20 janeiro 2009

NA SENDA DO PROGRESSO

. A União Progressiva da Freguesia do Colmeal exterioriza o seu contentamento pela inauguração de um posto telefónico naquela importante parcela do concelho de Góis
Com este título encimava o saudoso Luís Ferreira, correspondente de “A Comarca de Arganil” em Lisboa, uma entrevista a António dos Santos Almeida (Fontes), publicada em 25 de Agosto de 1950. Como escrevia Luís Ferreira “Temos pela freguesia do Colmeal a mais viva simpatia. Entre os colmealenses contamos muitos e dedicados amigos e não podemos olvidar que assistimos à fundação da colectividade que se propôs defender as suas aspirações – a União Progressiva da Freguesia do Colmeal. Os anos têm passado e essa estima pelo Colmeal e pelos colmealenses não amortece, como também não diminui a grata recordação da visita que fizemos à sede de freguesia, acompanhando uma excursão que a União promoveu com grande êxito. É natural, portanto, que nos congratulemos com todos os actos festivos da freguesia do Colmeal, com todas as manifestações de progresso que a vão levando ao nível a que tem direito. Agora, o Colmeal vai inaugurar, festivamente, um importante melhoramento: o posto público telefónico, que ligará a sede da freguesia a todo o mundo! Quebra-se assim, o isolamento em que tem jazido tão importante parcela do concelho de Góis. Com alegria constatamos o facto; e ao júbilo de todos os colmealenses associamos o nosso.” Luís Ferreira continuava “A propósito, ouvimos o nosso amigo Sr. António dos Santos de Almeida (Fontes), presidente da direcção da União Progressiva da Freguesia do Colmeal, que nos disse: - Não tenho palavras que possam exprimir o verdadeiro sentimento de regozijo de que me encontro possuído, pelo empreendimento agora levado a cabo. Não é necessário enaltecer a importância desta obra de interesse, não apenas para a freguesia do Colmeal, mas, também, para outras terras próximas, que, de futuro, irão beneficiar dela. E prosseguindo: - A montagem do telefone no Colmeal era um melhoramento que há muitos anos vinha sendo requerido como de primordial importância e necessidade e que motivou da parte da União Progressiva o início de algumas diligências para conseguir das entidades oficiais, e até mesmo particulares, a colaboração indispensável para a sua execução. Todavia, motivos bastante fortes, de ordem material, obrigaram a pôr de lado, embora temporariamente, essa intenção. Surge-nos, agora, a boa nova da efectivação desse nosso grande desejo e, como é óbvio, não posso deixar de me congratular. - Um belo melhoramento! - Sem dúvida! Pessoalmente, como filho do Colmeal, sinto-me sinceramente contente por ver, com mais melhoramento aumentar as condições de vida e o progresso da minha terra. E como membro da direcção da União Progressiva não posso deixar de louvar a Junta de Freguesia, que tão bem se houve neste empreendimento, eliminando as dificuldades que nos surgiram. Estão, pois, de parabéns os colmealenses, em especial a Junta de Freguesia, pelos esforços que fez no sentido de vencer os obstáculos que se lhe opunham à obtenção de tão importante obra de utilidade pública. E eles foram muitos, com certeza! Porém, é assim mesmo! Trabalhos, tormentos e, por vezes, desgostos, tal é, sem dúvida o quinhão de quase todos os homens que se propõem levar a cabo uma obra da natureza daquela que vai, agora ser inaugurada. Não se podem realizar imediatamente todos os desejos formulados. Há que despender muita energia e ter tenaz persistência! A União está, pois, absolutamente satisfeita e pronta a colaborar, na medida das suas possibilidades, para atenuar os encargos que, naturalmente, vão surgir à Junta. Embora essa colaboração tenha de ser um tanto ou quanto restrita, motivada pelas numerosas obrigações que lhe trazem os trabalhos que tem em curso, nomeadamente a estrada Rolão-Colmeal, é seu timbre estar ao lado dos que procuram o progresso da freguesia! ... e a entrevista continuava abordando dificuldades e problemas sentidos com esta estrada, para terminar com este desabafo de satisfação e também de esperança: “Enfim! Apesar de tudo, muito se fez e muito se há-de fazer com a ajuda e todos! E… não é pouco o que há ainda por fazer!” Dias depois, em 5 de Setembro de 1950, em “A Comarca de Arganil” nova notícia, agora com o título “O povo do Colmeal comemorou com demonstrações de regozijo a inauguração do posto telefónico público”. “Como pré-noticiámos, foi no passado dia 28 de Agosto feita a inauguração festiva do posto telefónico desta freguesia, à qual assistiram as seguintes entidades: Acácio Mendes da Veiga, nosso conterrâneo e vice-presidente da Câmara Municipal de Góis, que também representava o Sr. Eng. Álvaro Dias Nogueira, presidente do Município; David da Silva Poiares, vereador municipal; D. Lúcia Gonçalves, chefe da estação telégrafo-postal da sede do concelho; Manuel Duarte de Almeida, Joaquim Nunes Pinto e Manuel Brás da Costa Júnior, membros da Junta de Freguesia; Alfredo Alves Caetano, António Domingos Júnior e Carlos Miranda, membros da delegação local da União Progressiva da Freguesia do Colmeal, que representavam; padre André de Almeida Freire, pároco da freguesia; D. Arminda de Jesus Alves Martins, com os seus alunos; Aníbal Mendes de Campos, da Câmara Municipal de Arganil e Dr. João Ilharco Alvares Moura, chefe da secretaria judicial da Lousã.” A notícia prossegue fazendo referência aos vários discursos que foram proferidos naquele momento tão importante para a vida de uma freguesia e de uma região. Da Direcção da União Progressiva, com António dos Santos Almeida (Fontes) a presidir, faziam parte ainda Manuel Francisco Braz, José de Sousa Saramago, Francisco Luíz, Abel Nunes de Almeida; Eduardo Ferreira de Almeida e Joaquim da Natividade Pinto. António Domingos Neves presidia à Assembleia-Geral, Manuel da Costa ao Conselho Fiscal e Alfredo Alves Caetano à Delegação da União no Colmeal. Elementos coligidos por A. Domingos Santos Do espólio de Fernando Costa

1 comentário:

Anónimo disse...

Ainda me lembro desse dia, apesar da minha pouca idade. A cabine castanha com porta de dobrar e muita gente dentro da loja do "Ti" António Domingos. E pessoas que eu não conhecia, porque não eram da terra. Havia grande alegria.
Hoje, passado todo este tempo, facilmente compreendo a alegria que via em 1950.