31 maio 2009

VALE DO CEIRA – AQUI COLMEAL

Monsenhor Duarte de Almeida – colmealense destacado Há 57 anos, concretamente em 22 de Abril de 1929, nasceu na nossa aldeia António Duarte de Almeida. Seus pais: Manuel Francisco de Almeida e Ricardina de Jesus Dias Duarte. Seus irmãos: João de Deus Duarte, Manuel Duarte de Almeida e Maria de Lurdes Duarte de Almeida. Foi baptizado em 4 de Outubro de 1929. Após concluída a instrução primária, feita no Colmeal, frequentou os seminários diocesanos da Figueira da Foz e de Coimbra. Os seus exames foram classificados com distinção. Professor do Seminário da Figueira da Foz, foi ordenado em 22 de Dezembro de 1951 e celebrou a primeira missa no Colmeal, no dia 1 de Janeiro de 1952. Posteriormente estudou Filosofia na Universidade Pontifícia de Comillas (Espanha), e em 1954 embarcou para Moçambique, onde, em Lourenço Marques (Maputo) trabalhou na pastoral: foi responsável pelo diário arquidiocesano «Lourenço Marques Guardian» e assistente eclesiástico da J.O.C. (Juventude Operária Católica) e L.U.C. (Liga Universitária Católica). Simultaneamente trabalhou nos bairros suburbanos da capital moçambicana tendo escrito para os seus habitantes um «Catecismo da Doutrina Católica», em português e xironga. Nesse tempo, Duarte de Almeida também colaborou no escrito intitulado «33 Respostas aos Protestantes». Em 1959, por nomeação de D. Sebastião Soares de Resende assumiu na Beira a chefia da redacção do «Diário de Moçambique», a que nessa altura cabia de facto a direcção do jornal. Pela sua independência, esse diário alcançou o maior prestígio no território e em meios portugueses dos mais esclarecidos. A 16 de Junho de 1962, foi designado pelo Papa João XXIII como seu prelado doméstico, com o título de monsenhor. Por sua vez, a Conferência Episcopal de Moçambique designou-o director do Centro de Investigação Pastoral, a que se ficaram a dever importantes publicações de apoio à acção missionária, passando também a exercer as funções de Vigário-geral da diocese da Beira. As vicissitudes da evolução política em África e em Lisboa forçaram a igreja a assumir cada vez mais a sua missão de defensora da justiça e voz dos que não tinham voz. Essa tarefa passou, em boa parte, pelas acções missionárias e pelas páginas do «Diário de Moçambique». Foi assim que, em 28 de Maio de 1971, recebeu a imposição da PIDE/DGS para abandonar Moçambique, no prazo de 24 horas. Apesar da presença ostensiva de dezenas de agentes da PIDE, foi uma multidão de pessoas que se deslocou ao aeroporto para apresentarem despedidas e manifestarem amizade e solidariedade, ao que apurámos há 15 anos. Vigiado pela PIDE, e julgando que a sua missão sacerdotal poderia ser útil na Serra, foi nomeado pároco de Colmeal (sua terra natal), onde continuou a sua preocupação pelo ministério sacerdotal e pela sorte dos mais pobres e desfavorecidos. Em favor de todos quantos se encontravam com direito às reformas então vigentes, fez tudo quanto era possível e as mesmas foram concedidas. Mais: a alguns dos beneficiários, comprovadamente carecidos, o valor das quotas saiu dos cofres da Fábrica da Igreja Paroquial, como dos mesmos cofres saíram pequenos donativos para que alguns adolescentes pudessem continuar os seus estudos secundários em Góis. Também, deve-se dizer, nessa altura, tanto a Igreja Paroquial como a residência do pároco beneficiaram de importantes obras de restauro e “O Colmeal”, mensário da paróquia, atravessou fase de grande incremento, tanto em número de páginas como de temas. Quando, após o 25 de Abril, uns jovens «revolucionários» lisboetas, alguns dos quais sem qualquer ligação directa ou indirecta com a freguesia, acompanhados de militares, se propunham, isto ao que era voz corrente «sanear o padre», os paroquianos convenceram-nos facilmente de que seria melhor não levantarem problemas e isso sim, identificarem-se com os habitantes e suas carências. Enquanto se preparava a independência de Moçambique, António Duarte de Almeida, é encarregado de diligenciar, em diversos países da Europa, para que seja prestado auxílio ás vítimas da guerra e da seca naquele território. Pelo menos por duas vezes se deslocou à ex-colónia para avaliar a situação, primeiro, e depois para programar a ajuda com os meios assim obtidos. Nessa altura, ao que nos informam, rejeitou todas as propostas feitas para que permanecesse em Moçambique, no exercício de outros cargos que não o de missionário. Em Portugal, após ter deixado de paroquiar a nossa freguesia (Setembro de 1976) continuou a sua acção eclesiástica, como chefe de redacção do semanário «Nova Terra». Quando o jornal deixou de ser publicado, regressou a Coimbra, sua diocese de origem, sendo nomeado administrador da diocese e pároco de Foz de Arouce. Em 1981, foi nomeado director espiritual do Movimento dos Cursos de Cristandade, em que já dera a sua colaboração em Moçambique, em igual cargo e durante vários anos. Posteriormente, salvo erro em 1983, desligado da paróquia de Foz de Arouce, foi nomeado capelão das Carmelitas Descalças do convento de Santa Teresa, de Coimbra (onde vive a vidente de Fátima, Irmã Lúcia de Jesus) e director do semanário diocesano «Correio de Coimbra». Nestes últimos anos publicou os livros «Cursos de Cristandade em Renovação», «No Alvor do Quarto Dia» e «Leigos Segundo o Espírito». Muito mais, assim o cremos, haveria a dizer de monsenhor António Duarte de Almeida, mas, como o espaço é limitado e as fontes de informação nem sempre são fáceis, aqui deixamos registada esta pequena biografia deste nosso ilustre conterrâneo.
FERNANDO COSTA
In “A Comarca de Arganil” de 15 de Julho de 1986 Do espólio de Fernando Costa Monsenhor António Duarte de Almeida faleceu em Coimbra, em 29 de Abril de 1999.

2 comentários:

Anónimo disse...

Finalmente alguem se lembra de colocar no blog uma "pequena" biografia de um grande filho do Colmeal e que muito por ela fez apesar dos relativos poucos anos que por lá esteve, fica bem e já era estranho estar tão esquecido, mas a memoria dos homens é curta.
Quem tanto deu de si por onde passou, era de toda a justiça que fosse recordado
na sua terra natal para conhecimento das gerações vindouras, e para que não se apague a sua memoria.
Vivemos para o futuro mas geração que não estime o seu passado não tem futuro.

Anónimo disse...

Anónimo, 10 de Outubro de 2009

Finalmente!!!!Justo e merecido a um homem que marcou inumeras vidas...Inclusivamente a minha....
Foram anos de convivência sem precedentes em que aprendi não foi muito, mas muitissimo.....
Homem Ilustrado e Ilustre, talvez a melhor pessoa que alguma vez conheci na vida.
Por isto " Aqueles que Amamos nunca morrem só partem antes de nós".