21 janeiro 2009

Neve no Açor

Amigas/os Terça-Feira, dia 20, nevou por aqui, a confirmar que o Boletim Meteorológico pode acertar nas Previsões! Não se tratou de um nevão daqueles que impedem o trânsito e bloqueiam na brancura os necessitados e os incautos que insistem em circular, mas foi a nevada mais abundante que ocorreu nos últimos dez anos.
Não se pode dizer que tudo tenha ficado vestido de branco, mas a brancura gélida cobria as ruas, as árvores, as plantas e os objectos, conferindo-lhes uma outra natureza e aspecto. As videiras já podadas e os forcões que as sustentam pareciam os caminhos encontrados e desencontrados da vida. O chapéu-de-chuva tornava-se desnecessário, tanto era o prazer de sentir o afago leve e frio dos flocos que caíam suave e silenciosamente. A espantalha, coitada, tombava com o peso da neve e do espanto. Os gatos andavam por ali, a observar perplexos e desconfiados. Indiferentes ao frio, os passaritos esvoaçavam de um lado para o outro em grande velocidade. Por isso é que não se deixaram apanhar!
Pasmado e curioso, o Tede chegou todo pintalgado, a querer saber que deslumbramento inusitado era aquele. Como ninguém lhe respondeu, pelo menos em linguagem que ele entendesse, que é o que acontece muitas vezes com as pessoas, decidiu descobrir ele próprio, usando as capacidades com que o criador o dotou e as competências que desenvolveu ao longo da vida. Depois de ter cheirado, provado, apalpado esfregando a barriga e descansado, foi-se embora, concentrado de olhos fechados, a pensar nos mistérios da natureza e a imbuir-se da magia e da serenidade daquele fenómeno inusitado de beleza inigualável. Mais tarde, partilhou a experiência e as suas reflexões com os amigos que chegaram atrasados. Lembrando-se da balada de Augusto Gil, por pudor e deferência para com os humanos, que não respeito, não lhes falou das crianças e dos adultos que andam descalços, agora, pelas friezas da vida. Açor, Colmeal, 21 de Janeiro de 2009 Lisete de Matos

4 comentários:

Anónimo disse...

SABE BEM VER E LER LOGO PELA MANHA AQUILO QUE A NATUREZA NOS OFERECE DE VEZ EM QUANDO, E QUE EU NÃO TIVE OPORTUNIDADE DE ASSISTIR FICA A SATISFAÇÃO DE POR MOMENTOS ME TER ESQUECIDO DO RESTO DO MUNDO
CONTINUE.

Anónimo disse...

Oportunidade e partilha de momentos inesquecíveis e um texto que tem o seu quê de poesia.
Obrigado Lisete!

Anónimo disse...

"Parabéns pelo Seu Dom de conseguir transmitir Felicidade, através da Palavra e da Imagem:
- a Natureza num dos seus momentos mais Belos;
- o Olhar e Gestos do seu "Amigo de quatro patas", que sabe comunicar o que lhe vai na Alma.
Obrigada.
Continuo a ler e reler o seu Texto. Considero um Belo Momento de Poesia.
Continuo a sentir uma tal Ternura e Paz, sem conseguir "tirar os olhos" das expressões magníficas do TEDE.
Aurora H. Braz, Colmeal"

Anónimo disse...

Bons registos fotográficos! A natureza é bela.