25 setembro 2015

Homens da União Progressiva da Freguesia do Colmeal.



O meu pai - José Braz, na foto, terceiro à esquerda - não foi um dos dignos Fundadores, mas empenhou-se o melhor que soube durante os muitos anos em que fez parte dos seus Orgãos Sociais.

Hoje, com a digna idade de 90 anos, recorda com vivacidade, saudade natural e grande orgulho, esses maravilhosos Tempos.

Aurora Braz

Se não foram mais longe foi porque não puderam! (I)


Com este título começou o extinto Boletim “O Colmeal” a publicar em Maio de 1980, já lá vão trinta e cinco anos, uma série de artigos sobre o Regionalismo e a União Progressiva da Freguesia do Colmeal.
Nunca é demais recordar e também dar a conhecer aos mais novos o que foi, ou o que é, actualmente, o movimento regionalista.

«Conveniente é que se unam, pois unidos e organizados muito mais e melhor podem fazer com menos esforço». (Alves Caetano, in «Gazeta das Serras», 25-10-1938).

REGIONALISMO é um movimento com cerca de 60 anos e não tem, nunca teve, qualquer afinidade, nem de longe nem de perto, com o espanhol, genuinamente político e independentista em relação ao poder central.
O movimento regionalista português é tipicamente Beirão, encontrando-se concentrado na sua grande maioria na comarca de Arganil, isto tomando como base o número de agremiações existentes.
Como surgiu e porquê o movimento regionalista?

Tudo nos leva a supor, em função dos elementos recolhidos ao longo de inúmeros anos, estar a sua origem ligada à revolta contra o marasmo de todo e qualquer poder político e ao facto da migração periódica para outras regiões mais desenvolvidas do país, verificada no século passado e mantida nas primeiras décadas do corrente. A mística muito característica dos arganilenses, em relação á sua zona e em particular à terra onde cada um nasceu ou de que é oriundo, terá sido também motivo.

Da migração periódica para o Alentejo, Ribatejo, Beira Baixa ou Estremadura redundaram, como é lógico, contactos dos serranos, em muitos casos somente de passagem, com outras povoações onde, por ventura os naturais já beneficiavam de estradas, fontenários, electricidade, telefone, médicos, feiras, mercados, ou seja o mínimo dos mínimos a que qualquer ser humano tinha direito já que todos eram/são filhos da mesma pátria.

Lembre-se que dentro do poder local as primitivas «Juntas de Parochia», obrigatoriamente presididas pelo pároco, limitavam-se a cobrar alguns impostos, melhorar, conservar ou ampliar só o que fazia parte da Igreja, ou interessava à mesma. Posteriormente em 29 de Novembro de 1908 foram eleitas as primeiras «Juntas de Freguesia». Que progressos poderiam proporcionar se os seus membros desconheciam o mundo exterior e as autarquias não tinham fundos nem para selos postais?

Desses contactos migratórios com outras terras, outras gentes, outras condições de vida, criou-se, evidentemente, na mente dos iniciadores do movimento regionalista a ambição lógica de pretenderem para a sua aldeia, para os seus conterrâneos, as mesmas condições humanas.

Como não podiam contar com o poder político, nunca muito interessado na evolução da região, isoladamente nada poderiam fazer, entraram no campo colectivo, começando a surgir, embora lentamente, por volta de 1920, as primeiras «Comissões de Melhoramentos», «Grémios», «Ligas», «Uniões», «Casas», etc., para congregar boas vontades, debelar o isolamento ancestral das aldeias, mobilizar naturais, diminuir o imobilismo, denunciar publicamente através da Imprensa o atraso medieval a que tinha sido votada a região, pressionar, enfim, o poder político.

Embora tivessem existido em 1907 experiências regionalistas só a partir dos anos vinte começou a proliferação das agremiações e, automaticamente, do Regionalismo. Os resultados positivos de uma experiência foram dando lugar a outro ensaio na aldeia seguinte e assim sucessivamente. O verificado na nossa aldeia é flagrantíssimo.
Hoje praticamente em todas as aldeias existe uma agremiação regionalista.

Há 49 anos, mais precisamente em 20 de Setembro de 1931, foi fundada a União Progressiva da Freguesia do Colmeal.

Em 1981, como tal, comemorará a U. P. F. C. e, igualmente, o regionalismo colmealense, o seu cinquentenário, as bodas de ouro.

Para qualquer colectividade, seja qual for a sua actividade ou historial, meio século de existência é sempre de considerar. No entanto para uma agremiação regionalista gerada em época difícil e meio economicamente pobre, por autênticos proletários meio analfabetos é, não só, data a considerar como a enaltecer. Os ideais dos seus precursores e fundadores: a) «Conseguir o máximo de solidariedade de todos os naturais da freguesia do Colmeal»; b) «Concorrer quanto possível para o aperfeiçoamento moral e social dos seus associados e protegê-los quando necessitem»; c) «Auxiliar a instrução e dar o seu apoio moral e material a todos os melhoramentos da freguesia do Colmeal»; d) «Promover por todos os meios ao seu alcance as manifestações de actividade que de qualquer modo possam contribuir para o engrandecimento da freguesia». Conseguiu-se? Não se conseguiu? ...

A meta a que se propuseram os iniciadores do Regionalismo Colmealense, em face das finalidades estatutárias, foi o desenvolvimento social e cultural de toda uma freguesia atrasada, encravada, isolada na zona serrana do Distrito de Coimbra.

Como é compreensível os «melhoramentos» materiais teriam de estar pendentes da «solidariedade» e do «apoio moral e material» de todos os naturais, sem discriminação, da aldeia onde nasceram.

Evidentemente falar de melhoramentos que se concretizaram ou não, falar da freguesia do Colmeal é, automaticamente e simultaneamente, falar de Regionalismo. Enfim falar da União, de seu nome imutável e completo União Progressiva da Freguesia do Colmeal, como consta no seu «registo de nascimento» - citar só o seu título, é, só por si, evocar uma existência de triunfos, um largo número de obras, nem sempre da mesma dimensão e utilidade, é certo, mas todas mostrando uma garra e uma fecundidade nem sempre compreendida, nem sempre apoiada, quantas vezes mesmo criticada maldosamente com fins inconfessáveis por uns quantos que nunca fizeram nada em prol do bem comum. Todos beneficiaram de um trabalho sacrificado e salutar, de várias gerações de dirigentes, esforço quase sempre ignorado e incompreendido dos seus dirigentes. Estes regionalistas, em geral, sacrificam-se: dedicam grande parte do seu tempo, da sua vida particular e profissional para desempenharem eficazmente as suas funções, no sentido do fomento do progresso, do bem comum.
Apesar disso não evitam as maledicências.

Falar do Colmeal, do seu Regionalismo e da União é o que vamos tentar continuar em próximos números.

in Boletim “O Colmeal”, Nº 162 – Maio de 1980
Arquivos da União

22 setembro 2015

ALMINHAS DO COLMEAL: ADITAMENTO


Muito tempo, preocupações e almas passadas sobre as alminhas, que também ameaçam passar, enquanto por elas passamos apressados, é chegado o momento de voltar ao assunto. A promessa, feita quando da publicação de “Alminhas do Colmeal” [i], baseava-se na expectativa, por um lado de vir a receber informação adicional, por outro de ver reparadas as que o precisam, enquanto componente essencial do património cultural e construído. 

No plano da preservação, logo na altura, foram pintadas as alminhas à entrada do Carvalhal e reparadas as do Colmeal, factos a que aludimos, em comentário, no blogue da União Progressiva da Freguesia do Colmeal. Entretanto, tanto quanto nos foi dado perceber, também foram pintadas as da Foz da Cova e Malhada. Em geral, visitadas mais uma vez, as alminhas do Corredoiro, no Carvalhal, continuam comoventemente cuidadas, as mais recentes, apresentáveis e as mais antigas, em degradação acentuada. Acresce a vegetação, que esconde umas de nicho e dificulta a entrada noutras de capela. Há flores em plástico que foram substituídas, naperons e vasos que foram adicionados, o que revela devoção e interesse ativos. 

No plano da informação complementar, passo a referir os três importantes contributos que recebi e agradeço. 

De acordo com a D. Silvina Nunes, do Colmeal, existiram umas alminhas por cima da primeira curva, a seguir ao cruzamento para o Soito, Malhada, etc., em sentido ascendente. Não consegui localizar os vestígios destas alminhas, mas admito tratar-se das que são referidas no texto como estando no antigo caminho para o Carvalhal, num sítio chamado Riqueijo. 

Segundo José Brás Vitor, de Aldeia Velha, as alminhas antigas existentes na entrada da povoação, apenas foram mandadas reparar pela tal Prazeres. Já existiam e esta cidadã mandou-as rebocar e dotar com aquele telhado em cimento. Esta informação vem acrescentar antiguidade ao monumento e, consequentemente, urgência na sua preservação. Recordo que estas alminhas são as únicas, no território da ex freguesia do Colmeal, que mantêm o retábulo pintado em madeira, metaforicamente mostrando, entre outros elementos pictóricos, uma alma a levantar os braços suplicantes …

Generosamente, na sequência da informação com que então nos enriqueceu, Cecília Barata Monteiro facultou-nos fotografias do painel das alminhas que existiram na Póvoa da Lomba, no Carvalhal. Recordo que se tratava de umas alminhas de alpendre ou capela, construídas em xisto, conforme características da construção vernácula coeva. Antes de mostrar essas fotografias, por se tratar de umas alminhas que consubstanciavam muito bem o conceito, do ponto de vista arquitetónico e simbólico, recordo a sua história, nas palavras de Cecília Barata Monteiro.

“O referido painel do Carvalhal, pintado em madeira, parte restante de umas alminhas que há muitos anos existiram na Póvoa da Lomba, representa o nascimento de duas gémeas, avó e tia-avó do meu pai, Manuel Martins Barata. Guardo-o, porque estas gémeas são as que, na família, nasceram antes dos meus filhos gémeos, o Vasco e a Margarida. O homem também representado, meu trisavô e pai das miúdas, fizera a promessa de construir no Carvalhal umas “alminhas”, junto a uma das suas propriedades, se ambas se salvassem. Assim aconteceu e foi já o filho de uma delas que mandou construir um pequeno espaço de apoio às pessoas que regressavam a casa depois de um dia de trabalho no campo. Numa das paredes aplicou o painel que se mantivera na família. Aí rezavam enquanto descansavam. Desde miúda habituei-me a passar por ali, nas férias de Verão, e o meu pai contava-me o que dera origem àquela pequena construção. Muito mais tarde, nasceram os meus gémeos e, mais ou menos na mesma altura, fomos encontrar a tábua caída, no meio das pedras, pois com o tempo e com a abertura de um estradão a pequena construção desmoronara-se por completo. Há diferentes formas de preservar a nossa história, pessoal e colectiva. Limitei-me a guardar algo que pertencia à história da minha família e, assim, também preservar um exemplo da história cultural da aldeia onde o meu pai nasceu e onde eu sempre gosto de regressar. Se se criar um pequeno museu no Carvalhal cedê-lo-ei com todo o gosto.” (23 de julho de 2013 às 17:16. http://upfc-colmeal-gois.blogspot.pt/2013_07_01_archive.html.





Conforme pode ver-se, trata-se de um painel muito simples, em sintonia com a mais genuína tradição em matéria de alminhas. Mostra Cristo crucificado, tendo do Seu lado direito um berço com as gémeas e do lado esquerdo, de mãos erguidas, uma figura masculina, representando, de acordo com a Cecília, o pai das meninas, que fez a promessa. Estas figuras ocupam o lugar dos clássicos anjos auxiliares. Na base, envoltas em chamas (?), veem-se duas figuras masculinas e três femininas, também elas à direita de Cristo. Uma das figuras masculinas junta as mãos sobre o peito, a outra, de tronco nu, levanta os braços, parecendo ter alguma coisa nas mãos. Das três figuras femininas, uma esconde o rosto num grande pano, provavelmente chorando e sendo consolada por outra. Será que estas figuras também representavam pessoas concretas? Em letras maiúsculas, consta a habitual inscrição: PELAS ALMAS P.N. A.M.. As tentativas de estrela de David/cinco saimão que se veem são meras marcas de vandalismo.

Gostaria de terminar com a ternura desta história e a beleza singela destas imagens. Mas devo fazê-lo dizendo que temos mesmo de acudir às alminhas, para que elas nos acudam a nós: no presente, falando da nossa devoção ou cidadania, através da sua preservação e arranjo; no futuro, assegurando-nos a gratidão dos vindouros e a felicidade durável que merecemos.
 
Enquanto componente do património e desde que enquadradas em planos mais amplos de desenvolvimento, as alminhas configuram um fator de sustentabilidade económica relevante. Enquanto tal, imagino que a sua preservação possa ser objeto de financiamento, no âmbito dos programas que apoiam a conservação e a valorização do património rural ou as atividades de turismo. Uma parceria autarquia/comissões de melhoramentos seria, para tanto, o ideal. Como ideal será uma preservação que respeite a diversidade e a memória - da devoção, das épocas e das pessoas -, sendo de evitar situações como aquela a que em tempos aludi, a propósito de um lavadouro [ii].

Lisete de Matos

Açor, Colmeal, 27 de agosto de 2015.




[i] Varzeense, de 22 jul. a 15 nov., 2013; http://upfc-colmeal-gois.blogspot.pt, de 22 jul. e 24 set., 2013; http://goismemorias.weebly.com/alminhas1.html.

[ii] http://upfc-colmeal-gois.blogspot.com, de 4 jul., 2011; Jornal de Arganil, de 7 jul., 2011; A Comarca de Arganil, de 21 jul., 2011.

Folhas de um livro


A União Progressiva da Freguesia do Colmeal foi fundada em Lisboa no dia 20 de Setembro de 1931. De acordo com os seus Estatutos, numa revisão sancionada pelo Governo Civil do Distrito de Lisboa em 1 de Junho de 1936, temos no Capítulo VI – Dos Corpos Gerentes, Artigo 18º. – “A gerência da União Progressiva da Freguezia do Colmeal é exercida pela Assembleia Geral, pela Direcção, pelo Conselho Fiscal e por uma Comissão local regional.




Aproveitamos a proximidade da comemoração dos 84 anos da União Progressiva para recordar as três primeiras actas do Conselho Fiscal e nomes que enchem de orgulho as páginas da história da nossa colectividade – Francisco Luiz, Manoel Nunes Pinto, Manuel João Miranda, Joaquim Fontes d’ Almeida, Abel Joaquim de Oliveira e Marcelino Antunes d’ Almeida.

A. Domingos Santos
Arquivos da UPFC

18 setembro 2015

Almoço Comemorativo dos 84 anos da União


No próximo dia 11 de Outubro, pelas 13 horas, a União Progressiva vai realizar o almoço comemorativo do seu 84º aniversário na aprazível Quinta de Santa Teresinha, em Cabeçudo (próximo de Sertã), onde já estivemos há quatro anos.



De Lisboa, a partida será às 9 horas do local habitual, Sete Rios – frente ao Jardim Zoológico e do Colmeal, também pelas 9 horas, do Largo D. Josefa Alves Caetano.

Como habitualmente iremos disponibilizar transporte – 2 autocarros em Lisboa e 1 no Colmeal, proporcionando um percurso mais cómodo e mais agradável.
Se optar pelo transporte próprio, as coordenadas GPS da Quinta são: LAT 39º49’52’’ N LON 08º08’30’’ O. 
Contamos encontrar-nos na Sertã cerca do meio-dia na zona ajardinada junto ao rio.





Temos a certeza de que será do seu agrado a ementa que lhe propomos e como vai sendo hábito haverá música ao vivo para que nos possamos divertir durante a tarde.



Agradecemos o favor de efectuar a sua inscrição para um dos seguintes contactos e preferencialmente até ao dia 6 de Outubro:
No Colmeal – Anabela Domingos/José Álvaro – 96 7549505 / 235 761 490 (noite);
Em Lisboa – Maria Lucília – 21 8122331 / 91 4815132 ou Artur da Fonte – 21 9596110 / 93 8663279. Ou se preferir a via electrónica, para upfcolmeal@netcabo.pt

As condições para a inscrição são as seguintes:
Adultos: 30 euros; crianças até 3 anos, grátis; crianças dos 4 aos 10 anos, 50%.

Sabemos que estará connosco e com os seus familiares e amigos neste dia especial para todos nós em que a União Progressiva comemora 84 anos.


A sua presença é muito importante. Esperamos por si!

A Direcção


                                             
União Progressiva da Freguesia do Colmeal
Almoço do 84º aniversário - 11 de Outubro de 2015

Aperitivos
(Servidos no jardim)
Vermutes, moscatel, cerveja, águas minerais, sumo de laranja
Pastéis de bacalhau, rissóis de camarão, croquetes de carne, croquetes de vitela, presunto laminado, queijinhos secos e enchidos regionais.

Almoço
Quentes
Sopa de hortaliça com feijão ou canja de galinha
Bacalhau no forno à posta, batata assada em rodelas e salada mista
Lombo de porco recheado com queijo e bacon, arroz de pinhão e feijão verde salteado

Sobremesa
Arroz doce ou fruta natural

Bebidas
Vinho branco e tinto “Adega da Vila”, cervejas, água mineral e sumo de laranja

Digestivos
Café e whisky novo, medronho e licores nacionais

Lanche
(Servido à mesa)
Caldo verde, arroz de tomate, escalopes de porco, frango assado, calamares, almofadinhas de queijo e fiambre, rissóis de camarão, pastéis de bacalhau, presunto laminado e queijo

Bufete de sobremesas
Pão-de-ló, tarte de natas, torta de laranja e salada de frutas

Bolo de Aniversário e Espumante

BAR ABERTO

e

ANIMAÇÃO MUSICAL