28 junho 2010

Festas em honra de São Pedro - Soito / 3 de Julho de 2010

http://soitoaldeiapreservada.blogspot.com/

Ádela na África do Sul

O jovem e carismático presidente da Comissão de Melhoramentos de Ádela, aproveitou uma ida à África do Sul e não deixou de apoiar a selecção nacional. Na imagem abaixo o nosso conterrâneo não deixou de fazer uma demonstração entusiástica do seu apoio às cores nacionais sem esquecer as origens da nossa terra. Força Portugal! E em letras claras e destacadas ÁDELA, COLMEAL, GÓIS!
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Tão amigos...

Nem sempre "são como o cão e o gato". Às vezes até são amigos... e dão-se bem. Fotos de Catarina Domingos

PÚTEGAS E BIODIVERSIDADE

Finalmente, reencontrei as pútegas, que já não via há uns anos. Foi o meu pai quem as descobriu, quando roçava mato numa encosta soalheira. Depois de muito as ter procurado em vão, ali estavam elas, airosas mas discretas, junto à raiz de uns sargaços jovens, umas já desabrochadas, outras ainda a despontar do solo. Mostravam-se a quem estava a fazer alguma coisa por elas, cortando o mato de que gostam viçoso, mas não a quem ociosamente as procurava, espreitando e esgravatando por baixo dos sargaços floridos!
Como referia numa outra oportunidade (“Recordando as Pútegas”, A Comarca de Arganil, 14 Julho 2007), as pútegas (Citinus hipocistis), também chamadas de “buxigas”, amareladas, coalhadas e outros nomes, são uma herbácea parasita da raiz dos sargaços, mato de folha esguia e viscosa.
Mas há quem diga que também parasitam a raiz das estevas, o que é bem possível, uma vez que o sargaço e a esteva são plantas da mesma família, distintas, mas parecidas. Desprovidas de clorofila, as pútegas são uma pequena planta amarelo-avermelhada, de folhas escamiformes densamente imbricadas, e flores masculinas e femininas em cacho. Quando colhidas, exalam um aroma suavemente acre. À semelhança de outras plantas parasitas, as pútegas hibernam na raiz do hospedeiro, e só são visíveis, geralmente em conjuntos de cachos, na altura da floração, que coincide com a daquele. Começando por ser umas manchitas avermelhados a emergir do solo tufado, levam mais ou menos três semanas a atingir a plenitude em tamanho e formosura, raramente ultrapassando 12 cm de altura, a parte oculta incluída. Seguidamente, acastanham e esmorecem secando, para reaparecerem no ano seguinte, se as condições ambientais lhes forem favoráveis.
As pútegas são comestíveis, espremendo o creme branco e pegajoso, tipo coalhada, que enche as tetinhas bojudas. Talvez por isso suscitem tão gratas recordações a quem com elas lidou na infância, como algumas das minhas amigas, que desculparão a inconfidência. Para a Catarina, que é de Penha Garcia, os “carrondos” eram o mimo com que os pais a presenteavam no regresso do trabalho no campo; a Célia, que é de Viseu, adorava comê-las, e dava-me beijos, contente com a oportunidade de as recordar; à Teresa riam-se os olhos, lembrando as sacadas de “putígas” que costumava apanhar! A Teresa, que é de Pendilhe, em Vila Nova de Paiva, a terra do demo de onde também partiu o jovem Aquilino Ribeiro para, a caminho do seminário, se defender da troça dos meninos do Sul, perguntando-lhes: - E, ó amigos, vocês sabem o que são mostajos, o que são pútegas, e o que é um bom nabo pelo rabo dentro? (Aquilino Machado, Um Escritor Confessa-se, Lisboa, Livraria Bertrand, 1974, p. 55).
Curiosamente, reencontrei as pútegas na véspera do Dia Internacional da Biodiversidade, que se celebrou a 22 de Maio, no âmbito do Ano Internacional da Biodiversidade. Estas iniciativas das Nações Unidas visam travar a perda acelerada da diversidade biológica, e recuperar os habitats e sistemas naturais, como condição para o bem-estar humano e o progresso económico sustentado. Por razões naturais, Portugal é ainda um santuário de biodiversidade, nomeadamente vegetal e animal. No campo da flora, por exemplo, é possível andar por aí, e avistar sem esforço dezenas de plantas diferentes, pequenas e grandes. Um assombro e uma riqueza que importa preservar e conhecer! Mas muitas outras espécies de toda a espécie já desapareceram ou apresentam-se ameaçadas de extinção (165, dizem), pelas alterações climatéricas globais, a poluição, os incêndios, a introdução de plantas e animais exóticos, o tráfico de animais, ovos, peles e outros derivados, os venenos, armadilhas e laços cobardes, que envergonham as pessoas e os bichos por elas. Avultam, ainda, a urbanização do território, a pressão imobiliária, o consumo exagerado e as práticas agrícolas ou a falta delas.
É precisamente a ausência de agricultura, de subsistência, nesta zona, que poderá estar na origem do progressivo desaparecimento das pútegas, que já pouco se vêem, e que estão cada vez mais magras e enfezadas. Segundo o meu pai, não se comparam às de antigamente, tão gordas, que davam para fazer “queijos”, espremendo e juntando a coalhada de várias! Mas ainda as há e isso é um bom sinal! Tanto quanto me tem sido dado observar, as pútegas gostam de sargaços viçosos e do sol filtrado através das folhas tenras, o que exige o corte periódico do mato. Ora isso pouco se faz, devido aos custos, mas sobretudo porque o mato já não é preciso como cama para o gado e estrume para a terra. Apesar do muito que tem sido feito em matéria de protecção da biodiversidade, frequentemente por iniciativa de indivíduos e associações, as metas oficialmente previstas para 2010 estão longe da concretização desejada. Tão pouco se afiguram concretizáveis, a curto prazo, por motivo da crise económica instalada. Mais uma razão para uma maior participação de todos nós, reconhecendo, na sequência de S. Francisco de Assis ou Darwin, conforme as crenças, a irmandade, a igualdade e a interdependência de todos os seres vivos. O que é isso da biodiversidade? Como é que eu posso contribuir para a proteger e renovar? Como é que eu a coloco ao serviço da sustentabilidade económica e do conhecimento, sem fazer perigar a sua própria sustentabilidade? Em concreto, aqui e agora, o que é que eu posso fazer, em relação aos seres vivos que me rodeiam, e aos que me chegam incorporados nos bens que consumo?
Como se diz no Guia de Campo, DIA B, por estar ao alcance de todos, e constituir uma responsabilidade de cada um, a participação na preservação e no estudo da biodiversidade pode considerar-se uma questão de cidadania. Biocidadãos são todos aqueles que, pelas suas acções e comportamentos, contribuem para construir um mundo mais sustentável (Bruno Pinto e outros, Coord., Universidade de Lisboa, 2010, p. 17). Lisete de Matos Açor, Colmeal, 2 de Junho de 2010

Reflexo

No rio. Balneários da ponte. Foto de Francisco Silva

18 junho 2010

Morreu José Saramago

A Cultura Portuguesa está de luto. José Saramago, o único escritor português a ganhar o Prémio Nobel, morreu, aos 87 anos. A Fundação José Saramago confirmou em comunicado que o escritor morreu às 12h30 na sua residência de Lanzarote "em consequência de uma múltipla falha orgânica, após uma prolongada doença. O escritor morreu estando acompanhado pela sua família, despedindo-se de uma forma serena e tranquila". José Saramago foi dirigente da nossa colectividade, como 1º Secretário da Direcção, entre 18 de Janeiro de 1948 e 27 de Dezembro de 1955. Esteve ligado ao Colmeal por laços afectivos aquando do seu primeiro casamento com Ilda Reis. A União Progressiva da Freguesia do Colmeal endereça a Pilar del Rio, Violante Saramago Matos e restantes familiares as mais sentidas condolências. UPFC

16 junho 2010

A Andaluzia espera os Colmealenses

GRANADA, uma das grandes e espectaculares cidades que iremos visitar, é a antiga capital do granadino califado nazerí e ergue-se pelo meio de sete colinas, entre os dois rios Darro e Genil, ficando resguardada pela imensa Serra Nevada. Granada é a quinta-essência da arte árabe na Península Ibérica. Última capital de Al Andalus, o rei nazerí Boabdil entregou-a aos Reis Católicos no dia 2 de Janeiro de 1492. A longa permanência dos árabes na cidade, que a dotaram de todos os monumentos imagináveis, converteu Granada num verdadeiro museu histórico e artístico ao ar livre. “Dá-lhe esmola mulher, que não há na vida nada como a pena de ser cego em Granada” reza uma placa situada na Torre da Pólvora, na Alcáçova. São versos de Francisco de Icaza que bem reflectem a beleza da cidade.
O Palácio de Alhambra é de visita obrigatória. É considerado muito justamente uma das autênticas “sete maravilhas do mundo antigo”. Ergue-se sobre uma frondosa colina, entre numerosos mananciais e bosques centenários. Obra apoteótica da arte muçulmana (Calat al-Hamra significa “castelo vermelho”) em Espanha iniciou-se no ano de 1238. A Alcáçova é a parte mais antiga do Palácio de Alhambra. A sua privilegiada situação, dominando os vales dos rios Darro e do Genil, permite supor que no interior dos seus muros havia existido uma cidade diferente da de Granada, que dormita a seus pés. Originalmente foi fortaleza militar, erigida pelo primeiro rei da dinastia nazerí, Muhammad ben Al-hamr I. Dispõe de amplas muralhas e erguidos torreões. Tinha comunicação directa com o bairro Albayzín através da Porta das Armas e a Ponte de Cádi, que cruza o rio Darro. A Torre da Vela domina a cidade, com vistas de Granada e da sua veiga.
O Palácio dos Leões é a mais grandiosa e excitante proposta da arte nazerí. A soberba e frágil arquitectura do conjunto harmoniza-se perfeitamente com o jogo que juntos fazem a luz, a água, as cores e a esplêndida vegetação, dando ao visitante a impressão de que se aproveita até ao infinito as possibilidades decorativas. O Pátio dos Leões é um pátio rectangular, rodeado de uma estreita galeria que é sustentada por colunas de mármore duplas, entre arcos de gesso e entalhaduras, que suportam a parte superior graças aos pilares de ladrilhos instalados sobre as colunas. Dois pequenos pavilhões, com cúpula de madeira, avançam para o centro do pátio, onde se situa a fonte, com 12 leões de pedra branca. A Sala dos Abencerragens tem 16 janelas, uma espectacular cúpula, famosos azulejos e uma belíssima decoração de gesso policromática a adornar as paredes.
Palácio de Carlos V – O imperador, impressionado pela beleza do Palácio de Alhambra, mandou construir, em 1526, o seu próprio palácio, de diversos estilos, entre eles alguns austeros detalhes herrerianos. O pórtico principal, diante da Alcáçova, tem duplas colunas estriadas e pedestais, com belos baixos-relevos: os do centro simbolizam a Paz, as colunas de Hércules e os símbolos imperiais; nos laterais pode apreciar-se cenas de batalhas, possivelmente, a da Batalha de Pavia. No pórtico lateral aparecem as figuras aladas que representam a Fama e a Vitória. No interior do palácio estão os museus de Belas-Artes e de Arte Hispânica e Muçulmana.
Jardins do Generalife – Em árabe, Yen-nat-al-arif, significa “jardim do paraíso alto”. Este precioso jardim é o único que se conserva de todos os que rodeavam a Alhambra. É um lugar com um encanto especial, em que a água e a luz parecem brincar continuamente com os visitantes, onde “bicas lançam jactos de água para o céu como se fossem estrelas cadentes e que logo se deslizam aos borbotões parecidos a serpentes de água que correm rapidamente para o tanque como amedrontadas víboras”, segundo escreveu o poeta Ben Raia no século XIII. No Pátio do Cipreste da Sultana, há um velhíssimo cipreste (tem mais de 700 anos) e uma lápida de cerâmica recorda os lendários e supostos amores entre a esposa cristã do Rei Boabdil, Zoraya, e um Abencerragem. El Cármen de los Mártires – Saindo da Alhambra, colina abaixo, está El Cármen de los Mártires, antiga zona de masmorras que a lenda transformou em mito quando foi concedido o título de mártir a todos aqueles que aí estiveram encerrados. Os Reis Católicos levantaram uma capela, escadas, fontes, tanques e esculturas. El Campo del Príncipe – Está situado na antiga Judiaria, numa das laterais da Praça, onde se ergue, impressionante, o Cristo dos Favores, monumental cruz de pedra entre quatro faróis forjados, erigido no século XVII, sendo fonte de uma grande devoção e inspiração para os granadinos.
El Albayzín – Verdadeiro embrião da cidade. No que, hoje em dia, é o bairro de El Albayzín assentaram-se os iberos e os romanos. Declarado, em 1993, Património da Humanidade pela UNESCO, tem uma indelével marca árabe nas suas ruelas e praças, escalonadas pela colina situada diante do Palácio de Alhambra. Convento de Santa Isabel la Real – Foi fundado no ano de 1501 pela rainha Isabel, a Católica, sobre os restos de uma antiga mesquita. No seu pórtico gótico estão gravados os símbolos dos Reis Católicos: o jugo e as flechas. Monumento às Capitulações – Fica na Praça de Isabel, a Católica. É do século XIX, obra de Mariano Benlliure. No alto do pedestal estão as figuras de Cristóvão Colombo e da rainha no momento em que o grande navegador genovês lhe apresentava o seu projecto de viagem às Índias.
A Catedral, de planta gótica é composta por cinco naves. As obras de edificação iniciaram-se no ano de 1518 por Enrique de Egas e foram seguidas por Diego de Siloé, se bem que a fachada seja obra de Alonso Cano. É uma das mais importantes igrejas renascentistas de Espanha, destacando-se no seu interior a Capela Maior, iluminada por vitrais flamengos do século XVI, obra de Diego de Siloé.
A Capela Real, contígua à catedral, foi construída por Enrique de Egas por ordem dos Reis Católicos, para acolher os restos mortais dos monarcas. De estilo gótico, possui alguns detalhes renascentistas. O sepulcro dos Reis Católicos, em mármore da Carrara, é obra de Doménico Fancelli. A Alcaiceria começa na Praça Alonso Cano e é, actualmente, uma zona comercial e turística. As suas ruelas e lojas conservam ainda os ares muçulmanos do bairro que havia sido anteriormente e cuja atmosfera todavia continua a flutuar nesse precioso zoco (mercado) que não perdeu absolutamente nada do seu encanto histórico. Não perca esta viagem de quatro dias. Vão ser memoráveis. Esperamos por si. UPFC Apontamento coligido com base no Guia Turístico Ilustrado, DN, 2001 Fotos Turismo Espanhol e Internet

Moinho da Quinta

Quando voltaremos a ver esta imagem? Foto de Domingos Nunes

Cerejeira

Artur Domingos da Fonte, feliz e contente, junto da sua "afilhada cerejeira" posta na Cova no último Dia da Árvore. O José Álvaro e o Manuel Martins dos Santos têm tido o cuidado de lhe levarem um pouco de água para que ela vingue naquele terreno tão agreste. Foto de A. Domingos Santos

14 junho 2010

Passeio a Fátima promovido pela Junta de Freguesia do Colmeal

No dia 29 de Maio, a Junta de Freguesia do Colmeal, promoveu um passeio a Fátima, sendo a maioria dos participantes idosos. O passeio contou com 55 pessoas, que encheram o autocarro disponibilizado pela Câmara Municipal de Góis. A viagem contou com uma paragem para o pequeno-almoço, no Manjar do Marquês, que permitiu aos participantes descansar um pouco.
Ao chegar a Fátima, os excursionistas dirigiram-se para o Santuário e puderam assistir à celebração da Santa Missa, às 11 horas, na Igreja da Santíssima Trindade. Algumas pessoas, ainda visitaram todo o recinto do Santuário. Seguiu-se o almoço na Casa das Irmãs Dominicanas, localizado em Fátima, que muito agradou a todos os participantes. Ao final do almoço, encaminharam-se para Miranda do Corvo, para uma visita à Quinta da Paiva, um parque biológico da Serra da Lousã, resultante de uma parceria entre a Associação para o Desenvolvimento e Formação Profissional de Miranda do Corvo e o Município.
Na referida quinta, puderam visitar a Quinta Pedagógica, com animais domésticos de raça Portuguesa, plantas vulgares na actividade agrícola, o labirinto de árvores de fruta e o Zoo e vida selvagem, onde observaram: cágado-mediterrânico, cão Rafeiro Alentejano, cão Serra da Estrela, coelho-bravo, corvo, esquilo, furão, gamo, garrano, ginete, javali, lebre, milhafre, muflão, pato-real, perdiz, rã-comum, raposa, rato, rola, sacarrabos, veado, lama, entre outros. Desfrutaram ainda do Museu de Miranda, com as oficinas de artesanato, olaria de barro vermelho, tapeçaria regional, cestaria e mobiliário de vime. O referido museu é um “museu vivo” garantido por artesãos, portadores de deficiência ou doença mental. A chegada ao Colmeal, fez-se por volta das 20h.00m. e era visível a satisfação de todos os participantes na actividade. A Junta de Freguesia do Colmeal, tendo em conta o sucesso desta iniciativa, pretende realizar outras de carácter semelhante, de modo a promover o convívio e o bem-estar da população residente na Freguesia. Fotos de Catarina Domingos

13 junho 2010

Clube de Contadores de Histórias (XIX)

Não tem escolha
A ele não valia a pena perguntarem-lhe o que queria ser quando fosse grande. A resposta, quisesse ele ou não quisesse, só podia ser uma: — Rei. Tinha de ser. Pois se ele era príncipe, filho único de um senhor rei, que outra coisa, profissão ou destino podia caber nos seus projectos de futuro? Pensando nisto, o príncipe, que não tinha vontade nenhuma de ocupar o trono dos seus antepassados, entristecia. Uma vez, ouvira o jardineiro dos jardins reais queixar-se: — O meu filho, que eu gostava tanto que fosse jardineiro como eu, diz que não tem vocação para a jardinagem. Se ele dissesse o mesmo (isto é, o equivalente!), o que é que aconteceria? Encheu-se de coragem e disse. O rei, que era um homem compreensivo, respondeu-lhe: — Meu filho, eu, quando tinha a tua idade, queria ser arquitecto, mas o teu avô deixou- me esta obrigação, o que havia eu de fazer? Por sinal que era um rei muito dado a construções. Se queriam vê-lo feliz, mostrassem- lhe projectos de obras públicas, hospitais, escolas, novas cidades. O rei ficava encantado, dava opiniões, discutia com os arquitectos e os engenheiros como se fosse um deles. — Se não tivesses de ser rei, o que é que gostarias de ser, quando fosses crescido? — perguntou o rei ao príncipe. — Gostava de ser veterinário — respondeu o príncipe. — Não vai ser fácil. Um rei veterinário não é muito comum. Há casos de reis-soldados, de reis-marinheiros, de reis-músicos, mas de reis-veterinários não tenho ideia. No entanto, vou pensar no assunto. Era um bom pai e um bom rei. Em segredo, começou a projectar um grande jardim zoológico. Desenhou tudo muito bem desenhado, como se fosse um arquitecto. Quando tinha a obra toda projectada, estendeu os rolos dos projectos diante dos olhos do filho e disse-lhe: — Ficam ao teu cuidado, para que tu construas o jardim, quando fores rei. — Mas o pai podia mandar construir agora — disse o príncipe. — Quero que fique à tua responsabilidade. Quando eu morrer, deixo-te o reino e estes projectos, para que te ocupes deles. Assim sucedeu. O príncipe tornou-se rei. Não tinha alternativa. Uma vez coroado, dedicou-se com entusiasmo aos trabalhos de governação. Mas com mais entusiasmo se dedicou a levantar o jardim zoológico, que, uma vez pronto, maravilhou o mundo. Ao jardim deu o nome do senhor rei seu pai, que tinha querido ser arquitecto.
António Torrado www.historiadodia.pt Adaptação
O Clube de Contadores de Histórias Biblioteca da Escola Secundária Daniel Faria - Baltar

12 junho 2010

Malhada

Quem não tem ainda bem presente estas imagens? Será difícil esquecê-las. Foi em 11 de Julho de 1991. Vamos todos procurar evitar que se repitam. Fotos de A. Domingos Santos

11 junho 2010

Uma jornada às memórias de Góis

Não há património sem memória. A memória perde-se no tempo se não a preservamos. Os espaços museológicos são locais privilegiados para preservar as memórias, o património das comunidades. Góis é um concelho com uma riqueza inquestionável, que transparece nas sensações e cores patentes na sua biodiversidade paisagística; nos saberes e tradições que resistem à dureza do tempo; no património de cariz histórico, arqueológico, arquitectónico e etnográfico que engrandece a sua cultura. Nos últimos anos têm sido criados, muitas vezes por iniciativa de associações ou outras agremiações concelhias, um pouco por todo o concelho, núcleos museológicos com o mote comum de preservar e divulgar o vasto, rico e, grande parte das vezes desconhecido património cultural concelhio. Com intuito de divulgar e dar a conhecer a riqueza cultural que estes núcleos museológicos encerram vai a Câmara Municipal de Góis promover, no dia 12 de Junho, uma visita aos espaços museológicos do Concelho de Góis, no período entre as 09h30 e as 15h30, devendo os interessados contactar o Posto de Turismo de Góis para efeitos de inscrição e outras informações. Esta iniciativa contempla a visita à Colecção Museológica de Góis, Núcleo Museológico da Cabreira, Núcleo Museológico do Soito, Núcleo Museológico do Esporão, Museu Paroquial de Arte Sacra e Casa do Ferreiro. Gabinete de Imprensa CMG

10 junho 2010

MEMORIAL DA UNIÃO

“Na senda de outros que celebram os autores de grandes feitos, o presente “Memorial” recorda e presta homenagem aos homens e mulheres que integraram os órgãos sociais, comissões e a delegação local da União Progressiva da Freguesia do Colmeal (UPFC), ao longo dos seus setenta e cinco anos de existência. São muitos nomes. Alguns repetem-se em vários mandatos, como se repetiram o empenho e a solidariedade com que os nomeados se dedicaram à causa do regionalismo.” Assim Lisete de Matos iniciava a sua Nota de Abertura neste “Memorial” que a União Progressiva da Freguesia do Colmeal lançou em 31 de Janeiro de 2009, na Casa do Concelho de Góis, em Lisboa. Hoje, 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, em que o Município de Góis levou a efeito uma iniciativa que pretendeu homenagear todos quantos se dedicaram e dedicam à causa regionalista, entendemos por bem aqui recordar o que para nós foi uma homenagem simples, para pessoas também simples, como foram os que pensaram e criaram a União, a primeira colectividade regionalista a surgir em 20 de Setembro de 1931 na freguesia do Colmeal. UPFC in “Memorial”

Páscoa no Colmeal

Jaime Fernandes de Almeida, Tiago Cerejeira Domingos, José Augusto Santos, António Alcindo de Almeida e José Álvaro Domingos. Foto de Francisco Silva

A SERRA E A CIDADE

Numa iniciativa da Câmara Municipal de Góis integrada no âmbito das Comemorações Municipais do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, foi hoje apresentado em Góis o livro “ A Serra e a Cidade – O Triângulo Dourado do Regionalismo”, da autoria de Maria Beatriz Rocha-Trindade. Como escreve o professor João Alves das Neves no prefácio desta obra “chega-nos o estudo que faltava, referido especificamente aos concelhos de Arganil, Pampilhosa da Serra e Góis. A documentação produzida pela autorizada estudiosa da nossa Emigração é pormenorizada, fundamentada e cientificamente interpretada. Afinal, as questões da Diáspora e do Regionalismo cruzam-se frequentemente, dado o contexto de migrações internas característico nestes concelhos, conforme observou a autora no decurso de duas dezenas de anos de investigações, tanto directamente no terreno, como por intermédio de numerosos depoimentos que recolheu e de acções que pôde acompanhar, como ainda por via de extensa pesquisa documental.”
Na primeira parte deste trabalho “fica-se a conhecer a visão do visitante provindo do exterior e a impressão que lhe é transmitida pela beleza da paisagem, frequentemente marcada pela nudez Depois, segue-se a “história das migrações das aldeias serranas para o exterior e a narração de factos característicos dos primórdios da fixação na Capital, em que a integração não faz esquecer os problemas e as insuficiências das terras de origem.” Um capítulo é “inteiramente dedicado à explicação do fenómeno regionalista, quanto aos seus objectivos genéricos e específicos, a sua forma de organização e de instituição e resultando finalmente na proliferação das respectivas estruturas associativas, desde as grandes Casas Regionais às mais pequenas das Ligas e Comissões de Melhoramentos, a nível de freguesia e, até, de lugar.” Ainda aqui “se pode melhor aperceber por que forma se estabeleceram as pontes de solidariedade entre os residentes na região da Capital e os conterrâneos que permaneceram nas terras de origem, em termos de combater o isolamento e melhorar a sua qualidade de vida.” De acordo com João Alves das Neves, “a investigadora procura resumir numa única frase, a sua opinião quanto ao papel actual do Regionalismo da Serra: «Aquilo que no passado poderia por algumas pessoas ser considerado apenas como acessório ou lateral passou a ter duas funções principais, nitidamente diferentes uma da outra: por um lado, visar a melhoria da qualidade de vida dos mais idosos, quer os residentes nas aldeias, quer aqueles que a elas regressarão após a reforma; por outro, criar atractivos às populações mais jovens, tanto os residentes como os visitantes por ocasião de férias, além de proporcionar às crianças e jovens o gosto de estar na terra dos seus ascendentes». João Alves das Neves acrescenta ainda que “é muito valiosa a contribuição da Doutora Maria Beatriz Rocha-Trindade ao salientar a importância do Movimento Regionalista dos três concelhos, até porque não tem importância similar em Portugal, nem sequer nos outros municípios da Beira-Serra, embora se trate, toda ela, de uma área empobrecida e em fase de desertificação e que, por isso mesmo, não deveria ser ignorada pelos poderes públicos, antes pelo contrário.”
“As linhas finais do livro, indicam claramente o quanto a autora aprecia e confia nas potencialidades do Movimento Regionalista, do qual as Gentes da Serra são simultaneamente os actores, com diferentes graus de protagonismo, os garantes e os principais beneficiários. Verifica-se que o Movimento tem contado, ao longo dos anos, com um conjunto de lideranças empenhadas e esclarecidas, qualquer que seja a dimensão da estrutura a que respeita, seja ela uma Casa Concelhia ou uma Liga ou uma Comissão de Melhoramentos de freguesia ou de lugar. Na realidade, têm tido sempre, em geral, dirigentes capazes de dinamizar as actividades associativas, mobilizar apoios e recursos, promover as suas terras de origem e melhorar os mais diversos aspectos da vida das respectivas populações.”
Maria Beatriz Rocha-Trindade na sua Nota Prévia diz-nos que “No presente contexto, é nosso propósito mostrar ao grande público o que é realmente o Regionalismo das comunidades originárias das povoações da Serra do Açor, abrangidas nos três concelhos de Arganil, Góis e Pampilhosa da Serra; mas foi decidido que o estilo da obra, agora publicada, assentasse, também, na percepção visual das imagens que apresenta, em que a componente de texto serve mais o objectivo de enquadrá-las, do que visar subsistir como elemento autónomo de consulta.”
A finalizar a sua Nota Prévia, a autora esclarece-nos que “pretendeu-se que o trabalho realizado pudesse suscitar o saboreio estético da realidade que se pode observar naquela lindíssima região do País, prestando simultaneamente um tributo e o muito apreço pela acção dedicada que os Regionalistas desenvolvem, desde há décadas e onde quer que se encontrem, para fazer sobreviver as comunidades de origem e para melhorar a qualidade de vida das populações residentes. É sobretudo, uma homenagem sincera que se intenta prestar, com esta obra, às Gentes da Serra.” A. Domingos Santos in “A Serra e a Cidade – O Triângulo Dourado do Regionalismo” Maria Beatriz Rocha-Trindade 1ª Edição: Dezembro de 2009

Trabalho na sombra

Já de noite, no Parque de Merendas das Seladas, José Álvaro e Artur Domingos da Fonte arrumam alguns dos bancos que vão ser utilizados no dia seguinte, no convívio da caminhada "Pelos trilhos da Mimosa". Foto de A. Domingos Santos