15 dezembro 2008

Lendo aos poucos... (VI )

Soeiro Pereira Gomes, um romancista, um humanista, um lutador, um homem, mas de corpo inteiro, que usou a sua vida e a sua arte, em defesa da humanidade oprimida e espoliada de tudo o que é direito próprio do ser humano. A sua vida foi curta (1909-1949) e difícil (o desemprego levou-o à África e a luta contra o fascismo à clandestinidade nos últimos anos de vida), mas suficientemente longa para que se tornasse um dos grandes nomes do Neo-Realismo, método próprio de abordagem do real, que originou um movimento literário com o mesmo nome que eclode em Portugal, nos fins da década de trinta. Esteiros (1941) é precisamente uma das primeiras manifestações romanescas do Neo-Realismo e um dos seus maiores êxitos, ainda publicado em vida. Escreveu ainda Engrenagem (romance inacabado) e Refúgio Perdido e Outros Contos, publicados postumamente. Para já, os garotos dos esteiros limitam-se a tentar sobreviver, a tentar matar a fome, roubando fruta, quando há que roubar, trabalhando, quando há trabalho. Numa situação e noutra, eles põem a sua manha, a sua esperteza feita de experiência da vida em acção, comandados, quase sempre, por Gineto, o mais irreverente, o mais revoltado, o mais inconformado de todos (a própria alcunha, Gineto, simboliza a sua juventude irrequieta e rebelde). Um livro a não perder e que poderá encontrar na Biblioteca da União, no Colmeal. A. Domingos Santos

1 comentário:

Anónimo disse...

Um bom autor e um belo livro.
Óptima escolha.