29 fevereiro 2012

ENCONTRO DE TUNAS ACADÉMICAS na Casa do Concelho de Gois


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Há um século era assim


O Colmeal em 1908 tinha 106 fogos; Rossaio, 4; Carvalhal, 66; Safredo, 1; Aldeia Velha, 27; Coiços, 1; Loural, 3; Soito, 51; Malhada, 48; Foz da Cova, 4; Vergadinha, 1; Belide, 4; Carrimá, 7; Açor, 7; Ádela, 48; Sobral, 24; Eiras do Bispo, 1; Val d’Égua, 2; Val de Asna, 2; Salgado, 3 e Saião, 3.

E hoje?

in Boletim “O Colmeal” Nº 4, de 15 de Maio de 1960
Arquivos da UPFC

28 fevereiro 2012

GÓIS - um concelho a visitar








Ponte Joanina, Praia Fluvial da Peneda e Igreja Matriz são três das mais importantes referências na vila de Góis, sede de concelho. A Ponte da Cabreira (freguesia de Cadafaz), a Ribeira do Sinhel (freguesia de Alvares) e o Cerro da Candosa (freguesia de Vila Nova do Ceira) são “postais” que deixarão qualquer viajante maravilhado quando apreciados in loco.

A freguesia do Colmeal tem vindo a ser divulgada no álbum deste blogue “VIAJANDO PELA FREGUESIA” pelo que sugerimos e aconselhamos a sua visita.

Postais de Serra do Açor

Trio de foliões



Recentemente foram colocadas no nosso/vosso álbum de recordações algumas fotografias a que demos o título de “Novinhos em folha (1) ”.
Aqui vos damos conta de uma primeira e muito simpática reacção de um, neste caso de uma, das “premiadas” com esta pequena brincadeira. E acertámos em cheio. Fomos apanhá-la (ela é que se deixou apanhar) numa fotografia ternurenta e sorridente com os seus pais. Carnaval com ou sem tolerância, mas com a indispensável boa disposição.
José Braz, Gracinda Henriques de Almeida Braz e a filha Aurora Henriques Braz confirmam-nos, uma vez mais, nesta fotografia, com os adornos próprios da ocasião, que são um trio divertido e simpático.

A “visada” Aurora enviou-nos um comentário a acompanhar a fotografia que aqui inserimos e que contrapõe ao nosso “… AINDA QUE ESTEJAM UM POUCO AMADURECIDOS” o seguinte comentário “OLHE QUE NÃO. Bondade sua. Na parte que me toca “AMADURECIDOS” só mesmo na idade.
Abraço de Aurora Henriques Braz e seus pais”

Vamos aguardar que outros “novinhos em folha” se acusem e que participem connosco nesta brincadeira que pretendemos salutar e sem maldade.

Comissão de Melhoramentos do Soito contra a possível extinção da Freguesia do Colmeal (Góis)


Na sequência das intenções expressas no chamado “livro verde da reforma da administração local”, o Governo vem agora, através de um projeto de Lei, ainda em versão de trabalho, dar expressão mais concreta aos contornos desta reforma, que exige níveis mínimos de extinção de Freguesias, remetendo a “odiosa” decisão, para responsabilidade das Assembleias Municipais, mediante consulta ou sob proposta das Câmaras Municipais.

Este projeto de diploma parte da classificação dos Municípios nos níveis 1, 2 e 3, por ordem decrescente do elemento demográfico, estabelecendo níveis mínimos de habitantes para as novas freguesias que venham a ser criadas. Neste contexto, o Concelho de Góis, cuja densidade populacional é inferior a 100 habitantes por km, integra o nível 3 (vd. alínea c) do nº 2 do art.º 4).

Na interpretação que fazemos quanto aos parâmetros de agregação de freguesias aplicados ao nosso Concelho (vd. art.º 5º) e, tendo em conta que a única área urbana[1] existente é a da Vila de Góis, que apenas conta com uma freguesia, então o Concelho de Góis não poderá extinguir qualquer das freguesias urbanas, devendo, contudo, extinguir por agregação 25% das 4 Freguesias que não integram o mesmo lugar urbano, o que significa a extinção de 1 Freguesia.

Ora, não se verificando a existência, no Concelho de Góis, de qualquer freguesia com menos de 150 habitantes, segundo os censos de 2011, o que implicaria a respetiva extinção automática (vd. nº 3 do art.º 5º), então a decisão quanto à freguesia a extinguir caberá à Assembleia Municipal.

É ainda se salientar que segundo o referido projeto de diploma, a deliberação de não promoção da integração de freguesias, por parte das Assembleias Municipais, é equiparada a não pronúncia, cabendo então a decisão a uma Comissão Técnica, em que o poder político central e também a maioria política que suporta o Governo é dominante, sendo que, em tais casos, a agregação efetuada de “forma coerciva” terá uma penalização financeira de 15%, por comparação com as freguesias que forem agregadas por pronúncia favorável das referidas Assembleias.

De referir que, em nossa opinião, este projeto de diploma é em muitas vertentes mais gravoso do que os princípios constantes do citado livro verde, uma vez que obriga à extinção de determinadas percentagens das Freguesias existentes, sem ter em conta as realidades específicas de cada Concelho, nomeadamente a dimensão e a orografia do seu território, as vias de comunicação existentes, a cobertura dos transportes públicos, ou mesmo a autonomia financeira das freguesias envolvidas.

Perante a evidência demonstrada e considerando que não se vislumbra qualquer tendência para a fusão voluntária de Municípios, permitida e incentivada nos termos do art.º 14º do referido projeto de diploma, serão de encarar as seguintes opções:

 A mitigação desta realidade através de acordos com os municípios vizinhos, para efeitos de transferência entre si de partes ou da totalidade dos territórios das atuais freguesias, o que poderia ser feito, entre outros, com os Concelhos de Arganil e da Pampilhosa da Serra.

 A manutenção do atual território do Concelho de Góis, mas agora agregado em apenas 4 freguesias, o que significa de imediato a agregação de 2 das atuais freguesias, numa única.

Situando-nos agora na segunda opção, porque não temos notícia de que exista vontade política para concretizar a primeira, entendemos que a decisão da Assembleia Municipal não poderá deixar de ter em conta os seguintes fatores:

 Não se verificando as condições para a agregação de qualquer freguesia na única área urbana existente (freguesia de Góis), esta junta pode ser objeto de agregação com uma das freguesias contíguas (vd. nº 3 do art.º 6º);

 A verificar-se o referido no item anterior, a sede da freguesia resultante da agregação poderia, facilmente, situar-se fora da referida zona urbana, uma vez que os serviços de proximidade à população da referida área urbana podem perfeitamente ser disponibilizados nas instalações do Município.

As juntas de Freguesia são entes públicos que prestam serviços de proximidade e que por isso deverão estar instaladas o mais próximo possível dos cidadãos residentes, bem como dos restantes que necessitem de utilizar os respetivos serviços.

Face ao exposto, defendemos, obviamente a manutenção de todas as atuais freguesias do Concelho de Góis e esperamos que o Governo em diálogo com os restantes partidos com assento no Parlamento encontre uma solução que não prejudique, ainda mais, as zonas rurais que têm sido as vítimas das políticas centralizadoras das últimas décadas, às quais muito se deve a crescente (e muitas vezes quase total), desertificação humana do interior do país.

Porém, a manter-se o cenário de extinção de uma das atuais freguesias do Concelho de Góis, rejeitamos integralmente que esse ónus recaia sobre a Freguesia do Colmeal, entre outros pelos seguintes motivos:

 A distância que a separa da sede do Concelho, que em determinadas aldeias é de cerca de 30 Km, acompanhada dos difíceis acessos, da ausência de uma rede de transportes públicos regular, situação agravada pelo facto de a população ser maioritariamente idosa e com fracos recursos económicos;

 O facto do Colmeal (sede da freguesia), assumir uma acentuada centralidade em relação às aldeias que integram a freguesia, podendo eventualmente vir a integrar algumas aldeias que atualmente pertencem a outras freguesias, mas com maior proximidade desta;

 Ser uma freguesia com um vasto território (cerca de 36,61 Km2), sendo a terceira maior das 5 freguesias de Góis e ter um elevado índice de autonomia financeira, uma vez que relativamente ao ano de 2010 as receitas próprias (venda de produtos florestais e receitas das eólicas), eram de 57,89% das receitas globais, podendo estas receitas serem incrementadas pela implementação de novos parques eólicos e/ou expansão dos atuais, uma vez que a respetiva Junta assume a gestão dos baldios por delegação de competências da Assembleia de Compartes;

 Esta Freguesia, para além da forte ligação com a comunidade da diáspora que a visita com frequência e que na maioria dos casos ali mantém segunda habitação, ser cada vez mais procurada por gentes de outros pontos do país e de outras partes do mundo, para efeitos de primeira e segunda habitação, tendo nos 2 últimos anos verificado o acréscimo da população jovem residente;

 Ter efetuado, recentemente investimentos significativos nas suas instalações e equipamentos, por forma a prestar os serviços necessários à comunidade que serve, incluindo a ocupação de várias pessoas recrutadas através do respetivo Centro de Emprego, que vão mantendo várias estruturas importantes para o meio rural e ajudam a manter vida nas nossas aldeias;

 Integrar investimentos importantes na vertente turística e de preservação do património, incluindo o projecto turístico “Loural Village”, em fase de implementação, a praia fluvial da Ponte, o Espaço Museológico do Soito e a possível integração da aldeia do Soito na rede das aldeias do Xisto, a recuperação da igreja Paroquial do Colmeal e muitas outras iniciativas de interesse relevante;

 Possuir ao nível de cada aldeia, associações (Comissões de melhoramentos, Ligas de amigos e Associações de desenvolvimento) que tem demonstrado um papel muito ativo no seu desenvolvimento e dinamização cultural, as quais trabalham em estreita colaboração com as autarquias locais e muito especialmente com a sua Junta de Freguesia.

Para terminar, devemos referir que não somos aversos à mudança e que compreendemos a necessidade de alguns ajustamentos à organização do poder local, os quais deverão ser feitos sobretudo numa perspetiva da melhoria dos serviços prestados às populações, sem esquecer, obviamente o binómio custo / benefício e o excesso de freguesias existentes em muitas zonas urbanas do país. Porém, esta abordagem não poderá de forma alguma ser centrada de forma exclusiva nas freguesias e muito menos nas freguesias rurais, dado que estas últimas se assumem como pilares fundamentais da manutenção de vida nas nossas aldeias e da manutenção das paisagens rurais.

Não podemos conceber um país com a população concentrada numa pequena faixa litoral e com o interior desertificado e quando falamos em interior, a freguesia do Colmeal é, como costumamos dizer, o interior do interior, por isso nos opomos a qualquer solução que consista na extinção desta freguesia, cuja origem remonta a 1560 e que, para além do que já foi dito, goza de forte identidade e tem um orçamento suportado maioritariamente em receitas próprias, cujo montante pode ainda ser significativamente incrementado, não tendo por isso qualquer responsabilidade no desequilíbrio das contas públicas nacionais.

A Direção.

[1] Lugar com população igual ou superior a 2.000 habitantes (vd. Nº a do artº 5º deste projeto de diploma).

24 fevereiro 2012

Inverno primaveril



Até podemos dizer que “no meu tempo não era assim”… mas agora as condições climatéricas são outras, fruto da modernidade. Com a falta de um GPS talvez a chuva se tenha enganado na estação…

Foto de A. Domingos Santos

Sou desse tempo…


Ao ler na Revista do Semanário Expresso, de 18 de Fevereiro, este artigo de Clara Ferreira Alves, que transcrevo quase na sua totalidade, não pude deixar de me transportar aos meus anos de menino e moço, quando no meu bairro também havia uma taberna, uma capelista, …

“No bairro, havia uma taberna que servia de carvoaria, uma capelista, uma mercearia, um lugar de frutas e legumes, uma leitaria, uma padaria, e uma oficina de mecânica com soldadura. Na taberna comprava-se vinho de adega cooperativa. Levava-se a garrafa a encher. O vinho era tirado dos barris de madeira encostados às paredes de mármore rosado. Usava-se um funil de metal. Copos e garrafas de vidro. O balcão era de pedra, limpo com um trapo molhado. O chão era varrido com vassoura de vimes.
No inverno, comprava-se carvão em brasa, para aquecer as braseiras das camilhas. Algumas camilhas eram de croché, feito com agulhas de metal por donas de casa que nunca estavam sem fazer nada. Faziam-se colchas, napperons, toalhas, guardanapos enfeitados. Fazia-se tricô. O tricô era de camisolas e cachecóis para o frio. No Natal, faziam-se bainhas em fraldas de pano para os pobres da igreja. Ou botinhas e casaquinhos de bebé. Nas escolas, as raparigas tinham a obrigatoriedade anual destes trabalhos chamados manuais. Os rapazes tinham desporto. Os mais pobres jogavam futebol com uma bola de trapos. Na capelista, compravam-se linhas, agulhas, botões e coisas de costura. Havia muitas mulheres que tinham uma máquina de costura – Singer - e faziam o vestuário da família. Ou ia-se à modista com os figurinos da “Burda” e a modista executava, depois de duas provas e várias alfinetadas. Ia-se ao alfaiate. As roupas eram de lã, algodão, flanela, ou materiais sintéticos duráveis como o nylon ou o terylene. As meninas usavam organdi e as senhoras chiffon. Como diz o poema de Assis Pacheco: chamavas-te Nini, vestias de organdi…
As lojas de pronto a vestir eram raras e estavam na Baixa. Em Lisboa, ir ver as montras, visitar os Grandes Armazéns do Grandella e tomar chá na Pastelaria Suíça ou na Ferrari era um divertimento mensal. No verão comia-se um gelado na Veneziana. Ia-se jantar ou almoçar fora por ocasião festiva. Os aniversários significavam dias na cozinha, porque tudo era caseiro, os pastéis, os bolos, e o bolo de anos, uma confecção de açúcar e claras de ovo com confeitos prateados. A família conversava horas a fio. Escreviam-se cartas.
Os ovos dos bolos vinham das galinhas da quinta. Nos quintais, havia gente que criava galinhas em capoeira, para ter o ovo diário, e plantava couves de repolho. As capoeiras cheiravam mal no calor. O que não se trazia “da terra”, fruta, batatas, carne da matança do porco para os que tinham família fora das cidades, era comprado na mercearia e no lugar de frutas e legumes, onde os produtos eram do dia. Na mercearia compravam-se secos e molhados e os merceeiros penduravam à porta rabos de bacalhau com salitre que empestavam o ar. O grão e o feijão estavam em sacos de serapilheira. Tudo era pesado na balança e os mais pobres compravam fiado. Compravam açúcar a prestações, farinha a prestações. Pagavam no final do mês, quando se recebia o ordenado.
Na leitaria, comprava-se leite e iogurte em boiões de vidro, com depósito até à devolução. Na padaria compravam-se carcaças de maminha amassadas à mão e cozidas em forno de lenha. Também se compravam bolos de padaria, grossos, porque os finos, com creme, eram vendidos na pastelaria. Os éclairs. E os mil-folhas. Nos cafés havia estudantes e velhos que se sentavam às mesas a estudar e a ler uma manhã ou uma tarde. Uma bica, um bagaço. O jornal. Um livro. Alguns cafés tinham bilhares na sala dos fundos, um aquário de silêncio e concentração. Fumo, giz riscado, a dança dos jogadores.
Não havia televisões. Nem anúncios. Havia tempo. Fumavam-se cigarros enrolados ou cachimbo. Ao contrário das tabernas, com os bêbados, nos cafés respirava-se elegância. Tertúlia. Ouvia-se na rua o gemido dos eléctricos ou os autocarros da Carris a resfolegarem. Telefonava-se de cabinas telefónicas inglesas, como os autocarros.
Na oficina consertava-se tudo. Nada se deitava fora. Varinhas de chapéus de chuva, fogões, utensílios. Frigoríficos, transístores. Coisas eléctricas. No sapateiro punham-se meias-solas. Havia um par de sapatos de verão e outro de inverno. Um casaco de verão e outro de inverno. Os alunos usavam uniformes para não estragarem a roupa. Dava-se esmola e ajudava-se o próximo.
Era assim… “

Tenho a certeza que aqueles que moraram na Mouraria, na Graça, nas Escolas Gerais, em Alfama ou na Madragoa, bairros antigos desta cidade de Lisboa que acolheu muitos dos nossos conterrâneos, todos eles ainda terão nas suas memórias o que Clara Ferreira Alves aqui nos recordou.

A. Domingos Santos

Maioria parlamentar rejeitou petições contra extinção das freguesias



A maioria parlamentar rejeitou hoje três petições que pediam aos deputados que se manifestassem contra a extinção de freguesias e a redução do número dos trabalhadores nestas autarquias, duas medidas inscritas no memorando de entendimento assinado com a ‘troika‘.

As petições com mais de quatro mil assinaturas têm por lei de ser discutidas pelo plenário de deputados, mas não são votadas.

PSD e CDS-PP, que suportam o Governo defenderam a reforma administrativa que pretende extinguir mais de mil freguesias e a redução de 2% por ano do número de trabalhadores da administração local, enquanto que Os Verdes, PCP e Bloco de Esquerda se manifestaram frontalmente contra.

José Luís Ferreira, de Os Verdes, salientou que a redução dos trabalhadores vai “contribuir assustadoramente para aumentar o caudal de desempregados” em locais onde muitas vezes as autarquias são os principais empregadores.

Os Verdes realçaram ainda que “as autarquias não contribuíram para a situação em que país se encontra”, tiveram ‘superavit’ no ano passado, recebem menos de 10% do Orçamento do Estado e asseguram metade do investimento público do país.

Luís Fazenda, do BE, considerou que este processo “tem sido uma trapalhada do Governo que os portugueses têm seguido com dificuldade”, não passando de “um exercício abstrato e cego para reduzir administrativamente as freguesias para ‘troika’ ver”.

Para a deputada Paula Santos, do PCP, o Governo “quer é subverter o poder local democrático” com um conjunto de reformas que “são um ajuste de contas com a revolução de Abril e as suas conquistas”.

Já o socialista Pedro Farmhouse criticou uma reforma centrada “em critérios numéricos que prejudicam as freguesias e os eleitos de freguesia” e afirmou que o PS entende “existirem outras formas de cumprir o memorando de entendimento”.

“Para o PS dever-se-ia ter começado pela revisão da lei eleitoral autárquica”, afirmou.

Pelo CDS, Altino Bessa lembrou aos socialistas que foram eles a comprometerem-se com a redução do número de autarquias e com a diminuição de trabalhadores.

“E mais uma vez assobiam para o ar e parece que não têm responsabilidades nesta matéria”, criticou.

Em defesa do projeto do Governo, pelo PSD, o deputado Mário Magalhães assegurou que todas as principais críticas da oposição não têm razão de ser, porque “estão garantidas” a manutenção da identidade, da história e da cultura, a proximidade aos cidadãos e a vontade das populações.

Mário Magalhães realçou que “esta reforma não visa a redução da despesa pública e sim libertar recursos, para com as mesmas verbas servir melhor as pessoas”, e referiu que está para breve a atribuição de competências às freguesias para “aumentar a sua capacidade de intervenção e acabar com a mendicidade em relação às câmaras municipais”.

O projeto de lei para a extinção de mais de mil das atuais 4260 freguesias será discutido na Assembleia da República no dia 01 de março.

in Diário as Beiras de 24/2/2012
Foto Gonçalo Manuel Martins

19 fevereiro 2012

Encontro de Tunas Académicas


A União Progressiva da Freguesia do Colmeal convida todos os seus sócios e amigos para o convívio que se vai realizar no dia 11 de Março, pelas 15 horas, na Casa do Concelho de Góis, em Lisboa.

Neste dia de festa vamos celebrar um Encontro de Tunas Académicas, um evento impulsionado pela nossa Comissão de Juventude do Colmeal que, desta forma, pretende ter um contacto mais próximo com a comunidade, ao mesmo tempo que faz chegar as maravilhas das aldeias que todos nós apreciamos a cada vez mais gente.
Por outro lado, este evento deseja também mostrar as letras e os sons das músicas tocadas por jovens que frequentam faculdades de Lisboa não só a quem gosta deste tipo de actuações mas, principalmente, a quem nunca assistiu a actuações de tunas académicas.

Assim, quem marcar presença neste evento poderá assistir aos concertos da Tuna Académica da Faculdade de Arquitectura de Lisboa e da Tuna Camoniana da Universidade Autónoma de Lisboa.

A entrada terá o custo simbólico de 2€.

Como a UPFC quer o melhor para todos e prolongar um pouco mais este convívio, após as actuações será servido um lanche.

A Direcção da União Progressiva está confiante no êxito desta iniciativa que a Comissão de Juventude está a organizar, mas para isso, é necessária a presença de todos os Colmealenses.
Se queremos que o Regionalismo continue, temos que apoiar os nossos jovens e eles já mostraram, mais do que uma vez, que estão disponíveis para manter de pé o espírito regionalista que tanto fez e continuará a fazer pelas nossas gentes e pelas nossas aldeias.

Eles e nós contamos consigo. Não fique em casa. Venha divertir-se um pouco.

A Direcção

OPTIMISMO



Da minha janela vejo o pensamento das flores,
A cor rosada num quadro p’ra pintar,
A Natureza de perfumes esculpida,
O amor de mãos dadas com a vida,
O sol, a lua, as estrelas, a terra e o mar…

Da minha janela vejo o horizonte colorido,
Terra fértil e um canteiro p’ro amor,
A luz que vem do alto irradiante,
Um perfil de sintonia a cada instante,
O universo inteiro numa flor…

Vejo o mundo que caminha alegremente,
Uma andorinha na chegada e na partida,
Da minha janela eu vejo tudo,
Porque eu tenho uma casa,
Com janelas para a vida.

Felisbela Fontes in Poiesis - Antologia de Poesia e Prosa Poética Portuguesa e Contemporânea – Volume XX, Editorial Minerva – Novembro de 2011


Felisbela Fontes nasceu em 1945, em Ádela, uma pequena aldeia da freguesia do Colmeal, concelho de Góis e distrito de Coimbra, onde viveu até aos vinte anos. Iniciou os primeiros estudos na sua terra e depois em Lisboa. Estudou algum tempo na República Federal Alemã onde viveu e trabalhou durante treze anos. Voltou para Portugal e foi funcionária do Ministério das Finanças, estando agora aposentada.

Sempre escreveu e guardou na “gaveta”. Em 2002 publicou BEIRA SERRA, MEU PORTUGAL ESCONDIDO, um livro de pesquisa sobre gentes, usos, costumes, e tradições da cultura dos povos da Beira Serra.


UM SONHO NA MADRUGADA é um livro de pesquisa pelo códice da génese humana, o despertar do homem desde as suas origens, a tomada de consciência, os sentimentos que foi adquirindo pelas várias etapas da sua existência, o uso que faz dos sentidos, actos e efeitos que as faculdades podem ou não controlar, conjunto de muitos e variados sentimentos que formam a mentalidade de todos os indivíduos, ao mesmo tempo que os diferencia e lhe norteia a conduta e a existência. Património sentimental que faz parte da condição humana em que as origens e as raízes são elementos base em todas as caminhadas existenciais, onde a lei da natureza está sempre presente como criadora e protectora zelando por todos os princípios fundamentais que ela própria instituiu.

Todos estes livros, oferta da autora, estão à sua disposição na Biblioteca da União, no Colmeal.

A. Domingos Santos

17 fevereiro 2012

Manifestação: Movimento apela a união contra a fusão de freguesias


O Movimento “Freguesias Sempre”, que resulta de contactos entre Juntas de Freguesias do Distrito de Coimbra, promove uma concentração no dia 3 de Março, às 15h00, na Praça 8 de Maio, contra a extinção e fusão de freguesias. O Movimento apela à participação da população.

Travar aquele que é considerado um “ataque sem precedentes às freguesias” é o objectivo da concentração.

A chamada Reforma Administrativa do Poder Local é, nota o Movimento, “uma perigosa tentativa de acabar com o Poder Local democrático”.

O Movimento critica ainda o facto de o Governo atirar agora a responsabilidade de extinção ou fusão de freguesias para “cima dos próprios autarcas”, oferecendo uma bonificação de 15 por cento nas transferências do Orçamento de Estado para 2013 para as freguesias que aceitarem ser extintas.

in Campeão das Províncias de 16/2/2012

16 fevereiro 2012

UNIÃO PROGRESSIVA EM GUIMARÃES


CAPITAL EUROPEIA DA CULTURA
19 e 20 de MAIO





A União Progressiva da Freguesia do Colmeal sempre atenta às manifestações culturais que se realizam no país tem o grato prazer de colocar à Vossa disposição um excelente programa de fim-de-semana, deveras aliciante e que, estamos convictos, merecerá a V/ melhor atenção.
Não deixe perder esta oportunidade de passar connosco dois dias extraordinários.

1º DIA: LISBOA- PORTO- GUIMARÃES 07H00 – Saída de Sete Rios (frente ao Jardim Zoológico) em direcção ao norte do país. Chegada ao Porto e almoço no Restaurante “Churrasqueira do Norte”, em Ermesinde. Pela tarde saímos em direcção ao centro da cidade onde realizaremos um tour panorâmico em que destacamos a Casa da Música, Igreja de São Francisco, Sé do Porto, Câmara Municipal, Av. Dos Aliados, Praça da Ribeira e a Ponte D. Luís. Depois, partimos para o Cais de Gaia onde iniciamos o Cruzeiro das Pontes. Após o cruzeiro faremos uma visita às caves do vinho do Porto, onde um guia nos explicará todo o processo de concepção, desde a fabricação até ao acondicionamento. Degustaremos o precioso néctar internacional do Vinho do Porto. Saída em direcção ao hotel das Taipas 3*** (Caldas das Taipas), chegada, check-in, jantar e alojamento.

2º DIA: GUIMARÃES- LISBOA Pequeno-almoço no hotel. De seguida partimos para Guimarães, a cidade berço da nacionalidade, começando a visita guiada pelo conjunto arquitectónico do Castelo, Igreja de São Miguel, Paço Ducal e Estátua de D. Afonso Henriques, com as respectivas visitas exteriores. Regresso ao hotel para o almoço. A seguir ao almoço, subida em autocarro até ao Monte da Penha. Descida em teleférico do Monte da Penha até Guimarães. Em hora a determinar inicia-se o trajecto de regresso a Lisboa.

Agradecemos o favor de proceder à sua inscrição o mais cedo possível porque apenas nos foram disponibilizados 50 lugares.

Condições: preço por pessoa em quarto duplo 105 €;
suplemento em quarto individual 35 €;
criança de 3 a 12 anos, 20% de desconto quando acompanhada de dois adultos;
criança até aos 2 anos, grátis, quando acompanhada de dois adultos.
O pagamento deverá ser de 50% com a inscrição e o restante até 30 de Abril.
Para maior comodidade poderá optar pela transferência (sem custos) via Multibanco para a conta da União no Banco BPI com o NIB 0010 0000 3254 3590 0015 4.

Para a sua inscrição ou esclarecimento de quaisquer dúvidas, contacte s.f.f. para:
Maria Lucília – 218122331 / 914815132 ou António Santos – 217153174 / 962372866

Venha connosco que não se vai arrepender.

A Direcção

14 fevereiro 2012

Freguesia do Colmeal - Reforma da Administração Local





No passado sábado, dia 11 de Fevereiro, as colectividades regionalistas da freguesia do Colmeal responderam afirmativamente ao convite formulado pelo seu Presidente da Junta e comparecerem na Casa do Concelho de Góis para, em conjunto, se analisar a proposta de Reforma da Administração Local.

Carlos da Conceição de Jesus, presidente da Junta de Freguesia do Colmeal, acompanhado de José Brás Victor, secretário da mesma Junta e de Manuel Martins dos Santos, deputado na Assembleia Municipal de Góis, antes de iniciar a sua intervenção, propôs um minuto de silêncio em memória de Manuel Simões Júnior, grande regionalista e que havia falecido na véspera.

Foi pelo senhor presidente da Junta de Freguesia feita uma apresentação dos pontos mais importantes e também dos que mais polémica e preocupações poderão causar e que constam do denominado Documento Verde da Reforma da Administração Local.

Analisada igualmente a proposta de lei, que se encontra ainda em versão de trabalho, mas que é considerada mais gravosa que o referido documento verde.

Os dirigentes presentes, que representavam todas as associações regionalistas da freguesia, nas suas várias intervenções foram esclarecendo algumas situações e manifestaram a sua enorme preocupação quanto ao desfecho de todo este processo.

A solidariedade colectiva existe e é evidente na firme defesa da manutenção da nossa freguesia. Não só pela acção das colectividades regionalistas, mas também pelo trabalho já desenvolvido e a desenvolver pela Junta de Freguesia e pela Assembleia de Freguesia do Colmeal.

A união dos Colmealenses é fundamental em todo este processo.

A. Domingos Santos

Fotos de Francisco Silva

Praia fluvial da Ponte





Não é candidata às 7 Maravilhas. Por enquanto. A nossa Junta de Freguesia tem-se empenhado em melhorar substancialmente as condições existentes. Balneários refeitos, casas de banho novas, acessos alargados e piso regularizado, mesas, bancos e um chafariz, entre outras benfeitorias, vêm dotando este espaço de infra estruturas muito necessárias a todos os que o procuram, especialmente durante os meses de Verão. Sabemos que o trabalho ainda não está acabado.

Fotos de A. Domingos Santos

12 fevereiro 2012

Manuel Simões Nunes



O Regionalismo ficou mais pobre com a partida de um grande HOMEM que dedicou a maior parte dos seus anos, e muitos em épocas difíceis, a pugnar pela melhoria de condições para as aldeias da freguesia do Colmeal e muito especialmente para a aldeia que o viu nascer. Um exemplo de tenacidade e perseverança para todos nós.

Filho de José Simões e de Trindade Nunes, Manuel Simões Nunes (Ádela 9/Out./1917 – Lisboa 10/Fev./2012) deixou-nos neste fim-de-semana frio de Fevereiro.

Foi dirigente da União Progressiva da Freguesia do Colmeal entre 9 de Março de 1969 e 27 de Dezembro de 1973 quando Armando Nunes dos Reis e António dos Santos Almeida (Fontes) lideravam os destinos da colectividade. Com Fernando Marques dos Santos regressa em 26 de Janeiro de 1975 como Vice-presidente, cargo que ocupa até 21 de Julho de 1976. Assume a presidência do Conselho Fiscal de 2 de Abril de 1977 a 31 de Março de 1979, com Fernando Marques Neves a liderar e ainda com ele, volta à Vice-presidência da Direcção de 31 de Março de 1979 a 28 de Março de 1981. Em anos mais recuados (Março de 1959/Março de 1960) integrara a Comissão de Festas e Assistência com outros nomes sonantes do nosso regionalismo, como foram Alfredo Pimenta Braz, António Ferreira Ramos, António de Olivença Martins, Fernando Henriques da Costa, Horácio Nunes dos Reis ou Manuel Henriques Machado, muitos dos quais já desaparecidos do nosso convívio.

A União Progressiva da Freguesia do Colmeal apresenta aos seus familiares e à Comissão de Melhoramentos de Ádela as mais sentidas condolências.

UPFC

Foto dos Arquivos da UPFC
Memorial da União

ASSEMBLEIA DE FREGUESIA DO COLMEAL - DOCUMENTO VERDE DA REFORMA DA ADMINISTRAÇÃO LOCAL/ ORGANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO


Na sua sessão extraordinária de dezanove de Novembro de dois mil e onze, a Assembleia de Freguesia do Colmeal deliberou, por unanimidade, a sua oposição à extinção da freguesia, que resultaria da aplicação da matriz de critérios de base para a organização territorial que consta do documento Verde da Reforma da Administração Local. Na presente sessão ordinária de dezoito de Dezembro de dois mil e onze, a Assembleia de Freguesia do Colmeal, reiterando que consideram inadequados a regiões e concelhos de montanha os referidos critérios quantitativos, delibera propor a continuidade da Freguesia, com base nos fundamentos que passa a enunciar, visando salvaguardar as especificidades locais e o reforço e melhoria dos serviços de proximidade de que as populações carecem.

1. Território

Conforme anexo do executivo da Junta de Freguesia, a mesma é constituída pela sede, Colmeal, mais dez povoações e os isolados, dispersando-se por 36,61 KM2 de terreno acidentado que o rio Ceira atravessa e embeleza. A distância entre a sede de freguesia e aquelas povoações varia entre 3 e 10 km, mas são distâncias que se agravam e estendem perante a tipologia e, por vezes, o estado da rede viária. Como um cidadão do público referia na sessão da Assembleia de dezanove de Novembro de dois mil e onze, “nos concelhos de montanha os quilómetros são mais compridos”. A extensão do território, as suas caraterísticas geográficas e topográficas e a dispersão do povoamento justificam bem a dedicação exclusiva de um executivo de Junta de Freguesia que zele pelos interesses das populações, e contribua, decisivamente, como tem feito ultimamente, para o ordenamento do território e para a gestão e potenciação dos recursos ambientais, paisagísticos, florestais e outros em que a freguesia é rica.

Uma vez que as populações não se deslocam linearmente sobre a montanha, no que se refere à distância entre a freguesia e a sede do concelho, Góis, não poderá deixar de ser tida em consideração a distância real, isto é, o número efectivo de quilómetros que separa o Colmeal de Góis (19 KM) e o tempo necessário para os percorrer (sensivelmente 0,30 h), pela estrada estreita e curvilínea que acompanha o curso do Ceira. A esta distância acrescem, ainda, as que separam a sede da freguesia das localidades que a integram, já que, por ausência de ligação directa entre a maior parte, a circulação se faz passando sempre pelo Colmeal.

Contrariamente ao que se tem verificado, a distância deverá agora beneficiar as populações de montanha e do interior, uma vez que já se encontram penalizadas de inúmeros outros pontos de vista, em que avultam as dificuldades qualitativas e quantitativas no acesso à saúde.

2. População

Mas são a população e as suas características sociodemográficas que mais justificam e exigem a continuidade da freguesia. Por um lado, porque o envelhecimento da população deve determinar uma maior proximidade e eficiência dos serviços de que carece, nomeadamente perante a indisponibilidade de transporte público, conforme referido no anexo, por outro, porque parte dessa população ainda aguarda o acesso a serviços há muito considerados essenciais. Saneamento básico, rede viária em condições de circulação aceitáveis ou acesso generalizado e de qualidade a telefone fixo e móvel, bem como à Internet, são apenas alguns direitos e serviços que uma Junta de Freguesia empenhada e competente poderá ajudar a tornar realidade para as populações que deles ainda não dispõem. Também a situação de crise social e económica que o país atravessa aconselha e exige um apoio mais próximo e consistente às populações. Aliás, quem nos garante que a referida crise não vai contribuir para o aumento da população, por retorno às origens ou fixação de outras?

De acordo com o censo de 2011, a população da freguesia é de 158 habitantes, total a que deve somar-se um número significativo de cidadãos que residem na freguesia praticamente em permanência, mas que optaram por se recensear na região de Lisboa, essencialmente por razões que se prendem, precisamente, com as condições de acesso à saúde. Persistindo o poder de atração de novas populações que a freguesia tem revelado, de acordo com a Junta de Freguesia, o número de habitantes é atualmente de 170.

No plano da população associado à habitação, uma outra realidade que importa ter em consideração é a população móvel que procura a freguesia nos fins de semana e férias, trazendo animação e consumo que contribuem para a dinamização dos tecidos sociais e para a sustentabilidade local, concelhia e regional. Sendo conhecida a forte ligação às origens dos naturais e oriundos da freguesia, que individualmente se manifesta no vai e vem frequente das famílias entre a cidade e as aldeias, a freguesia apresenta uma elevada taxa de segunda habitação, que tem vindo a ser reabilitada, contribuindo desse modo e através do pagamento de IMI e da contratação de água e luz para a economia local e para as receitas concelhias.

3. História e cultura

A freguesia do Colmeal data de 1560. Este facto não é de somenos importância, já que a longa vida da freguesia permitiu alicerçar uma identidade muito arreigada nas populações que nela vivem, ou que nela têm a sua origem.

Ao longo do tempo, contribuíram para a coesão da freguesia, internamente e na diáspora, o jornal paroquial “O Colmeal”, que se publicou durante décadas, e o fenómeno do regionalismo que constitui uma manifestação colectiva da ligação às origens, e se traduz numa forma de associativismo que visa promover o bem-estar nas aldeias, ao mesmo tempo que, antes, perseguia a afirmação identitária na cidade. Neste âmbito, a demonstrar a referida coesão comunitária e territorial, sublinha-se a emergência da União Progressiva da Freguesia do Colmeal em 1931 e o seu funcionamento desde então até hoje, primeiro actuando maioritariamente no domínio das infra-estruturas, hoje mais no domínio da animação, do convívio, do turismo cultural, do lazer e do desporto. Também dispõe de uma biblioteca dotada com um acervo significativo e relevante. A mesma funciona na sede de freguesia, em instalações da Fábrica da Igreja que se encontram cedidas à Caritas, o que aponta para o bom relacionamento interinstitucional local.

No que toca às restantes coletividades (Associação Amigos do Açor, Comissão de Melhoramentos de Ádela, Comissão de Melhoramentos da Malhada e Casais, Comissão de Melhoramentos do Soito, Grupo de Amigos do Sobral, Saião e Salgado, Liga de Amigos de Aldeia Velha e Casais, União e Progresso do Carvalhal) também elas continuam a desempenhar um papel de relevo no apoio e dinamização das suas comunidades.

Demonstra ainda a coesão identitária da freguesia o facto de as povoações, isoladamente ou por grupos, continuarem a revezar-se na oferta do Bodo, mantendo a tradição dessa celebração em honra de S. Sebastião, padroeiro da freguesia, desde tempos imemoriais.

Finalmente, não podendo ser exaustivos, sublinha-se a existência de um Núcleo museológico na aldeia do Soito, havendo condições para a criação de mais em outras localidades e do Ranho Folclórico Serra do Ceira, que foi criado em 1977 por iniciativa do pároco local e retomou recentemente a sua actividade com muito mérito e procura.

4. Potencialidades de desenvolvimento económico

Sobre as potencialidades de desenvolvimento económico da freguesia do Colmeal fala o facto de as receitas próprias da freguesia, essencialmente provenientes de parques eólicos e da venda de material lenhoso, representarem cerca de 58% da execução orçamental em 2010, de acordo com o anexo.

Em termos de potencialidades de desenvolvimento e de recursos endógenos que podem contribuir para a sustentabilidade da freguesia, destacam-se as condições para a instalação de parques eólicos, a floresta e, muito especialmente aquela de que a Junta de Freguesia é proprietária e os baldios, os recursos cinegéticos, caprinícolas, apícolas e piscícolas, o rio Ceira cujo potencial de lazer e desportivo tem vindo a ser potenciado. Sem prejuízo de outros, salientam-se ainda os recursos ambientais e paisagísticos e o património edificado - designadamente a construção antiga em xisto -, etnográfico e antropológico que podem ver-se um pouco por toda a parte, configurando a freguesia como um ecomuseu que bem pode servir o turismo de natureza e cultural ou a investigação sobre as gentes e modos de vida serranos.

A vocação turística da freguesia é assinalável. Para já, demonstram essa evidência a integração da aldeia de Soito na Rede das Aldeias do Xisto, o empreendimento turístico Loural Village e a procura de que o rio Ceira tem vindo a ser objeto para a prática de desportos fluviais. Com vista ao desenvolvimento turístico, é imprescindível o trabalho de criação de condições ambientais e infra-estruturais que a Junta de Freguesia tem vindo a assegurar. A requalificação das praias fluviais é disso um bom exemplo.

Para mais informação sobre a freguesia poderão ser consultados o blogue da União Progressiva da Freguesia do Colmeal http://upfc-colmeal-gois.blogspot.com/, que remete para os sítios de outras localidades, e bibliografia como “Gente da Serra: Modos de Vida entre a Cidade e a Aldeia” ou “Dos Objectos para as pessoas”.

5. Esta proposta foi aprovada por unanimidade, bem como a decisão de a enviar às instâncias competentes.

Junta de Freguesia do Colmeal - Realidades


Fundação da Freguesia

O Colmeal pertenceu durante muitos anos à Comarca de Coimbra. Em 1560 esta pequena povoação mereceu do então Bispo de Coimbra D. João Soares a promoção a sede Freguesia que se mantém até aos dias de hoje.
Como curiosidade, os lugares que nessa fase inicial passaram a fazer parte da “nova” Freguesia foram para além do Colmeal, Carvalhal, Soito, Aldeia Velha, Sobral e Ádela.

Habitações

Segundo os dados do INE a Freguesia tem um número de habitações que consideramos bastante significativo e cujo total é de 494 existindo: de Primeira habitação 92, de Segunda habitação 396 e Vagas 6.

Património Humano

No censo de 2001 esta Freguesia contava com uma população residente de 229 pessoas. Em 2011 e de acordo com o mesmo tem uma população de 158 pessoas. Actualmente não é esta a realidade do Colmeal na medida em que residem 170 pessoas e acresce ainda que várias pessoas passam largos períodos ao longo do ano na Freguesia.

Situação Financeira da Freguesia

No ano civil de 2010 as transferências do Estado central (FFF) totalizaram 38 323 €.
Sendo as receitas totais de 90.997,31 €, desta forma podemos verificar que esta Freguesia tem receitas próprias que são significativas, no caso concreto de 52.674,31 € com uma taxa de cobertura aproximada de 57,89%.

Área e Mobilidade

Esta Freguesia tem uma área aproximada de 36,61 km2, pertence ao Concelho de Góis, Distrito de Coimbra, sendo o seu relevo muito acentuado. Composta por 11 aldeias dispersas pelas 2 margens do rio Ceira, existindo ainda alguns pequenos aglomerados chamados de casais.

Esta Freguesia, como se menciona noutros campos não tem continuidade entre todas as aldeias, havendo sempre a necessidade de retorno à sede da Freguesia para ser possível a deslocação entre todas elas.

Algumas Distâncias

Todas as estradas são de grande desnível e sinuosidade o que obriga a uma distância/tempo muito grande. Apenas uma aldeia se encontra mais perto da sede concelho Góis, do que o Colmeal, sede Freguesia. Todas as outras se encontram bastante distantes como se pode verificar a seguir:


Entre estas aldeias a distância por estrada num único sentido é superior a 30 km, enquanto a distância linear é de 12.550 mts. Quanto à distância a Góis é de 9.275 metros lineares entre as sedes. São estes alguns dos dados reais que se verificam, e que as populações vivem diariamente havendo ainda outras aldeias que se situam em pontos intermédios, que não são aqui referidos, mas que aumentariam estes valores obrigatoriamente.

Esta realidade torna o centro da Freguesia muito mais longe da sede Concelho. Como se percebe a distância a Góis fica muito aquém da distância entre aldeias, por não existir continuidade em termos de vias rodoviárias bem como o facto de todas elas estarem localizadas mais longe, a distância tempo é muito significativa.

Transportes Públicos

Existe uma carreira semanal “autocarro,” apenas uma única vez ao dia e na semana no caso concreto à terça-feira, que liga a sede de Freguesia à sede do Concelho, não passando por nenhuma outra aldeia.
Existe ainda um táxi que de certa forma serve as pessoas nos casos mais urgentes.

Património Edificado

A Junta de Freguesia possui um edifício sede composto por 3 pisos onde funciona o atendimento ao público de segunda a sexta-feira e onde funciona também ponto de internet. Possui também um armazém onde são guardadas as várias máquinas indispensáveis ao serviço que é prestado às populações, balneários e vestiário em praia fluvial, bem como dois WC públicos no centro da sede freguesia.
Existe ainda uma casa de arrumos que está em processo de legalização.

Património Imobilizado

Esta Junta possui vários terrenos destinados à silvicultura, e apoio aos apicultores, obtendo verbas que permitem realizar obras e melhoramentos importantes nas referidas aldeias da Freguesia.

Cemitérios

Existem dois cemitérios na Freguesia que a Junta administra. Um situa-se na sede e outro na aldeia do Carvalhal.

Parque Automóvel

Esta Junta possui uma viatura todo terreno, de apoio aos vários trabalhos que são realizados, e na qual é montado um kit de primeira intervenção de combate a incêndios, no período crítico do Verão.

Projectos Publico/ Privados

Está a ser implementado na área do turismo um projecto público/privado num total de cerca de meio milhão de euros, projecto que se reveste de uma grande importância para a Freguesia.

Áreas de Lazer

Esta Junta possui 2 parques de lazer, uma praia fluvial muito frequentada em tempo balnear, assim como mais 3 pontos no rio de grande procura e interesse.

Apoio á Natalidade e Fixação de Jovens Casais

Com a finalidade de incentivar a fixação de jovens casais na Freguesia, a Junta instituiu dois subsídios, quer para a sua fixação quer como incentivo á natalidade, que se revelaram de interesse, na medida em que já alguns casais recorreram aos mesmos.

Educação e Saúde

A Junta de Freguesia colabora e está sempre disponível, em apoiar todos os jovens estudantes da Freguesia no transporte para Góis em virtude de a escola existente ter sido encerrada.

Também na área da saúde colabora e está disponível no transporte dos doentes para a sede do Município na medida em que também a extensão do serviço de saúde foi encerrada.

Assistência Social

A Junta de Freguesia presta apoio social a algumas famílias e pessoas carenciadas, tentando minimizar alguns problemas, bem como dar melhor qualidade de vida, sobretudo aos idosos que são a maioria das pessoas.

Colabora com todas as instituições da Freguesia, nomeadamente o Centro de Dia que funciona no Colmeal assim como com as Comissões de Melhoramentos das diversas aldeias.

Funcionários

Esta Junta tem uma funcionária a tempo inteiro e uma em meio tempo, e recorre ao Centro de Emprego no recrutamento de outros colaboradores para desenvolver as mais diversas tarefas que lhe estão destinadas.


Considerando:

A quase total descontinuidade das vias rodoviárias entre as aldeias da Freguesia, a sinuosidade das mesmas vias rodoviárias, o desnível que se verifica, a distância – tempo em cada uma das situações, a área total, a dispersão das varias aldeias e casais, ser uma Freguesia de montanha, mas com potencialidades quer no campo da silvicultura, geradora de receita própria, quer no turismo que se está a desenvolver, as faixas etárias da população, o número de habitações quer de primeira quer de segunda habitação, o vário património acima descrito de uma forma resumida, o serviço que esta Junta de Freguesia presta às suas populações, o apoio aos apicultores e outras actividades locais, numa política de proximidade.

Ouvidas as populações da Freguesia todas elas, tal como o executivo da Junta, estão profundamente conscientes, preocupadas e apreensivas quanto ao seu futuro. Assim estão totalmente contra a sua extinção que a acontecer seria extremamente penalizadora para a sua identidade e a sua coesão ficaria irremediavelmente perdida.

A sua fusão noutra Freguesia seria ainda bastante penalizadora para o Colmeal, contrariando a política de proximidade com as populações, na medida em que esta Freguesia se situa num dos extremos do concelho.

A Junta de Freguesia está também atenta à eventual reorganização administrativa do espaço territorial do Concelho e não exclui a possibilidade de colaboração activa no processo.

Colmeal 8 de Dezembro de 2011

Pelo Executivo da Junta Freguesia

Carlos da Conceição de Jesus

Presidente

A UNIÃO defende a manutenção da freguesia do Colmeal


A seguir se transcreve a carta que a União Progressiva da Freguesia do Colmeal enviou à Senhora Presidente da Assembleia de Freguesia do Colmeal, em 21 de Dezembro de 2011, transmitindo-lhe a posição assumida pela Direcção.

Assunto: Reforma da Administração Local

Exma. Senhora Presidente da Assembleia de Freguesia do Colmeal,

A União Progressiva da Freguesia do Colmeal vem acompanhando com atenção e muito interesse mas também com muita preocupação o desenvolvimento de todo este processo que tem por base o denominado “Documento Verde da Reforma da Administração Local”.

Como V. Ex.ª sabe, a nossa colectividade, a associação regionalista mais antiga da freguesia do Colmeal, sempre demonstrou a sua solidariedade para com os que ficaram nas suas aldeias e desenvolveu ao longo dos seus oitenta anos de existência uma obra que consideramos importante, ajudando a implementar as melhorias e as infra-estruturas necessárias ao bem-estar das populações com o fim de minorar as dificuldades que enfrentavam no seu dia-a-dia e retirando-as do isolamento em que há muito se encontravam.
Não poderá, portanto, a União Progressiva da Freguesia do Colmeal ficar alheia e indiferente quando neste momento se discute uma possível ou previsível extinção da nossa freguesia.

Colmeal é elevado a sede de freguesia no já distante ano de 1560, de acordo com documento do então Bispo de Coimbra D. João Soares.
Passaram-se 450 anos e das aldeias e casais que ao tempo constituíam a freguesia muitas foram perdendo os seus habitantes, por motivos vários, entre os quais a fuga às condições deficientes em que viviam e sem perspectivas de futuro.

Os censos populacionais revelam-nos números inquietantes e os poucos residentes, autênticos “heróis resistentes”, não querem perder o pouco que ainda têm.
A União Progressiva tem estado e continuará a estar ao seu lado na defesa dos seus interesses. Para todos eles e não nos esqueçamos que estamos numa zona das mais pobres, desprotegidas e esquecidas no interior do país e a que muitos chamam de “Portugal profundo”, a nossa Junta de Freguesia do Colmeal garante um importante grau de proximidade e um nível de atendimento que as pessoas maioritariamente idosas procuram e hoje lhes é disponibilizado.

Repetimo-nos, mas não será demais, ao dizermos que quanto mais rural e interior menos sentido fará extinguir uma freguesia. Cada caso é um caso e não podemos utilizar liminarmente a régua e o esquadro para decidir, no fundo, o bem-estar e a sobrevivência dos “resistentes” a que já nos referimos. Acabar com a freguesia é acabar com cada um dos residentes.
Esta freguesia como tantas outras vem das paróquias (em 1560 foi o Bispo de Coimbra que criou a freguesia do Colmeal) e é um elemento cultural muito arreigado e com um sentimento de pertença muito intenso numa área essencialmente rural.

O emblema da nossa colectividade para além do cortiço, das abelhas e das espigas de milho, ao tempo motivos principais da sustentabilidade das populações, ostenta também o padroeiro da freguesia, o Mártir S. Sebastião, o que confirma o grande fervor religioso dos Colmealenses.
Neste momento estão empenhadíssimos na recuperação da sua Igreja, tão antiga quanto a sua freguesia. Mais uma vez se confirma que a disponibilidade para generosamente contribuir é apanágio dos beirões e na verdade a grandiosidade de uma terra faz-se pela fibra das suas gentes. Retirar-lhes a sua freguesia é abreviar o desaparecimento de cada um deles porque a freguesia faz parte das suas vidas.
Não nos podemos esquecer que a nossa freguesia, com as suas aldeias e casais se estende por uma zona montanhosa, acidentada e por vezes de difícil acesso, onde é notória a ausência de transportes públicos.

As reuniões para informação e discussão entretanto efectuadas e que concentraram um elevado número de participantes, não só de residentes mas também das várias Comissões de Melhoramentos, têm sido esclarecedoras e reveladoras do sentir dos Colmealenses.
A extinção da freguesia do Colmeal, para eles, está fora de questão.
E para nós, União Progressiva da Freguesia do Colmeal, também.

Tanto quanto sabemos a Junta de Freguesia do Colmeal não é deficitária, tem receitas próprias e uma gestão equilibrada. Acabar com ela é acabar com o trabalho que vem sendo feito nos campos da cultura, da coesão social e do desenvolvimento.
Acreditamos que haverá bom senso no momento da decisão.

Temos a certeza de que V. Ex.ª Senhora Presidente sabe interpretar este sentimento dos Colmealenses, que pretendem continuar com a sua freguesia, com as suas tradições, enfim, com a sua identidade e que V. Ex.ª, fiel e firmemente o saberá transmitir e defender nas instâncias próprias.

Sem outro assunto de momento apresentamos os nossos mais cordiais cumprimentos,

António Domingos Santos
Presidente da Direcção

11 fevereiro 2012

Assembleia Municipal de Góis - Oposição à extinção de qualquer freguesia no concelho



A Assembleia Municipal reuniu extraordinariamente no passado dia 31 de Janeiro, aprovou por unanimidade e sob proposta do presidente daquele órgão deliberativo, Dr. José António Pereira de Carvalho, um documento de oposição à extinção de qualquer freguesia no concelho de Góis.

No documento posto à votação e lido pelo presidente da Assembleia Municipal considera, entre outros, que o “(…) sentimento de unidade, de pretender fazer, protagonizado pelas Juntas de Freguesia, muitas vezes em conjunto com entidades “sui generis”, como são as Comissões de Melhoramentos, Ligas de Melhoramentos, Ligas de Amigos, etc., que tem permitido desempenhar um papel determinante na promoção dessa vivência em comunidade, potenciando e congregando sinergias de acção colectiva. E a situação das freguesias rurais no interior do país é um reflexo dos desequilíbrios de desenvolvimento regional, onde em muitas povoações se instalou nos últimos anos um sentimento de abandono e orfandade gerado em parte pela falta de emprego, pelo envelhecimento da população, pelo encerramento dos serviços – por vezes ancestrais – essenciais à vida colectiva (…)”.

Refere ainda o documento que, “(…) o habitante de uma freguesia rural sabe quem é o seu presidente da Junta e que este está sempre disposto para o atender, do mesmo modo que o presidente da Junta sabe que a sua legitimidade política advém não só da eleição popular, mas também da atenção que presta às necessidades pessoais dos seus eleitores. Nos meios rurais as Juntas de Freguesia funcionam como autênticas “Lojas do Cidadão” em escala reduzida, quando servem de postos de correio, ajudam a preencher declarações fiscais, fornecem serviços de internet, mandam levar comida a casa ou transporta os mais velhos em caso de necessidade, tornando-se portanto um bem social com um valor económico incalculável para a sua população, por muito pequena que seja, razão pela qual os presidentes de Câmaras Municipais que o Governo pretende envolver nesta reforma, na sua quase totalidade se distanciem de uma medida tão impopular como é a extinção de freguesias rurais. (…).

A proposta apresentada e a posição assumida por parte da Assembleia Municipal encontram-se ainda sustentadas pela documentação das Assembleias e Juntas de Freguesia de Alvares, Cadafaz, Colmeal, Góis e Vila Nova do Ceira, e ainda da documentação remetida por parte de várias Comissões e Ligas de Melhoramentos do concelho de Góis.

in “A Comarca de Arganil” Nº 11.942 de 9 de Fevereiro de 2012

O BODO NA FREGUESIA DO COLMEAL (GÓIS)


O Bodo é uma celebração em honra do Mártir S. Sebastião, que é o santo protetor contra a fome, a peste e a guerra, e o padroeiro da freguesia do Colmeal, concelho de Góis. Com a presente descrição algo pormenorizada, mas não exaustiva, da celebração na freguesia visa-se registar o estado da tradição na atualidade, para que os vindouros possam, um dia, identificar as alterações que entretanto sofreu. Como se verá, a tradição é dinâmica. Pretendendo que este texto de primeira aproximação ao assunto também o seja, fico à espera de contributos para o completar ou corrigir.

UMA TRADIÇÃO RELIGIOSA E PROFANA


O Bodo data de tempos imemoriais, quando a população prometeu ao santo todos os anos dar um bodo aos pobres se ele a livrasse de uma epidemia que então grassava. De acordo com outro registo, os bodos começaram por ser um tributo pago pelos ricos como penitência e instrumento de apaziguamento daqueles que exploravam no dia a dia. A tradição do Bodo existe em muitas outras freguesias da região e do País, variando apenas quanto ao formato e aos produtos que integram a oferenda. A longevidade do evento prende-se com o facto de a tradição ter sabido evoluir ao longo do tempo, perdendo as funções iniciais, mas ganhando outras. Prende-se também com a superstição, que está presente quando se evocam os males sofridos pelas populações que ousaram interromper a prática.

O Bodo realizava-se no dia de S. Sebastião, a 20 de Janeiro. Presentemente, na freguesia do Colmeal e outras, costuma realizar-se no fim de semana mais próximo dessa data, para viabilizar a participação dos naturais e oriundos das aldeias residentes na Grande Lisboa e dos ativos empregados. A demonstrar a abertura da tradição à mudança, sem a qual não sobreviveria, esta alteração reflete a influência da mobilidade da população e da evolução do trabalho por conta própria, na agricultura de subsistência, para o trabalho assalariado que hoje ocupa a maioria dos empregados.

A organização e os custos do Bodo são assumidos, individualmente ou em grupo, pelas aldeias da freguesia em regime de rotatividade. O Bodo funciona assim e, desde logo, como afirmação de pertença e fator de identidade e coesão. Este ano, os promotores do Bodo, que teve lugar a 22 de Janeiro, foram as localidades de Ádela e Açor, sendo a sequência a seguinte: Colmeal, Sobral, Saião e Salgado; Ádela e Açor; Soito; Malhada e Carrimá; Aldeia Velha e Loural (em esperança); Carvalhal. Existe um mordomo, que é responsável pela organização do evento e pela angariação de fundos tendo por base um valor estimado, mas as famílias podem contribuir com mais ou menos. Já pouco se cultivando, os produtos do bodo são adquiridos no mercado.

Como muitas outras festividades na cultura judaico-cristã ocidental, o Bodo incorpora uma vertente religiosa e uma profana, que se interpenetram. A primeira é constituída pela missa, que inclui a bênção dos alimentos, e a procissão; a segunda, por um convívio, onde se processam a distribuição e o consumo imediato desses mesmos alimentos. No âmbito da acentuada laicização para que a sociedade portuguesa tem evoluído, a componente convivial e lúdica tem vindo a ganhar expressão, e a ser objeto da preferência dos participantes.



A bênção costuma ser a meio da missa, mas este ano foi antes, talvez porque os alimentos se encontravam no edifício da Junta de Freguesia, devido às obras na igreja. A procissão, que se fazia há uns anos circulando três vezes à volta da igreja, vai agora até ao largo, no centro da povoação. Participam nela mais mulheres, que já não é possível fazer alinhar nas duas filas direitinhas de antigamente. Pelo caminho reza-se e canta-se, sendo o passar do tempo percetível no andamento e no timbre das orações e cânticos.



O andor de S. Sebastião é transportado por homens da terra ou terras promotoras do Bodo. Continuando a ser evidente que enquanto há homens não se confessam mulheres, a exclusividade masculina resulta do facto de a procissão levar apenas a imagem de S. Sebastião. Na procissão da Festa anual, que integra vários andores, e na condução do próprio Bodo já se veem mulheres, em linha com a maior participação na vida pública que têm vindo a conseguir. Não raro os homens que transportam o andor, entre os quais se conta o mordomo, são colmealenses filhos e netos dos que um dia partiram à procura de uma vida melhor. Esta particularidade espelha, uma vez mais, o progressivo ajustamento da tradição à mudança e uma realidade social feita de presença e ausência, de forte ligação às origens, de vai e vem, de interação entre a cidade e a aldeia, o que só pode ser auspicioso para a freguesia. A procissão medeia o religioso e o profano, fazendo a passagem para a vertente convivial e festiva.

SOCIABLIDADE E PARTILHA: DO PASSADO PARA O FUTURO

O convívio, ao qual o santo preside velando do seu andor, começa com o leilão do pão benzido que é costume oferecer a santos existentes na igreja, revertendo o lucro a favor da paróquia. Em geral, quem compra o pão fá-lo para o partilhar com os familiares e amigos que não puderam comparecer, o que remete para o simbolismo do pão nosso de cada dia e, talvez, para a memória do sabor perfumado e tenro do pão que esporadicamente alguém trazia da vila, para adoçar a boca e o coração à família. A propósito, é costume guardar um bocadinho do pão benzido, que fica duro, mas não bolorento, como proteção contra as calamidades.




Seguidamente, passa-se à distribuição e ao consumo dos alimentos, continuando os grupos a conversar e, este ano, um jovem a tocar concertina, para mais tarde alguns dançarem. Predominam os homens, a sugerir desigualdade na divisão do trabalho doméstico, que terá retido mulheres em casa.



Cada participante que o deseje recebe um pão benzido e um punhado de figos secos, por vezes, duas ou mais dozes, dependendo das encomendas. Os figos apresentam-se agora dentro de um saquito de plástico (não vá a ASAE aparecer!), enquanto o pão há quem o continue a levar na mão, por ser mais seguro ou ecológico! Pela mesma razão ou por ser mais conforme com a tradição, há senhoras que trazem um saco de retalhos ou croché.

Sobre a mesa, há pão benzido, chouriço cru ou assado, queijo ou produto afim, vinho, cerveja, refrigerantes e água, que são consumidos à discrição, consumindo e reproduzindo energia e coesão. Para além destes géneros, que configuram o formato oficial do Bodo sendo custeados pelos respetivos fundos, é frequente a presença de iguarias oferecidas por indivíduos ou grupos, mediante generosidade ou promessa. Tem havido torresmos fritos na hora e, no último, estavam deliciosos as fatias de carne de porco e os bolos secos à moda antiga confecionados pela Luísa e pela Catarina (Ádela), os sonhos de abóbora especialidade da Maria Alice (Açor) e as filhós invejáveis da Miquelina (Loural/Colmeal). Também havia uma fartura de bolos de pastelaria. A D. Silvina, viúva do senhor Sebastião, que fazia anos no dia do santo, continua a oferecer café e bolos, agora em sua lembrança. Pessoalmente, como muitos outros participantes sobretudo senhoras, não dispenso aquele café quentinho, que tomo pensando no homenageado e na minha avó Leopoldina, cujo café o da D. Silvina me recorda.



Tanto quanto os mais velhos se lembram, o bodo consistia na oferta a cada participante de um pãozinho, uma mão cheia de figos (castanhas piladas, em tempos mais recuados) e um copo de vinho. Era pouco, mas não negligenciável, considerando que eram géneros de que muitos não dispunham e que o pãozinho tendia para ser em trigo, o que fazia dele um luxo, comparativamente com a broa áspera de todos os dias. Por isso, mas também porque o evento ocorria na época menos ocupada do calendário agrícola, o Bodo atraia multidões, sendo necessário controlar os acessos ao recinto junto à igreja, de modo a impedir os mais espertos, nomeadamente crianças e jovens, de o receberem duas vezes. Recentemente, alguém recordava com mágoa o facto de, em criança, ter sido acusado sem proveito dessa façanha, ao contrário de outros que a recordam divertidos, ainda a saborear o gosto inolvidável do pão e da malandrice. Menos significativamente e com objetivos distintos, o Bodo continua a ser muito procurado, sendo evidente a atração das populações pelo reviver das tradições que fazem parte da cultura e do imaginário locais. No ano em curso, para além dos colmealenses, havia muita gente de localidades e concelhos limítrofes e distantes, destacando-se um grupo de forasteiros que muito contribuiu para animar o evento.

Embora os tempos que correm pareçam provar o contrário, reza o ditado que não há fome sem fartura. Foi o que aconteceu com o Bodo, que adquiriu uma abundância que inicialmente não tinha. Para esta evolução contribuíram, influenciando-se mutuamente, a redução drástica do número de participantes e a melhoria dos níveis de vida. A primeira ficou a dever-se ao êxodo da população associado à recessão demográfica que provocou, especialmente a partir de meados do século passado; a segunda, isto é, a melhoria dos níveis de vida, à evolução estrutural global e ao aumento do rendimento das famílias, que a deslocação para Lisboa e outras paragens permitiu. Com menos fregueses e mais recursos, é natural que as diminutas merendeiras de antigamente se tenham transformado nos pães que agora muitos levam em duplicado, ao mesmo tempo que o simples copo de vinho, símbolo de alegria e fraternidade, redundou no repasto que acompanha o convívio. Sobram sempre géneros e dinheiro, que reverte a favor do mártir. Antes, era redistribuído pelos ofertantes.

O Bodo é uma manifestação de religiosidade que se transformou em tradição. Ao longo do tempo, perdeu as funções que estiveram na sua origem e ganhou outras, mantendo o ritual, que desapareceu noutros bodos, de distribuir, receber e levar o pão para casa. Na encruzilhada dos tempos, práticas e valores que traduz, S. Sebastião nos guarde das fomes que não são de pão, a que o bodo poderá ter de responder. Mudando e adaptando-se de novo.

O último Bodo teve lugar de tarde, creio que pela primeira vez. Tratou-se de uma decisão não isenta de conflitualidade, que a falta de clero na diocese explica. Quando já se arrumavam as muitas sobras, e a escuridão precoce do Inverno se tinha abatido sobre o Colmeal, ainda um grupo cantava, usando duas tábuas como instrumento musical:

“Mulher gorda não me convém,
(….).
Mulher magra não me convém,
(…) “

“Canta, canta, amigo canta,
Vem cantar esta canção.
Tu sozinho não és nada,
Juntos temos o mundo na mão.
(…) “

Lisete de Matos

Açor, Colmeal, 3 de Fevereiro de 2012.