nos impressiona pela qualidade, pelo detalhe, pelo pormenor, pela exaustiva recolha documentada e seriada em centenas de fotografias e pelo carinho que sentimos nas suas palavras.

Trabalho de muitos anos, feito com «um olhar atento, com poesia e sentimento… sobre as estruturas agarradas ao chão, com os seus feitios e materiais, as suas técnicas e artes, mais de mãos que de pedras. E sobre espaços de fruição, com as suas venturas e desventuras, as suas alegrias e tristezas, as suas vozes e silêncios» como escreve João Nogueira Ramos no seu Postal de um Beirão.

Como na Introdução se refere a autora «É, pois, enquanto reflexo da atividade humana e componente essencial do património construído e cultural que elegemos a habitação serrana e, por inerência, a respectiva arquitetura de produção (fornos e alambiques, galinheiros, palheiros e currais, moinhos, lagares e tulhas, como objecto de reflexão nesta obra.»

Lisete de Matos percorreu os concelhos de Arganil, Góis, Pampilhosa da Serra e Lousã, onde procurou o que entende ser, na sua modéstia e simplicidade, «Um contributo ínfimo, considerando a riqueza, a diversidade e a beleza cativante do património que por toda a parte nos acena ávido de futuro.»

Dividido em quatro capítulos, de leitura muito interessante e acessível, é uma obra que se torna obrigatório ter em nossas casas, pelo legado que nos deixa. A nós, aos nossos filhos e aos nossos netos. São registos importantes, que ficam. Que alguém se deu ao cuidado de no-los deixar.

Tal como João Nogueira Ramos termina o seu Postal, também nós terminamos,
Obrigado, Lisete.

U. P. F. Colmeal

29 novembro 2018

Biblioteca da União no Colmeal



A Câmara Municipal de Góis teve a gentileza de oferecer, para a Biblioteca da União Progressiva da Freguesia do Colmeal, livros de inegável qualidade e que certamente despertarão a curiosidade de quem tem gosto pela leitura.

Para aqueles que cedo deixaram as suas aldeias e nelas deixaram os seus, as mulheres e os filhos, filhos que cresciam enquanto longe os pais envelheciam, para os que rumaram a Lisboa, à capital do Império, esses puderam encontrar um pouco da Lisboa e redondezas que são descritas e retratadas neste livro.


Lisboa e Arredores em 1900”.
Facsimile do original e escrito com a ortografia do princípio do século passado, tem apontamentos extraordinários, como por exemplo sobre a vista do castelo de S. Jorge, o Aqueduto das Águas – livres, a Ribeira Nova ou o Terreiro do Paço. Fotografias e muitas estampas da época mostram-nos o grande portal da Conceição Velha ou a azáfama matinal na Ribeira Nova, a Torre de Belém ou a Praça do Rocio.

Ramalho Ortigão apresenta-nos um formidável apontamento escrito no Porto, em Agosto de 1903, sobre a excelente obra do arquitecto Ventura Terra, que neste livro está suportada em várias fotografias, com especial realce para a nova câmara dos deputados em Lisboa.
Escreve também sobre os Jerónimos, sumptuoso templo que o rei D. Manuel I mandou erigir, convertendo a pequena capela ali existente, quando Vasco da Gama em 1500 tornou da Índia.

Avenida da Liberdade, Sé de Lisboa, Sintra, Castelo da Pena, Paço Ducal, Palácios de Monserrate e de Queluz ocupam largas páginas.
Palácio Fronteira em Benfica, “A antiga e amável povoação de Bemfica”, de acordo com mais um escrito de Ramalho.
O Convento da Madre de Deus, a Xabregas e o Paço- Mosteiro de Mafra, ocupam com bastante detalhe as últimas páginas.

O Museu de Artilharia, hoje Museu Militar, merece nas suas páginas especial relevo. As salas de Dom José I e de Dona Maria II, bem como a de Dona Maria Pia são descritas por Christovam Ayres “Nas antigas salas, tão características, com seus tectos apainelados, pintados a óleo, a sua obra de talha primorosa, as figuras e ornamentos de grande relevo, os seus dourados ainda vivos, conservou-se o cunho primitivo; - renques de armas perfilam ao longo das paredes; hirtas armaduras de ferro, completas,…”.
Um Museu, que nos dias de hoje, vale uma demorada visita.  
Um livro que, como referimos inicialmente, é interessantíssimo e cuja leitura aconselhamos. Está à sua disposição na Biblioteca da União no Colmeal.


A “Crónica de D. João I” foi escrita por Fernão Lopes, cronista oficial do Reino e Guarda – Mor da Torre do Tombo, por incumbência do Rei D. Duarte, filho e sucessor de D. João I. Obra editada em Lisboa em 1644 e apresentada em três volumes, aqui numa reprodução fiel da obra original.
A descrição do acontecido após a morte de D. Fernando e a subida ao trono de D. João I, Mestre de Avis encontra-se fielmente apresentada na primeira parte. Tudo o que se passa no seu reinado até à assinatura da paz com Castela, em 1411, é-nos relatado no segundo volume, enquanto no último a tomada de Ceuta ocupa grande parte e termina dando-nos conta do falecimento de D. João I e a trasladação dos seus restos mortais para o Mosteiro da Batalha, por si mandado erigir.
A leitura não é fácil, mas aos poucos vamo-nos habituando e compreendendo a grafia que era utilizada há cerca de quatrocentos anos.
Três volumes, com boa encadernação e que enriquecem qualquer estante.

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Jornalistas em apuros” é um pequeno livro dedicado aos jovens, com a grata particularidade de uma das suas autoras, ser nossa associada.

Maria Deonilde Almeida Bernardo Mendes de Almeida. Nasceu no Colmeal em 1954, aldeia onde passou os primeiros anos de vida e onde regressava sempre nas férias grandes. Licenciou-se na Faculdade de Letras, da Universidade Clássica de Lisboa, no curso de História, tendo desenvolvido a sua actividade profissional como professora de História e de Língua Portuguesa, dando assim resposta a uma vocação que lhe apontava o ensino e o acompanhamento de crianças e jovens como o caminho a seguir ao longo da vida.”

É co-autora com Maria Isabel Ângelo Marques. “Colegas de profissão, amigas na vida pessoal, ambas têm gostos similares e o gosto pela escrita, bem como a consciência de que vivemos num tempo extremamente rico em novas tecnologias, extraordinários avanços científicos mas que, na outra face dessa moeda, se apresenta algo descuidado na preservação de valores que parece terem ficado para trás na voragem dos dias.

Isso procuraram salientar na despretensiosa aventura de um grupo de jovens, que, durante um fim de semana, são levados a experienciar e refletir sobre a importância dos saberes tradicionais, do respeito pela Natureza, da solidariedade Intergeracional, entre outros.
Se essa mensagem chegar aos seus destinatários, terá valido realmente a pena.” Retirado da badana da contra capa.

Edição de Setembro de 2017, da Câmara Municipal de Góis, mereceu de Maria de Lurdes Oliveira Castanheira, sua presidente e para a apresentação do livro, as seguintes palavras:
Em boa hora o Município de Góis oferece aos jovens a oportunidade de ler uma aventura que decorre em Góis. Deonilde Almeida e Isabel Marques, através de uma leitura fácil e divertida, com “Jornalistas em apuros” viajam até ao nosso concelho, à serra, às nossas tradições e memórias. Durante um fim de semana inesquecível e a guardar na alma de cada um, os jovens personagens da nossa história conhecem o melhor de nós, vivem experiências únicas, tão perto da Mãe Natureza, de quem nos ensina o que custa a vida, de quem cuida da nossa terra.
Ler é crescer. Viver. Aprender. Conhecer. Sonhar. Percorrer locais desconhecidos. Sentir o cheiro e o seu sabor. Amar as suas gentes. Viver histórias fantásticas. Da leitura ganhamos a certeza de um mundo melhor.
Com “Jornalistas em apuros” mais uma oportunidade de leitura é dada aos nossos jovens. Para os que gostam de ler, este livro vai enriquecer as suas leituras. Para os que gostam menos, certamente que despertará o prazer de ler.
Faço minhas as palavras das autoras. Se a mensagem deste livro chegar aos seus destinatários, terá valido realmente a pena.
Às autoras felicitamos pela pertinência do tema e pelo meritório gosto. Aos jovens leitores desejamos boas leituras e aventuras!

A União Progressiva da Freguesia do Colmeal agradece muito sensibilizada, a Deonilde Almeida, nossa associada e amiga, pela gentileza em nos oferecer este livro “Para a biblioteca da União, com todo o carinho das memórias que me inspiraram.”
Obrigado Deonilde Almeida.
É para nós um enorme privilégio ter uma obra sua, na Biblioteca da União.


JOSÉ SARAMAGO
Rota de Vida
Uma Biografia
De autoria do jornalista Joaquim Vieira e publicado por Livros Horizonte, foi apresentado ao público no passado dia 13 de Novembro, no Palácio Galveias, em Lisboa, um livro sobre uma biografia de José Saramago.
Da contra capa retiramos:
“Vencedor do Prémio Nobel da Literatura – o primeiro (e único até à data) a distinguir não só Portugal como a língua portuguesa -, o escritor José Saramago (1922-2010), autor de romances fundamentais como Memorial do Convento, O Ano da Morte de Ricardo Reis ou Ensaio sobre a Cegueira, conquistou, por esse motivo, um estatuto de primordial relevo na nossa história recente.

Trilhou, porém, um caminho árduo até atingir a consagração: originário de uma família de trabalhadores rurais ribatejanos, estudou apenas para serralheiro mecânico e fez toda a sua formação intelectual como autodidacta. Manteve-se na obscuridade durante a maior parte da sua carreira, fosse como funcionário de escritório, responsável por uma editora ou até enquanto editorialista, que não assinava os seus textos, e já só por volta dos 60 anos, ganhou notoriedade como romancista.

Viu-se envolvido em polémicas que mobilizaram as atenções nacionais: acusado de praticar censura e de afastar jornalistas como director adjunto do Diário de Notícias, ele próprio viria a queixar-se, anos depois, de o governo lhe censurar um livro, afirmando que por tal motivo se afastava do país.

Esta biografia traça o percurso de uma personalidade única da cultura portuguesa, debruçando-se tanto sobre a sua intensa atividade criativa como sobre a sua atribulada vida privada.”

A União Progressiva da Freguesia do Colmeal esteve presente na cerimónia de apresentação. É referida no percurso da vida de Saramago, ao que julgamos, pela primeira vez, a sua passagem pela nossa associação regionalista.
Durante as pesquisas feitas para este livro, depararam-se, no blogue da UPFC, com algumas notas da passagem do Nobel da Literatura pelo Colmeal, não só pelo primeiro casamento com Ilda Reis, mas também pelo facto, desconhecido por muitos, de ter sido nosso Primeiro Secretário da Direcção, entre os finais da década de quarenta e primeira metade dos anos cinquenta.
A Biblioteca da União, no Colmeal, onde José Saramago já está representado com alguns dos seus livros, passará agora a contar com esta recente obra.

A. Domingos Santos                                         
Lisboa, 22 de Novembro de 2018

26 novembro 2018

COLMEAL, DIA DE TODOS OS SANTOS E MAGUSTO 2018



Festejaram-se, no Colmeal, o Dia de Todos os Santos do calendário católico e o magusto anual da União Progressiva da Freguesia do Colmeal (UPFC).

O Dia de Todos os Santos é uma celebração em honra de todos os santos conhecidos e desconhecidos. Uma grande multidão, que ninguém pode contar, como consta da primeira leitura do dia (Ap. 7.2-12), constituída pelos que foram proclamados santos e por muitos dos que viveram com fé e amor a Deus e aos outros. Entre eles, encontram-se muitos dos nossos familiares, amigos e conhecidos. Seguramente!


Na sequência da liturgia do dia, e nomeadamente do evangelho (Mat. 5.1-12), o diácono Manuel Cabral fez uma homilia muito esclarecedora, compreensiva e ecuménica sobre a felicidade da vida eterna e a santidade como desiderato e possibilidade, através da prática das Bem-Aventuranças. Muito apaziguador.

Por antecipação do Dia de Finados, também chamado dos Fiéis Defuntos ou dos Mortos, seguiu-se a romagem ao cemitério, em oração pelos “nossos santos” e por todos os que já partiram. Para além da presença de um número significativo de paroquianos, também as flores naturais aludiam ao carinho dos que vieram de longe para homenagear os seus. Mitigadas a saudade e a solidão, todos se sentiram muito mais acompanhados.



No que se refere ao magusto, foi um acontecimento muito animado e concorrido, uma vez mais realizado no Dia de Todos os Santos, como era costume na zona. Atraídos pelo convívio e o apelo da tradição, havia participantes de tantas localidades, que nem me atrevo a referi-las. Claro, tratou-se de um magusto muito genuíno, com as castanhas assadas na fogueira de caruma seca, leve e facilmente inflamável. Um grande molho dela, atado com corda de gancho! A operação exige sabedoria, mas o José Álvaro já é perito na arte!






Depois, é sempre um gosto observar a satisfação com que muitos afagam as castanhas escurecidas, descascando-as e deliciando-se com elas. Só resistem à tentação os que não as podem comer ou não querem sujar as mãos, preferindo os torresmos, que exalavam um aroma muito saboroso. Percebi que foram preparados pela Bela e pelo Artur, estão aprovados, esperamos que continuem!




Nos tempos de abundância em que temos o privilégio de viver, não deixa de ser surpreendente o apreço significativo por uma iguaria que, outrora, constituiu o principal e parco alimento do povo. As castanhas comiam-se, então, essencialmente cozidas, sendo frequentes as histórias do “Ti” fulano ou beltrano que, até debelar o apetite, nem a camisa (pele interior) lhes tirava! Tal como não partilhava os filhos, fazendo compadres e comadres das castanhas. Este ritual de afeto era indissociável dos magustos e consistia em oferecer a alguém, abraçando-o ou beijando-o, a mais pequena das castanhas existentes dentro da mesma casca, dizendo:

- “Raminhos de bem-querer, compadres (ou comadres) amigos até morrer”;
- “Raminhos de alecrim, compadres amigos até ao fim”;
- “Raminhos de serpão”, compadres e amigos do coração”.


Simultaneamente, bafejados pelo calor aconchegante da fogueira ou da jeropiga e da água-pé, o bom ambiente e o agrado dos convivas eram evidentes. Através da troca de contatos e aproveitando as facilidades comunicacionais de hoje, até houve quem falasse com amigos que já não vê há décadas, enquanto outros mandavam castanhas virtuais para Bruxelas e outras paragens da fantástica aldeia global a que pertencemos.

Como dizia recentemente, é sempre com emoção que participo nas iniciativas da UPFC. Entre outras razões: por constituírem oportunidades preciosas de encontro e convívio; por serem uma manifestação da comunidade que somos e dos laços que nos prendem às origens; por permitirem a afirmação e o reforço da identidade e da pertença ao Colmeal; algumas, também por contribuírem para o enriquecimento cultural ou prestarem homenagem aos que se têm dedicado à causa do regionalismo.

Parabéns a todos pela presença e participação; parabéns à direção da UPFC e à respetiva delegação local, pela organização do evento e pelo empenho e disponibilidade para o fazerem. Obrigada.

Agradeço a cedência das fotografias a António Domingos Santos, António Marques e Conceição Neves.

Lisete de Matos
Açor, Colmeal, 6 de novembro de 2018

Fotografias: António Domingos Santos, António Marques e Conceição Neves.