16 abril 2009

Bloco de notas

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“Lendariamente, passaram por aqui Romanos e Árabes. A esses povos são atribuídas minas e algares existentes, para exploração de ouro. E, igualmente, a extracção de milhares de toneladas de argila, desde o fundo da Cova até ao Curtinhal, para, presume-se, impermeabilizar conduta de água captada no rio Ceira, em Cartamil, de cuja levada há décadas ainda se encontravam vestígios, nas encostas situadas a norte. Povoada na I Dinastia dos Reis de Portugal, dependência do Senhorio e Paróquia de Góis foi elevada a freguesia de S. Sebastião, pelo bispo-conde, D. João Soares em 16 de Novembro de 1560. COLMEAL – o nome vem-lhe de colmeia, do castelhano colmena e este do latim culmum. Na Idade Média, quando a peste ceifava populações inteiras, foi efectuada promessa a S. Sebastião e todos os anos em 20 de Janeiro é distribuído Bodo, rotativamente custeado pelas aldeias da freguesia. No século XVI, já existiam Capela e Ermida, esta situada nas Seladas, ambas dedicadas a S. Sebastião. Igreja Paroquial, construção de xisto, de proporções modestas, tem ao lado direito torre. Os dois sinos primitivos são da oficina de Cantanhede, de Sebastião Sorrilha, respectivamente, dos anos de 1836 e 1857. A torre sineira foi construída em meados do século XIX, pela Junta de Paróquia. A igreja é anterior, já existia em 1769 e, certamente, a construção foi a expensas do Senhorio. No forro da igreja, por cima do altar, existe uma pintura que representa uma “custódia” em cima dum “sacrário”. O óleo de técnica popular, rudimentar, primário, ingénuo (“Naïf”), eventualmente anterior a meados do século XIX. Igualmente, foi pintada a “Anunciação” obra de arte harmoniosa assinada “A.V.” e datada de 1893. A capela, neste século dedicada a S. Nicolau, ameaçando ruir, foi transformada em Centro Paroquial. A Ermida das Seladas, edificada em local onde no século XVI já existia outro pequeno templo de culto, foi concedida licença de bênção, com invocação do Senhor da Amargura, em 31 de Julho de 1894. Desde épocas imemoriais que as festividades religiosas se realizam no segundo domingo de Agosto em louvor do Santíssimo e depois de 1894 em honra do Senhor da Amargura. Além das Seladas, onde existem mesas e bancos, os locais mais aprazíveis são: a “ponte”, com balneário, fácil acesso ao rio e o açude que é uma autêntica piscina; “pontão”, onde em degradação encontramos pequeno moinho de rodízio, comunitário, eventualmente do século XVI, e a “cortada” nome que lhe advém do corte (trincheira) efectuado na rocha para, em finais do século XIX, transformar o então curso natural do rio em terreno de cultivo.” Fomos encontrar estes apontamentos dactilografados no meio de muitos outros que, infelizmente, Fernando Costa nos deixou cedo de mais. Do espólio de Fernando Costa A. Domingos Santos

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