22 janeiro 2014

Foi há um ano






Foi precisamente no dia 22 de Janeiro de 2013 que estivemos em Góis, no Posto de Turismo, para assistirmos à inauguração da exposição do Artur Domingos da Fonte, natural do Colmeal e membro da direcção da União Progressiva.
Pequenas miniaturas GRANDES MEMÓRIAS. Assim era denominada esta mostra de trabalhos do Artur. Família e amigos estiveram com ele tal como aqui referimos neste espaço. A Dr.ª Lisete de Matos, sempre incansável e interessada na preservação e promoção das tradições e dos trabalhos artesanais, tinha sido a grande mentora e principal responsável por esta realização.






 


Um ano passou entretanto e no mesmo Posto de Turismo, José Nunes de Almeida, natural da Cabreira, um amigo e também ele sócio da União Progressiva, apresenta-nos agora os seus trabalhos numa bela e extraordinária colectânea de Esculturas em Ferro, uma exposição que estará patente ao público até ao final deste mês.


A Câmara Municipal de Góis continua a privilegiar a cultura e a divulgar os intérpretes locais nas suas diferentes vertentes.

Fotos dos Arquivos da UPFC
Fotos da C. M. Góis


Curiosidades


É sem dúvida interessante saber quantos habitamos na freguesia do Colmeal e qual o índice de alfabetização. Um inquérito feito durante o mês de Maio permite-nos apresentar aos nossos leitores alguns dados.

Vivem na freguesia do Colmeal 535 pessoas, incluindo crianças com menos de sete anos. Estão habitados 216 fogos.

As povoações com mais habitantes são: Colmeal com 102; Carvalhal com 101; Aldeia Velha com 65; Malhada com 55; Ádela com 44; Soito com 44 e Sobral com 32.

Nesta estatística apurámos que apenas 280 pessoas sabem ler. Um dado curioso foi a constatação de que o número de habitantes que ultrapassa os sessenta anos é de 217. Entre os 7 e os 20 anos temos 41 rapazes e 68 raparigas. Entre os 20 e os 40 temos apenas 51. 

Este último dado leva-nos à constatação de que o índice de potência laboral é muito reduzido.

Farei diligências para obter dados semelhantes dos Colmealenses emigrantes. Para já estima-se que o seu número ultrapassa os 1500.

Padre Pinto

in Boletim “O Colmeal” Nº 140 Junho-Julho 1977

O tecto da Igreja do Colmeal



Esta pintura no tecto da Igreja do Colmeal data de 1893 e representa a Anunciação. Foi uma das várias pinturas restauradas aquando das recentes obras e que todos pudemos apreciar aquando da reabertura da Igreja em 7 de Abril de 2013.

Foto de Artur da Fonte

09 janeiro 2014

Horácio Reis um HOMEM DA UNIÃO



Em Setembro de 2010 recebeu-nos na sua casa fronteira ao rio Tejo, onde passava a maior parte do tempo. Descansava, lia, e acompanhava as notícias do que acontecia pelo mundo. Aproveitámos então para passar em revista os muitos anos de uma amizade duradoura e o trabalho desenvolvido em prol da União Progressiva. Os tempos difíceis que a Colectividade enfrentou, a solidariedade entre os sócios para a obtenção de fundos, as festas na Casa das Beiras, os piqueniques nas antigas quintas de Carnide, a abertura da estrada serra abaixo para o Colmeal, a inauguração do Largo, etc. Recordámos também as idas às festas nas outras aldeias, os serões passados com os mais velhos e com os mais novos quando as famílias eram grandes.

Em Setembro de 2010 Horácio Reis doava à União uma parte muito importante da sua biblioteca, como aqui referimos neste espaço. Nasceu em Lisboa no dia 18 de Outubro de 1927 e desde muito cedo se dedicou à causa regionalista. Em Janeiro de 1948 foi eleito primeiro secretário da Assembleia-Geral, lugar que ocupou até Fevereiro de 1953. Quatro anos mais tarde passou a integrar a direcção liderada por Manuel Martins da Cruz e depois por José Henriques de Almeida ao mesmo tempo que activamente participava na Comissão de Festas e Assistência. Voltou à Assembleia Geral em Março de 1960 onde se manteve até Março de 1971, tendo intervalado em 1962 e em 1968 com novas passagens pela Direcção. Em Março de 1979 registamos a sua eleição para vice-presidente da Assembleia-Geral, órgão que passará a liderar nos dois anos seguintes.

A sua generosidade, a simpatia que irradiava e o entusiasmo que colocava nas suas acções eram contagiantes. Um exemplo que sempre recordaremos.
Tinha um coração grande. Um coração que hoje deixou de bater.
Horácio Nunes dos Reis deixou-nos.
É um dos últimos HOMENS DA UNIÃO.

Lisboa, 8 de Janeiro de 2014

A. Domingos Santos

04 janeiro 2014

Um novo quadro para o EspaçoArte



A nossa associada Josefina de Almeida ofereceu recentemente à União Progressiva da Freguesia do Colmeal um quadro seu, pintado a óleo e representando o rio Ceira no açude da Ponte, e que em breve poderá ser apreciado no EspaçoArte, no Centro Paroquial.

Josefina de Almeida é natural do Açor. Muito jovem partiu para Lisboa onde viria a exercer a sua actividade profissional. Simultaneamente foi investindo na sua formação através da leitura, frequentando cursos e acompanhando programas culturais de seu interesse. Cedo começou a escrever poesia, depois dedicou-se à arte do bordado matiz sobre linho e de há anos a esta parte expressa a sua deslumbrante criatividade através da pintura, sendo de 2004 a sua primeira exposição.

Josefina de Almeida já em Maio de 2008 havia oferecido à União Progressiva um outro quadro seu representando o pontão na Cortada.

O EspaçoArte foi uma ideia lançada por ocasião da inauguração da Biblioteca da União em 10 de Dezembro de 2006 e hoje tem em exposição várias obras de autoria de associados e também de outros autores. Um espaço a visitar.


Foto de A. Domingos Santos

BODO NO COLMEAL


Para todos os sócios e amigos que queiram estar presentes no Bodo no Colmeal passamos a transcrever uma nota da Direcção da Comissão de Melhoramentos de Malhada e Casais, veiculada através das redes sociais:

 “Informamos que haverá autocarros disponíveis, assim haja interessados que nos contactem até ao próximo dia 10 de JANEIRO.

PROGRAMA PREVISTO: Saída de Lisboa SÁBADO 18 de Janeiro em direcção à Malhada. Domingo Missa no Colmeal às 9h30 seguido da distribuição do BODO por todos os presentes. O Regresso a Lisboa será durante a tarde de dia 19 DOMINGO.

CASO NÃO HAJA UM NUMERO MÍNIMO DE INTERESSADOS ATÉ AO DIA 10 DE JANEIRO, A EXCURSÃO NÃO SE REALIZA.

Relembramos que a Missa é no Domingo dia 19 de Janeiro 2014 na renovada Igreja do Colmeal, e logo de seguida haverá procissão e a distribuição do BODO.


A Direcção da Comissão de Melhoramentos de Malhada e Casais.”

E o fim-de-semana terminou assim


Na véspera tínhamos apreciado as belezas da serra da Lousã, atravessado a Mata da Margaraça, contemplado a espectacular Fraga da Pena, a maravilha que é a aldeia do Piódão e a sua envolvente, Arganil já de noite mas também bela e muito naturalmente, apreciado a gastronomia da nossa região. No domingo de manhã a alvorada foi cedo pois Góis esperava-nos e logo a seguir, o Soito, uma aldeia preservada e o seu núcleo museológico estavam no nosso caminho. Mas de tudo isso já vos demos conta aqui neste espaço. Hoje vamos apenas recordar a parte final deste fim-de-semana que muitos repetiram e que para alguns foi apenas a “primeira vez”.



A paragem na zona balnear da Ponte foi obrigatória não só para as fotografias do nosso “ex-libris” mas também para a foto de grupo, para mais tarde recordar. Por vezes é difícil controlar o tempo de passagem ou o tempo de paragem, porque há sempre um pormenor que a máquina ainda não captou ou que os olhos não querem deixar de contemplar tal é a beleza envolvente que nos deixa extasiados. E a nossa região é fértil nesses quadros, dignos de figurar na tela dos melhores pintores.






O Colmeal tem desde Abril deste ano uma Igreja renovada, reconstruida, melhorada interior e exteriormente, que deve ser vista e apreciada por todos os que nos visitam. E os nossos amigos não deixaram de se maravilhar com esta “nova” igreja que a todos os Colmealenses orgulha e que agora é mais um polo de atracção.






Artur Domingos da Fonte era um “Comando” visivelmente feliz por ter na sua terra os seus camaradas de armas e os seus familiares. Fez questão de os obsequiar com um aperitivo para abrir o apetite para o almoço que já tardava, mas a grande prenda que tinha para o grupo, era mostrar a sua colecção de miniaturas, que todos apreciaram com muita atenção e entusiasmo perante trabalhos tão meticulosos e tão perfeitos.







No Parque de Merendas das Seladas passaram-se momentos agradáveis e de são convívio. O almoço estava esplêndido. Uma ementa de luxo – sopa serrana, trutas de escabeche e javali, para além das várias sobremesas que só as senhoras do Colmeal sabem fazer e que, como sempre, estavam deliciosas.













Trocaram-se prendas por entre breves intervenções onde a alegria e a boa disposição sempre estiveram presentes. Destacamos os livros “Memorial da União” que recorda e presta homenagem aos homens e mulheres que integraram a colectividade e “DOS OBJECTOS PARA AS PESSOAS” que a sua autora, Lisete de Matos, fez questão de nos oferecer para os visitantes. Um diploma alusivo ao fim-de-semana e ainda um frasco de mel da região foram entregues aos participantes.



Para finalizar e porque o seu trabalho é merecedor dos maiores elogios, uma palavra de grande apreço para a equipa que tornou possível este maravilhoso convívio. Sem eles, sem a sua inestimável disponibilidade e vontade de bem receber nada disto seria possível. E por isso, no final, ouvíamos muitos dizer “para o ano cá estaremos”.
E os nossos braços estarão sempre abertos para os receber. Voltem sempre!

UPFC


Fotos de A. Domingos Santos e Carrilho Dias 
    

A União marcou presença




Foi na Casa do Concelho da Pampilhosa da Serra, ali às Escolas Gerais, encastoada no meio de Alfama, o bairro típico lisboeta que na primeira metade do século passado acolhia mais de 30% de população oriunda daquele concelho, que no passado dia 20 de Novembro foi apresentado o livro “O Apostolado Cívico pela Escrita” que pretende comemorar os 150 anos do nascimento de José Maria Alves Caetano.

José Ferreira, presidente da Casa, não escondia o seu contentamento por ali se estar a proceder à apresentação de um livro, reunindo uma colectânea de artigos da autoria de um homem que também esteve ligado ao nascimento daquela casa concelhia. Também José Brito, presidente da Câmara Municipal da Pampilhosa da Serra, se referiu em termos elogiosos ao trabalho desenvolvido por Alves Caetano, que sempre dedicou a sua vida a lutar pelo desenvolvimento e pelo bem-estar da região que o viu nascer. José Almeida Serra fez a apresentação dos autores da obra, António Alves Caetano e Miguel Caetano, filho e neto do autor dos textos escolhidos para o livro, e realçou o interesse que este tem para que nos tempos de hoje se fiquem a conhecer as vivências da primeira metade do século passado.

António Alves Caetano a terminar as intervenções, recordou o passado nem sempre fácil de seu pai, que deixou a aldeia que o viu nascer quando apenas tinha 15 anos de idade e deu conhecimento das motivações que o levaram a preparar e a produzir esta obra, que começou a germinar quinze anos antes, para que a sua aparição se desse nesta data em que se comemoram os 150 anos do nascimento do seu progenitor.

Como se pode ler na contra capa do livro e como nós já tivemos oportunidade de referir mais detalhadamente neste blogue, José Maria Alves Caetano “Foi o grande impulsionador do Associativismo Regional, mobilizador das vontades, tanto das populações locais como nos núcleos de emigrados, principalmente de Lisboa”. 

A União Progressiva esteve presente na apresentação deste livro, que brevemente estará á sua disposição na Biblioteca no Colmeal.


Foto de A. Domingos Santos

Estrada do Colmeal


Leves considerações sobre a falta da acção municipal

   Está de parabéns a freguesia do Colmeal devido à sua briosa e prestante «União Progressiva». Vai, finalmente, ter uma estrada de ligação com a estrada de Coimbra a Castelo Branco, vendo assim realizada a sua velha aspiração.
   Grandes e muito apreciáveis têm sido os benefícios realizados pela «União Progressiva», justificando louvavelmente a razão do seu título.
   Desde que conhecemos o povo do Colmeal, e há mais de 50 anos, ouvíamos clamar pela estrada e por um chafariz. Teve o Colmeal, um influente político, pelo menos “eleiçoeiro”, mas nunca se viu um melhoramento público de valor, porque mais se cuidava do interesse pessoal.
   Felizmente as coisas modificaram-se, o povo olhou para si e viu quanto valia, se se unisse e ei-lo no bom e criterioso caminho. Colmeal não quis ficar indiferente, e os seus filhos, numa compreensão inteligente, fundaram a sua comissão de melhoramentos a que deram o título feliz e sugestivo de União Progressiva da Freguesia do Colmeal.
   Honrado o título, reuniram-se, e de tal modo têm sabido actuar que grandes e valorosos são já os benefícios públicos realizados no Colmeal e em diversas povoações da freguesia.
   O Colmeal foi dotado com um belo chafariz e um marco fontanário, com água abundante de boa qualidade e em condições higiénicas, para só citarmos o melhoramento de maior importância, tão grande e de tão reconhecida utilidade, que, só por si, honraria a «União Progressiva».
   Agora, porém, outro melhoramento de grande vulto está já em activo andamento; a estrada do Rolão ao Colmeal, em grande parte já estudada e dotada com uma apreciável verba: 49.618$00.
   Claro está que, tal estrada, não será apenas um ramal de ligação do Colmeal à estrada Nacional 40-2ª. Isso seria muito pouco e não é esse, decerto, o desejo da freguesia do Colmeal.
   Em tempo dizia-nos um patrício que muito se tem interessado pelos melhoramentos da sua terra, ou melhor, muito tem pugnado pelos melhoramentos dos pobres povos que a eles têm incontestável direito, que as Câmaras Municipais estavam descurando um assunto muito importante, do qual, desprezado como estava sendo, podia resultar a ruína das sedes dos concelhos. É uma verdade incontestável.
   A vila de Góis, depois de ligadas as freguesias do Cadafaz e Colmeal com a estrada Nacional 40-2ª, fica privada, comercialmente, da freguesia dos povos das freguesias da serra, os quais só irão à sede do seu concelho para pagamento de contribuições e impostos. Na freguesia de Alvares, como muito bem nos dizia um nosso conterrâneo, nascem e morrem algumas criaturas, embora com idade avançada, sem conhecerem a sede do seu concelho. No entanto, conhecem perfeitamente Lousã, Pedrógão Grande e Coimbra, devido a terem com essas vilas e cidade mais fácil meio de comunicação.
   Não devia Góis ter deixado de insistir pela construção da estrada de ligação directa com as freguesias do Cadafaz e Colmeal, tendo procurado atrair a si, para tão importante e útil melhoramento, as colectividades organizadas para melhoramentos dessas freguesias, cuja importância não era para desprezar.
   Quer-nos parecer que, conjugados os esforços das Comissões de Melhoramentos, com os da Câmara Municipal e o auxílio do Estado, a estrada de Góis a Cebola, de que tanto se falou mas faltou que a iniciativa partisse de onde devia partir, teria sido levada até onde fosse possível, embora para isso fosse necessário dar-lhe uma nova feição e finalidade.
   Se se tivesse pensado a sério na utilidade da ligação das freguesias à sede do concelho, ter-se-iam reunido todos os recursos e boas vontades para esse fim, e as freguesias não se teriam disposto à acção isolada, ficando do mesmo modo sem facilidade de comunicação com a sede do concelho e da comarca.
   O Colmeal, enquanto lhe não for possível prolongar a sua estrada até ligar a Celavisa, fica do mesmo modo a lutar com dificuldade para obter um socorro urgente, para transportar um sinistrado ou doente em estado grave ao hospital mais próximo. Continua a transitar por veredas, quase intransitáveis, para ir às sedes do concelho e da comarca.
   Quando um dia, atentas as dificuldades de continuar a construção da estrada de Góis ao Colmeal, seguindo a margem do rio, alvitrámos a construção de uma estrada, partindo da Portela da Cerdeira para as freguesias do Cadafaz e Colmeal, levantou-se grande alarido, porque queríamos assim matar a vila de Góis, afastando dela os elementos de vida comercial. A estrada havia de fazer-se, mas partiria da vila como era natural e de justiça.
   Achámos muito bem, e pena, temos, que tão justa indignação se ficasse apenas numa manifestação platónica de palavreado.
   A Liga de Melhoramentos da Freguesia do Cadafaz viu-se na necessidade de lançar mão do recurso por nós alvitrado e não tardará a gozar o benefício da sua acertada resolução.
   Agora mesmo acabámos de ter a agradável notícia de estar já feito o estudo até CôrteRedor. E o nosso amigo, sabendo quanto nos satisfazem tais notícias, acrescenta:
   Estamos a pensar no prosseguimento para a Cabreira e Sandinha, e também numa Casa do Povo com posto médico, um grande salão e uma divisão privativa com secretária e estante para arquivo de cada um dos seguintes serviços: Junta, Regedoria, Juízo de Paz, Registo Civil, etc. Pensámos noutro posto médico com torre de relógio para Cabreira, cujo projecto desencantei em Coimbra, e no telefone para o Cadafaz que, senão nos enganarem, deve ser montado este ano.
   Muito nos satisfazem tão agradáveis notícias que nos denunciam vitalidade e acção de um povo, que trabalha e vai até ao sacrifício para obter um mínimo de comodidades exigidas pelo progresso, engrandecendo a sua terra e colocando-a a par da civilização social.
   Os povos do Colmeal e Cadafaz são dignos da nossa maior admiração pela forma como estão trabalhando em benefício do bem comum, agindo conforme lhes é indicado pelos seus inteligentes e dedicadíssimos orientadores, reconhecendo quanto esses trabalham e a energia que despendem em benefício das suas terras.
   Muitas vezes temos dito e repetimos: Haja união em torno das boas vontades e obteremos o que desejamos.

ALVES CAETANO
in A Gazeta das Serras, nº 88, 20 de Abril de 1939
O Apostolado Cívico pela Escrita, pág. 464 e 465, Lisboa 2013