29 novembro 2008

Natal no Colmeal

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No ano passado, foi assim que a União Progressiva da Freguesia do Colmeal festejou o Natal com os mais pequenitos e com os mais idosos.
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E este ano como irá ser? No dia 14 de Dezembro, pelas 11 horas, venha ter connosco ao Centro Paroquial Padre Anselmo. Precisamos de si, da sua amizade, do seu carinho e do seu calor para ajudar a aquecer a nossa festinha. Venha! Porque contamos consigo! UPFC

Solidariedade

A União Progressiva da Freguesia do Colmeal faz um apelo aos que nos visitam neste blogue, para que nos ajudem a minimizar algumas condições de desconforto que sabemos existirem na nossa freguesia. Problemas de saúde e idades avançadas em casas algo degradadas, não tornam a vida fácil para quem lá vive, agora que os ventos gélidos e as chuvas se aproximam. Sabemos que a generosidade das pessoas não é palavra vã. Todos nós temos roupas ainda em bom estado e que já não usamos. Vamos oferecê-las a quem delas necessita. Assim, pedimos o favor de nos fazerem chegar ou entregarem directamente no Centro Paroquial Padre Anselmo, no Colmeal, roupas de homem e senhora, lençóis e cobertores. Sabemos que podemos contar consigo. Muito obrigado. UPFC

Dicionário de Autores da Beira-Serra

João Alves das Neves apresentou hoje em Lisboa, após mais de vinte e cinco anos de pesquisa e compilação, o seu Dicionário de Autores da Beira-Serra (edição Dinalivro). Como escreve a Professora Regina Anacleto, à guisa de intróito, “Dar corpo, na escrita estilizada de um Dicionário, às gentes de uma região significa, pois, no livro que se segue, ultrapassar a geografia humana para pensar uma geografia cultural. Por isso, o Dicionário de J. Alves das Neves é uma espécie de memorial de um espaço, um pergaminho identitário fundamental para o futuro. Um povo só é rico quando tem história e quando pugna pela salvaguarda desse valor, isto é, desse património, porque ele evidencia o significado estético ou cultural dessa sociedade e funciona como seu suporte e garante. Trata-se de um conjunto de “bens” que uma geração transmite à seguinte, a fim de que se constituam num meio de compreensão da essência da sua própria história.” O autor, também à maneira de prefácio, confidencia que “Enfrentámos todo o tipo de dificuldades, desde a ausência de publicações especializadas ou incompletas sobre os temas da Beira-Serra, região que só existe na definição dos que a ela estão ligados e que, portanto, não tem fronteiras oficiais, nem tão pouco os chamados Municípios que a formam. É apenas uma denominação: a Imprensa costuma mencionar uma região não reconhecida, que nem sequer é legal. Contudo a Beira-Serra reúne dezenas de milhares de pessoas com afinidades comuns, tradições e problemas comuns a resolver! Este Dicionário poderá tornar-se uma espécie de «manual básico», a partir do passado até à nossa época e ao encontro do futuro.” No exemplar que teve a amabilidade de autografar para a Biblioteca da União Progressiva da Freguesia do Colmeal, podemos encontrar entre muitos nomes, alguns que consideraremos mais próximos de nós e da nossa freguesia. António Duarte de Almeida (Colmeal), Josefina de Almeida (Açor), Manuel Nunes de Almeida (Foz da Cova), Fernando Costa (Colmeal) e Lisete de Matos (Açor) são nomes de que muito nos orgulhamos e que são também “personagens” deste “livro importante no que respeita à promoção da identidade destes municípios, da região e das pessoas que nela se distinguiram”. A. Domingos Santos 29 de Novembro de 2008

25 novembro 2008

Colmeal – a União vai a Santiago de Compostela

Caro Associado e Amigo, Porque foram muitas as solicitações que recebemos para organizar um passeio à bonita região da Galiza, aqui estamos a propor-lhe o seguinte programa:
GALIZA… Especial – SANTIAGO DE COMPOSTELA 1º DIA – 1 de Maio – LISBOA /APÚLIA/VIANA DO CASTELO/VIGO Partida de Lisboa (Sete Rios – em frente ao Jardim Zoológico) pelas 08:00, pela auto-estrada do Norte, Coimbra (*) e Apúlia. Almoço. Viana do Castelo (subida a Santa Luzia, para visitar o Santuário e contemplar uma das mais belas paisagens da região norte do país). Continuação por Tui e Vigo, onde chegaremos ao final do dia a um hotel ****. Jantar e alojamento. 2º DIA – 2 de Maio – VIGO/MOSTEIRO DO PYO/GROVE (MARISCADA) /SANTIAGO DE COMPOSTELA Após o pequeno-almoço buffet no hotel, saída para Santiago de Compostela (declarada pela UNESCO cidade Património da Humanidade). O nosso guia orientará a visita a pé ao centro histórico, Praça Obradoiro (admirando o Hostal dos Reis Católicos) e entrada na Catedral. Após a visita, saída para Grove. Almoço especial de Mariscada. Após o a almoço, saída por Cotorredondo (paragem neste belo miradouro admirando as rias de Arosa, Vigo e Pontevedra), Poyo (visita ao Mosteiro que alberga a biblioteca histórica mais importante da Galiza, com mais de 30.000 volumes). Regresso a Vigo. Jantar e alojamento no hotel. 3º DIA – 3 de Maio – VIGO/PONTE DE LIMA/SANTA MARTA DE PORTUZELO /LISBOA Após o pequeno-almoço buffet no hotel, realizamos a visita panorâmica à cidade: O centro comercial, Clube Náutico, Porto Pesqueiro, as praias da Fonte e Samil, Praça da América, Gran Via, Praça de Espanha e Parque Del Castro. Após a visita, saída pela auto-estrada até Ponte de Lima (paragem). Percorrendo o bonito “Vale do Rio Lima” chegamos a Santa Marta de Portuzelo. Almoço de despedida do grupo. Iniciamos a viagem de regresso pela auto-estrada e chegada no final do dia a Lisboa. (*) Os participantes do Colmeal entram e saem em Coimbra, em local a combinar. Preços por pessoa: Em quarto duplo - € 275,00 ........ 3ª pessoa em triplo - € 265,00 Supl. quarto individual - € 65,00 .. Criança com 2 adultos - € 175,00 Estes preços incluem: - Circuito em autocarro de turismo conforme itinerário; guia acompanhante, estadia de 2 noites no hotel em Vigo, todas as refeições desde o almoço do 1º dia ao almoço do 3º dia, Especial Mariscada em Grove, bebidas às refeições (vinho regional, água, refrigerantes, café), entrada na Catedral de Santiago de Compostela e Mosteiro de Poyo. Solicitamos o favor de proceder à reserva dos seus lugares o mais cedo possível, para Maria Lucília Silva – 21 8122331 / 91 4815132 ou António Santos – 21 7153174 / 96 2372866, tendo sempre em atenção que o passeio só se efectuará desde que se atinja o mínimo de 40 participantes. Modo de pagamento: 50% com a reserva e 50% até 28 de Fevereiro de 2009. Estamos confiantes de que poderemos contar com a sua estimada presença. A Direcção da UPFC

Folhas de um livro… (4)

“… Com a presença de trinta associados em pleno gozo dos seus direitos, e sob a presidência do Reverendo Padre Américo Braz da Costa, secretariado por António Domingos Santos e Manuel João Miranda, a Assembleia-Geral Extraordinária dispunha da seguinte Ordem de Trabalhos: - Apreciar e votar uma proposta da Direcção para eleger novos Sócios Honorários e Benemérito. Aberta a sessão, o Senhor Presidente da Mesa dirigiu-se aos presentes, com palavras de agradecimento pela sua presença. Seguidamente pelo Segundo Secretário foi lida a acta da Assembleia anterior. Posta à discussão, foi a mesma aprovada por unanimidade. Foi de imediato dada a palavra ao associado e Presidente da Direcção, Engenheiro António Santos Almeida (Fontes) que se congratulou pela presença do associado Manuel João Miranda, para o que fez questão de ser mencionado em acta o seu voto de congratulação. Depois, e fundamentando as razões que conduziram à realização da Assembleia, expõe o critério que levou a Direcção à escolha dos Sócios Honorários e Benemérito, através da proposta que se transcreve na íntegra:
Proposta
Considerando ser um dever da nossa Colectividade dar relevância à actuação de certas individualidades, que por várias formas têm acarinhado o regionalismo serrano, dando-lhe o seu apoio e estímulo e considerando ainda, que essas mesmas individualidades se integram no disposto dos Artigos oitavo e nono dos nossos Estatutos, duma forma bem clara, a Direcção da União Progressiva da Freguesia do Colmeal, propõe à Assembleia-Geral: Primeiro – Que sejam eleitos Sócios Honorários: a) O Excelentíssimo Senhor Engenheiro Rui Sanches, ilustre Ministro das Obras Públicas e das Comunicações, que com as suas excepcionais qualidades de visão, esclarecida inteligência e pleno conhecimento das reais necessidades da Beira Serra, tem dedicado à nossa região um carinho muito especial, concedendo uma invulgar atenção aos anseios que lhe têm sido apresentados e que duma maneira geral tem satisfeito, proporcionando o desenvolvimento e progresso da nossa região. E, ainda, pelo espírito de compreensão e carinho com que tem encarado a acção regionalista da nossa Colectividade, atitude que muito nos honra. b) O Excelentíssimo Senhor Doutor Ruy Manuel Nogueira Ramos, digníssimo Presidente da Câmara Municipal de Góis, que com a sua acção impulsionadora, dinâmica e inteligente, aliado ao seu alto sentido do dever, tem merecido de todos os nossos conterrâneos, o maior respeito e admiração pela obra levada a cabo no Concelho de Góis. E, porque em relação à nossa Colectividade tem dado um excepcional apoio e estímulo, não só acarinhando as suas pretensões junto das entidades oficiais duma forma cativante e honrosa para uma modesta Agremiação Regionalista como a nossa, mas dando até, sugestões e conselhos preciosos, que muito têm contribuído para a eficiência da nossa actividade regionalista. c) O Excelentíssimo Senhor Doutor Manuel Martins da Cruz, distinto Presidente da Assembleia-Geral da nossa Colectividade, qualidade que muito nos honra, antigo e ilustre Deputado da Nação, homem de um dinamismo e larga visão fora do vulgar, que tem desenvolvido uma acção proeminente em prol da aproximação e amizade entre Portugal e o Brasil, largamente comprovada e reconhecida. E, porque a sua actividade no campo regionalista, de que é um dos valores mais elevados, tem contribuído duma forma excepcional para o prestígio e bom-nome que a União Progressiva da Freguesia do Colmeal desfruta, actuando efectiva e competentemente quer na qualidade de Presidente da Direcção primeiro, e depois como Presidente da Assembleia-Geral, quer acompanhando e facilitando a acção da nossa Colectividade, com a sua experiência e esclarecida inteligência. Segundo – Que seja eleito Sócio Benemérito: O Excelentíssimo Senhor Joaquim Francisco Neves, considerado muito justamente o Decano do Regionalismo Colmealense e que na sua longa vida nas lides regionalistas de mais de quarenta anos ao serviço da União Progressiva da Freguesia do Colmeal, tem dedicado um amor muito especial e em várias circunstâncias um elevado espírito de sacrifício digno dos maiores louvores, prestando à nossa Colectividade relevantes serviços, que o fazem credor da nossa maior admiração e respeito. Pela Direcção, assinado, António dos Santos Almeida. A Assembleia aprovou por aclamação as propostas apresentadas. O Presidente da Mesa dirigiu seguidamente palavras elogiosas e de carinho para com os homenageados, e louvou a Direcção pela sua proposta, toda ela repleta de espírito de justiça. Reiterou a sua esperança convicta naqueles que trabalham e que não foram homenageados. Dirigiu palavras de apreço para com o Secretário, pela acta minuciosamente elaborada e rendeu homenagem a todos aqueles que trabalham na sombra. Agradeceu a presença dos representantes da imprensa regional, Lopes Machado e Henrique Braz Mendes…” Excerto da acta nº 55, da Assembleia-Geral Extraordinária realizada em 26 de Março de 1974, na Casa do Concelho de Góis, Rua de Santa Marta, 47 R/C Dtº em Lisboa.

O movimento regionalista do Concelho de Góis

“Ao longo de muitas décadas, as Comissões de Melhoramentos, para além de contribuírem para a formação da identidade cultural da região da Beira Serra, têm sido relevantes no desenvolvimento local: discutindo e traçando projectos, pressionando o poder e as instituições, lutando contra a burocracia, cooperando com o seu esforço e dádivas materiais, tentando dinamizar o conterrâneo, qualquer que seja o seu credo político ou religioso. E querem continuar a ter um papel activo na sociedade, conscientes de que, sem a sua participação e das populações que representam, não é possível qualquer estratégia eficaz para o progresso da região.” In “50º aniversário da Casa do Concelho de Góis”, Maio de 2004

23 novembro 2008

Freguesia do Colmeal - as nossas colectividades

Liga dos Amigos de Aldeia Velha e Casais

"Antes do nascimento da Liga, houve uma comissão de âmbito local, liderada por Manuel Francisco, tendo feito a abertura do ramal da estrada que ainda hoje serve a aldeia. Em 1964 foi constituída a actual colectividade, embora a respectiva escritura tenha sido feita em 1970, abrangendo quatro Casais, qualquer deles hoje já sem residentes: Coiços, Loural, Porto Chão e Ribeiro de Além. Seriam seus fundadores Álvaro Manuel Almeida Braz, António Alcindo Almeida, António Joaquim, Henrique Braz Mendes, Joaquim dos Reis Almeida, José Braz, José Maria Alves, José Martins Mendes, Manuel dos Anjos Antunes e Mário Braz dos Santos. Na primeira eleição realizada para os corpos sociais, foram designados José Braz, Henrique Braz Mendes e José Martins Mendes, para presidentes, respectivamente, da Assembleia Geral, da Direcção e do Conselho Fiscal."
in "memórias e esperanças", de João Nogueira Ramos, Edição da Casa do Concelho de Góis, 2004

Colmeal - História e curiosidades (4)

Voltando a socorrer-nos do interessante trabalho de pesquisa levado a efeito pelo Movimento Cidadãos por Góis, ficamos a saber que: No ano de 1811, depois da passagem dos franceses, aquando das invasões, pelo nosso concelho, as tropas inglesas, que os perseguiam, também fizeram "toda a espécie de tropelias e latrocínios", de acordo com relato de uma testemunha.
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Em 14 de Março desse ano, regista-se a entrada das tropas francesas na povoação de Ádela, seguindo depois por Açor, Colmeal, Sobral, em direcção a Celaviza. Foram cometidas muitas atrocidades. .
Em 12 de Agosto de 1853 – A Junta da Freguesia do Colmeal, presidida pelo Padre José Gaspar Caldeira, em reunião na Sacristia da Igreja de São Sebastião, delibera que se proceda à construção de um cemitério.
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Em 27 de Novembro do mesmo ano– A Junta da Freguesia do Colmeal, presidida pelo Padre José Gaspar Caldeira, em reunião na Sacristia Paroquial da Igreja de São Sebastião, considerando que a Igreja era muito pequena para a população existente, delibera mandar construir uma capela que comunique com ela pelo lado esquerdo (seria mais tarde denominada Capela de S. José).
UPFC

Rota do Azeite na Praça da Alegria

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Na próxima 2ª feira, dia 24 de Novembro, o programa da RTP1 - Praça da Alegria, irá estar em directo no Lagar da Cabreira (Góis) para mostrar aos telespectadores o programa da Rota do Azeite, que é, há vários anos, dinamizado pela Trans Serrano.Em simultâneo, a partir dos estúdios do Porto, também se fará a representação da Oficina da Broa e do Queijo de Cabra, que será assegurado pela associação Lousitânea - Liga de Amigos da Serra da Lousã.O programa terá início às 10h-11h. Não perca na TV ou então, se puder, apareça na Cabreira!
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in http://goisvive.blogspot.com/

21 novembro 2008

Freguesia de COLMEAL

“Pela etimologia do termo que deu nome à terra, pela toponímia, por uma série de vestígios encontrados na região, e, até, dando crédito a inúmeras lendas que circulam ainda nas bocas do povo, vários autores quiseram já situar o seu aparecimento em determinada data. Como consequência, surgiram várias hipóteses mas apenas uma certeza: a povoação é muito antiga, possivelmente anterior a D. Afonso Henriques e à Fundação do Reino de Portugal, mas não é possível determinar com exactidão a sua origem. Pertenceu durante muito tempo à Comarca de Coimbra e em 1560 a pequena povoação da margem direita do Ceira deve ter atingido certo valor pois mereceu do então Bispo de Coimbra, D. João Soares, a promoção a sede de freguesia por documento que concedia idêntica regalia à vizinha aldeia de Cadafaz. Para isso, a pequena capela que ao tempo existia dedicada a S. Sebastião (S. Sebastião do Colmeal) foi aumentada e transformou-se em Igreja Matriz. Os lugares que passaram a fazer parte da nova freguesia foram, além do Colmeal: Carvalhal, Souto, Aldeia Velha, Sobral e Ádela. O cura era da Apresentação do Vigário de Góis e seus Beneficiados. Tinha destes 4.000 réis, e dos seus paroquianos mais 4.000 réis, 40 alqueires de trigo e ainda o pé de altar. Como os habitantes da nova freguesia de Cadafaz, também os de Colmeal eram obrigados a ir três vezes no ano à Igreja Matriz de Góis, sob pena de pagarem igualmente um arrátel de cera para essa Igreja por cada falta. Isto, porque também a recém construída Igreja de Colmeal era dependente da Matriz de Góis. Do mesmo modo eram pertença dos Prelados do Bispado, pagando pela respectiva visitação «meia colheita das colheitas gerais, ao preço de 250 réis, à custa dos dízimos e rendas da matriz e anexas». E, ainda, como em Cadafaz, também as capelas da freguesia teriam de possuir obrigatoriamente «Caixa dos Santos Óleos, com as suas Ambulas, Pia Baptismal, Campanários com sinos ou campas e todas as demais insígnias…». Diz Pinho Leal que a freguesia tinha 1757 habitantes em 117 fogos em meados do século XIX; o ilustre goiense, J. A. Baeta Neves diz que em 1897 são 340 fogos com uma população total de 1465 habitantes. A vida dos habitantes da freguesia tem sido difícil. Os terrenos são muito pobres, inacessíveis à maioria das culturas. Como recurso surgia a caça que era muito «abundante e variada quer grossa quer miúda», segundo Pinho Leal, e as pequenas indústrias caseiras, tipo artesanal, sem significado digno de realce. Mais tarde, surgiu um outro de melhor resultado mas que exigia maiores sacrifícios: as migrações periódicas para sítios onde as culturas exigiam muitos trabalhadores em determinadas épocas do ano. A apanha da azeitona no Ribatejo ou Beira Baixa, as ceifas no Alentejo ou Espanha, as mondas nos arrozais, etc. Para isto saíam de casa por períodos de semanas ou meses e regressavam com um pequeno pecúlio que lhes permitia ou garantia a subsistência até chegar nova época em que eram requisitados para outros trabalhos. Hoje ainda a emigração é particularmente sentida nessa zona, existindo só em Lisboa uma colónia numerosíssima. A freguesia é, agora, diferente da que D. João Soares criou em 1560. Além dos lugares já citados que a constituem desde início, o Colmeal, Carvalhal, Souto, Aldeia Velha, Sobral e Ádela, passaram a fazer parte dela o Açor, Carrimá, Boiças, Foz da Cova, Loural, Malhada, Quinta de Bolide, Roçaio, Saião, Salgado e Vale de Asna. Estes lugares situam-se numa área que vai de 22 a 40 quilómetros de distância da sede do concelho, para os mais próximo e afastado, respectivamente. A sua população total é de 951 habitantes, segundo o censo de 1960. O orago da freguesia continua a ser S. Sebastião, a quem já a primitiva capela era dedicada. No entanto, é maior a devoção popular pelo «Senhor da Amargura» em cuja honra se celebra a festa anual da terra no 2.º ou 3.º domingo de Agosto. O pároco da freguesia é o rev. Padre Anselmo Ramos Dias Gaspar, que tomou posse da freguesia no dia 29 de Outubro de 1967. De então para cá tem exercido acção notável em prol do bem-estar físico e espiritual do povo da freguesia. É natural da freguesia de Janeiro de Baixo, do vizinho concelho de Pampilhosa da Serra e, por isso, conhece desde pequeno a terra e as suas gentes. Além disso, é dotado de excepcional dinamismo e determinação. Daí o muito que já fez na freguesia apesar do curto espaço de tempo que aí passou. Ordenou-se pelo Seminário de Coimbra com 25 anos de idade, e nesse ano, 1967, celebrou a sua primeira missa no Santuário de Fátima, no dia 27 de Agosto. Veio pouco depois paroquiar o Colmeal e desde logo se impôs à admiração dessa gente. A Igreja Matriz e a Capela do Carvalhal dedicada a S. João Baptista foram reparadas por sua iniciativa. Agora, tem em mente – e esperamos vê-lo realidade em pouco tempo – construir dentro de uma velha capela existente na sede de freguesia, um salão paroquial onde possam efectuar-se reuniões, convívios, etc. É ainda director e editor do jornal paroquial «O Colmeal» que serve de elo de união entre a freguesia e muitos dos seus filhos espalhados pelo mundo. A Igreja Matriz, bem como as demais capelas da freguesia não têm valor artístico que mereça distinção. No entanto, a primeira possui uma cruz de prata, artisticamente trabalhada, que é muito valiosa. Ultimamente, sob orientação da actual Junta de Freguesia a que preside o Sr. António Costa de Almeida, que tem como secretário o Sr. Acácio Francisco Maria de Paula e por tesoureiro, o senhor José Brás da Silva, têm-se efectuado algumas obras de grande interesse local. Assim, a freguesia possui já telefone público, distribuição diária de correio ao domicílio na sede da freguesia e em dias alternados nos restantes lugares, foi aberta uma estrada de Colmeal a Cepos, reparado o cemitério, calcetado o Carvalhal, etc. Na sua agenda, muitas outras realizações aguardam vez… pois as necessidades são muitas e poucos os recursos. De entre elas, merecem destaque: a electrificação geral da freguesia; a abertura da estrada do Vale do Ceira, velha ambição dos povos da área e que uniria Góis a Colmeal; há tempos já, que chega a Capelo, mas pretende-se que se alongue até ao Colmeal no que começa a desacreditar-se…, a construção de novo edifício escolar e de uma casa para a professora, para o que a Junta já comprou terreno; calcetamentos nas ruas, alcatroamento da estrada e a ligação Colmeal-Ádela, são outras necessidades. Acreditamos que em breve o povo e os seus representantes consigam os seus intentos. A sua determinação e o apoio das Ligas de Melhoramentos irão avante. Das Ligas e Comissões de Melhoramentos merece destaque a de Malhada e Casais, pela acção extraordinária que já desenvolveu. Fundada em 1953, no dia 25 de Novembro, manteve-se até 1960 em actividade constante quer angariando fundos quer promovendo a realização de várias obras, sob a presidência do Sr. João Nunes de Almeida. Datam deste período e a ela devem a sua existência o edifício escolar, o chafariz, o lavadouro e a estrada que mereceu da Comissão a comparticipação de cerca de 100.000$00. Ficou à Comissão um saldo de 30.000$00 que aplicou no início da construção de uma sede para a colectividade. De 1960 a 1969 houve uma interrupção na sua actividade. Nesta data reestruturou-se e reiniciou o seu benemérito labor. Dos seus planos de acção, constam: construção de uma estrada de Malhada ao Colmeal, seguindo a Casais, Foz da Cova e Carrimá, e uma outra de Malhada a Bolide; electrificação e construção de marcos fontanários em Malhada e Casais; construção de um cemitério, dado que é enorme a distância a que fica o da sede de freguesia – 5 kms! – e o estado deplorável dos caminhos, reparação do actual edifício escolar, de uma ponte na ribeira de Carrimá e outra na ligação Bolide-Boiças, e muitas outras. Na direcção de tão benemérita colectividade, encontram-se: o Sr. João Nunes de Almeida; como presidente; o Sr. Alberto Fernandes da Luz, vice-presidente; 1.º secretário, o Sr. Armando Nunes dos Reis; 2.º secretário, Sr. Acácio Ramos da Natividade; e como vogais, os Srs. Américo de Almeida, Arlindo de Almeida Nunes, Abílio Olivença, Arnaldo Moreira dos Santos e José Nunes Baeta. O Conselho Fiscal é presidido pelo Sr. Manuel Nunes de Almeida e a Assembleia-Geral pelo Sr. António dos Santos Duarte.” In “O Concelho de Góis” – Concelhos de Portugal – Monografias, número único, Novembro de 1970. Edição de Raul de Carvalho O editor, Raul de Carvalho, ao apresentar este número, diz que “Não foi por acaso que Góis surgiu no nosso roteiro de terras a visitar e dar a conhecer nos eus aspectos mais característicos. A sua história, o pitoresco das suas tradições, a singularidade da sua situação geográfica, o seu povo simples, acolhedor e laborioso e, sobretudo o valor inestimável do seu património artístico, justificavam o nosso interesse e exigiam a nossa colaboração para o registo dessas virtudes.” As fotografias que acompanham a notícia transcrita sobre a freguesia do Colmeal recordam-nos António da Costa Almeida – Presidente da Junta de Freguesia, Padre Anselmo Ramos Dias Gaspar – Pároco da Freguesia e Arménio Marques – Regedor da Freguesia. Das outras, uma mostra-nos um “Aspecto da moderna ponte sobre o rio Ceira no Colmeal” e outra, o “Moderno lavadouro”. Ao encontrarmos nas nossas estantes e recordarmos esta edição com cerca de quarenta anos, apenas o fazemos por querermos dar a conhecer aos mais novos um pouco da história e dos primórdios das nossas aldeias e manter vivo um passado recente que ajudou ao desenvolvimento da nossa região e de que todos nos orgulhamos. Neste momento em que se comemoram os 80 Anos do Regionalismo no Concelho de Góis, todos os contributos não serão demais para recordar e dignificar o trabalho que foi desenvolvido ao longo dos tempos, por homens simples e de pouca cultura, mas com uma enorme estatura moral e um grande amor pelas suas terras. A. Domingos Santos 21 de Novembro de 2008

Lendo… aos poucos (V)

VIDA A vida é a encruzilhada do saber; É um dia que nasce; É um dia que acaba por morrer! A vida é uma aventura! É um abismo De tristeza e sofrimento… É vulcão, catástrofe, e é cismo De um lutar por vencer! Por vezes sentimos que a vida Não é vida Mas a vida é sempre vida… E é por isso que a continuamos A viver! In “Fragmentos”, pág. 58, de Gisa de Almeida, Góis 2002 Segundo Carlos Castanheira prefacia “A frescura dos poemas de Gisa é assim como que a cereja no bolo da idílica paisagem goiense. É a andorinha feliz e descuidada, o sussurro das águas do Ceira, deslizando em bebedeiras de um lirismo garreteano e o lamento pela agressividade das pedras rudes.” A autora, a jovem autora (teria 17 ou 18 anos quando escreveu os poemas reunidos neste livro) conta-nos um pouco da sua história e revela-nos que “Cresci numa aldeia serrana do concelho de Góis, o Liboreiro, entre montes, animais, vento e liberdade. Nesses tempos não tinha amarras, podia correr livre todo o dia e à noite quando me deitava sabia que ia dormir descansada sem preocupações ou medos, é por isso que tenho uma saudade imensa dessa época e da menina que eu era e que, por força das circunstâncias, deixei de ser. … Aos dez anos escrevi a minha primeira quadra, era um trabalho de casa, mas eu gostei da experiência, resultou bem…” São setenta e cinco poemas reunidos num pequeno livro, de fácil leitura, que poderá encontrar na Biblioteca da União, no Colmeal. A. Domingos Santos

18 novembro 2008

O movimento regionalista na freguesia do Colmeal

“O movimento regionalista na freguesia do Colmeal, melhor, dos naturais da freguesia do Colmeal, iniciou-se há quase meio século com a fundação da União Progressiva da Freguesia do Colmeal, em 1931, colectividade cuja obra realizada é grandiosa. Cinco anos mais tarde, em 1936, surge a Comissão de Melhoramentos de Ádela, também com acção proveitosa. Em 1954 nasce a Comissão de Melhoramentos do Soito, igualmente com assinalável número de realizações. Malhada e Casais fundaram a sua Comissão de Melhoramentos em 1953, cuja obra valiosa dispensa elogios. Aldeia Velha e Casais, 1964, e Carvalhal, 1970, viram também os seus naturais organizados em associações para defenderem os interesses das suas terras. Escusado será referir a sua acção. Ela é, por demais, evidente. Açor e Sobral, povoações mais pequenas, precisavam também de quem defendesse os seus interesses e formaram também «Grupos de Amigos», que igualmente têm contribuído para o progresso das suas terras. Todos os dirigentes destas colectividades, quer os que as fundaram, quer os que as dirigiram depois ou aqueles que actualmente estão à frente dos seus destinos, auxiliados pelos associados, serviram e servem, sem olharem a sacrifícios, os fins para que as mesmas foram constituídas: trabalhar para o bem das populações que constituem a freguesia, e não só. Pareceria que o aparecimento de tantas associações com o mesmo fim, viria prejudicar a actividade regionalista, dispersando-a e criar rivalidades entre as diversas terras da freguesia. Tal não aconteceu, felizmente, e a prova de que assim continuará a ser é o facto de hoje nos encontrarmos a confraternizar juntos tal como há 10 anos. A obra realizada pelas colectividades tem sido proveitosa, como se disse atrás. Se não fosse a sua acção, se ainda existem carências, o seu número seria muito maior. Para realizar os seus fins, as colectividades regionalistas da freguesia diligenciaram sempre a colaboração das entidades oficiais e pode dizer-se que houve sempre entendimento entre umas e outras. Os regionalistas só têm uma política: o Regionalismo. Sem olharem a credos de qualquer espécie, os dirigentes das colectividades regionalistas colaboraram, colaboram e colaborarão com os responsáveis das autarquias locais para resolução dos problemas de interesse das respectivas populações, quer estes responsáveis sejam do anterior ou do actual regime, pertençam a este ou àquele partido, pois só um desejo os move: servir o bem público. Podem, pois, estar certos os responsáveis da Câmara e da Assembleia Municipal, da Junta de Freguesia ou de outros organismos que assim continuará a ser. Esperamos também dos mesmos a melhor compreensão e interesse para solução dos problemas existentes nas nossas terras.” Excerto da intervenção proferida por Manuel Simões Nunes, no 10.º Encontro das Colectividades da Freguesia do Colmeal, realizado em Lisboa, em Março de 1980. In “A Comarca de Arganil” de 11 de Março de 1980 Manuel Simões Nunes, grande regionalista da nossa freguesia e do concelho de Góis, foi sempre um entusiasta e empenhado dirigente. Sócio da União Progressiva da Freguesia do Colmeal desde Janeiro de 1964, vem a ocupar o cargo de Vogal na Direcção liderada por Armando Nunes dos Reis entre Março de 1969 e Março de 71. Depois passa a trabalhar com António dos Santos Almeida (Fontes) até Dezembro de 1973. Em Março de 1975 assume a Vice-presidência na Direcção com Fernando Marques dos Santos. De Abril de 1977 a Março de 1979 preside ao Conselho Fiscal, voltando à Vice-presidência da Direcção com Fernando Marques Neves até Março de 1981. A. Domingos Santos Novembro de 2008

Lendo… aos poucos (IV)

“Nada o fazia deter. Não via a hora de chegar ao destino para saber com o que podia contar. Consigo levava uma vontade indomável que não o deixava vacilar, sabia que alguma coisa se havia de arranjar. “Hei-de vencer. Nem que para isso tenha de me arrastar…” Nem a despedida emocionada lhe desviara a ideia do objectivo principal, nem o abraço da sua mãe lhe fez quebrar o ânimo, nem o olhar ternurento dos irmãos o fez vacilar, ainda que o prendessem mais à sua família simples e boa. No seu lar, onde aprendera a andar e no seu quarto onde tantos sonhos se levantaram, ficariam as memórias da sua infância repletas de luz, mas o futuro que ainda não tinha sido erguido, fazia-o correr mais, no caminho que iria calcorrear com toda a sua energia. A vida é feita de partidas e chegadas, de entregas e abandonos, de encontros e desencontros, todos feitos com lágrimas de partida mas também de alegria duma chegada que um dia vai surgir. Um dia haveria de voltar homem feito, pessoa de bem com alma serena, de bem com a sua consciência! Tinha feito tudo para que desse certo. A terra que lhe servira de berço, não lhe podia dar pão, nem horizontes de esperança onde pudesse saciar a sede de conhecimento. O desejo de progredir como ser humano, era infinito, sendo assim teria de ir à luta. Trabalhar para se alcançar uma vida melhor, onde todos tivessem direito a uma nesga de sol, um espaço de liberdade e uma enorme vontade de cantar, era o mais belo sonho, onde ele próprio queria tomar parte activa. Há um tempo para partir, mesmo com lágrimas nos olhos, mesmo com o coração despedaçado, mesmo olhando para trás e caminhando para a frente, num tempo que não espera por nós. Não podemos ficar à espera, sem saber se a vida tem algo para nos dar, nem que seja apenas uma oportunidade, mas o passo em frente tem que ser dado pelos nossos pés. Pois nada iria cair do céu aos trambolhões. Aventura é coisa que está sempre presente na mente de qualquer jovem, uma longa caminhada apresenta-se como surpreendente descoberta, ou forte necessidade de arrumar ideias. Se nada disto acontecer, mais tarde, haverá um espaço onde nada cresceu: nem um marco foi erguido, nem uma árvore deu frutos, nem os ventos sopraram nela. É como que um vazio se tenha instalado numa fase da vida, sem qualquer registo; uma página em branco num livro denso cheio de vírgulas, interrogações e muitas reticências.” In “Dez Réis de Gente”, de Adriano Pacheco, pag. 48 e 49 Edição da: ADIBER Como se pode ler no Prefácio de João Coelho, “Dez Réis de Gente é um livro de memórias, de afectos e de solidariedade onde as palavras cheiram a povo. Um livro que Adriano Pacheco escreve com imensa paixão pela sua terra e em inteira identidade com as suas raízes, alargadas estas à Beira Serra beirã. Mas não só. Adriano Pacheco viaja no espaço, e até no tempo com as gentes serranas pela diáspora, em especial na diáspora lisboeta. Um livro que evoca pessoas e lugares, ritmos de vida e trabalhos, crenças e valores, trazendo à memória factos de alguma realidade, embora ficcionados pela criatividade do autor, mas com o “saber de experiência feito”, através duma narrativa coloquial, comovente e interligada.” “Dez Réis de Gente”, um livro que merece uma leitura atenta e que poderá encontrar na Biblioteca da União, no Colmeal. A. Domingos Santos

14 novembro 2008

REGIONALISMO - 50 anos depois, os mesmos métodos

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Acabaram-se as férias e o tempo começou já a arrefecer, verificando-se mesmo o cair das primeiras chuvas, altura ideal para o recomeço da actividade regionalista das nossas colectividades, muito especialmente das suas festas e encontros de confraternização, em que, geralmente, são comemorados os aniversários destas prestigiosas agremiações. Foi há mais de meio século que surgiu esse movimento que viria a estender-se, quase como contágio, à maioria das povoações que constituem os concelhos de Góis, Arganil e Pampilhosa da Serra. Foi o desejo de ver a sua terra sair do isolamento em que se encontrava e de a dotar de condições de vida mais dignas, que levou muitos homens, em boa parte de humilde condição e pouca cultura que demandaram Lisboa à procura de uma vida melhor, a unirem-se num esforço comum, quotizando-se, fazendo leilões, passando rifas, abrindo subscrições, etc., conseguindo deste modo a estrada, o chafariz, o posto médico, a escola, o centro de convívio, a electricidade, os arruamentos e tantos outros melhoramentos que lentamente foram modificando as pitorescas aldeias encravadas nas encostas da Serra, tornando-as mais acolhedoras e minimizando um pouco a vida árdua dos seus habitantes. Quantas dificuldades tiveram de ser vencidas para a concretização de muitos desses melhoramentos e até para a oficialização dessas patrióticas organizações que visavam unicamente o bem comum e a defesa e interesse da terra a que pertenciam os seus fundadores… Nunca estas instituições mereceram do antigo regime o estímulo a que tinham direito. Talvez porque não perfilhassem qualquer ideologia política, ponto assente em todos os estatutos, o apoio prestado pelo Governo limitava-se a uma comparticipação que normalmente não excedia os 70 por cento, sempre que lhe apresentassem o projecto por si custeado e o mesmo visse a aprovação do gabinete. Com a mudança política ocorrida com o 25 de Abril de 1974, ainda se pensou que, finalmente, as Comissões e Ligas de Melhoramentos iriam merecer da parte dos novos responsáveis pelos destinos do País uma maior atenção. Mas, decorridos quatro anos após essa mudança, continuamos na mesma e, se pretendemos um melhoramento, por pequeno que seja, temos que recorrer à generosidade dos conterrâneos, pois só desta forma conseguimos minorar um pouco as precárias condições de vida daqueles que lá na aldeia continuam a querer viver. Esperamos que o Socialismo, tantas vezes focado pelos nossos políticos, não continue a ser palavra vã e que as nossas pequenas aldeias serranas sejam, finalmente, olhadas como parte integrante deste nosso Portugal, devendo o Estado, como lhe compete, realizar os benefícios necessários à emancipação dos seus povos, nomeadamente nos aspectos assistencial, cultural e social. Lisboa, 9-11-78 HENRIQUE MENDES “A Comarca de Arganil” publicava há 30 anos, na edição de 14 de Novembro de 1978, este artigo de opinião assinado por Henrique Brás Mendes.
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ANTERO GONÇALVES DE ALMEIDA

O MÚSICO – O MANDADOR DO RANCHO INFANTIL DE ARGANIL SEMPRE SE DEDICOU A ACTIVIDADES CULTURAIS “Foi no meio das crianças do Rancho Infantil de Arganil que encontramos o Sr. Antero Gonçalves de Almeida, que é o seu ensaiador e músico. Conta já 80 anos. Toda a vida se tem dedicado a actividades culturais. Já pertenceu à Filarmónica, ao agrupamento do ATL, ao Rancho Infantil, à Casa do Povo, à Santa Casa da Misericórdia. É natural do Colmeal, onde começou a tocar harmónio há 72 anos para «abrilhantar» os bailes na rua. Considera que estas suas actividades lhe têm permitido viver mais tempo e ser mais feliz. «Todos nós devemos preocupar-nos com os outros. Todos nós devemos ter interesse pela cultura, por isso eu tenho passado a minha vida metido em Colectividades. Vim aqui, para Arganil em 1930, dediquei-me sempre às «coisas» da Vila. Estive à frente da Filarmónica 22 anos. Ela tinha acabado e fui eu mais o João Vinagre que a renovámos. Fiz sempre parte de grupos. Em 1960, foi formado o Rancho Infantil pelo Prof. José Dias Coimbra, actual Presidente da Câmara, que acabou uns anos depois, mas, em 1980, quando veio a Arganil a televisão gravar um programa da série «Vai ou Taxa», renovou-se o Rancho. - Qual era a sua profissão? A minha profissão era Guarda-Fios. Trabalhei na montagem da linha de Coimbra a Arganil e depois daqui para todas as freguesias do concelho, onde instalámos os postos públicos. Encaminhei muitos Presidentes de Câmara na forma de obterem o telefone e, agora já posso dizer. Naquela altura havia muita falta de material e eu ia guardando o que estava disponível para adiantar as instalações aqui.»” In “Jornal de Arganil”, N.º 3180, de 14 de Setembro de 1989 Antero Gonçalves de Almeida, hoje à beira dos cem anos, é uma enciclopédia viva que recorda todo um passado e no-lo conta minuciosamente com grande entusiasmo. Ficamos presos às suas palavras. Dá gosto estar a ouvi-lo. Foi um indescritível prazer conhecê-lo e falar com ele quando teve a amabilidade de nos receber em sua casa, já lá vão dois anos, no dia 11 de Agosto de 2006. Ouvimos com muita atenção todo o percurso da sua vida profissional, que fez o favor de nos contar e também os primeiros passos que com Abel Joaquim de Oliveira e José Antunes André deu para a criação da nossa União Progressiva, colectividade de que ainda hoje é associado. Tivemos oportunidade de referir este memorável encontro nas palavras que proferimos aquando da singela homenagem que prestámos aos precursores e pioneiros da nossa Colectividade no dia da festa do Colmeal, por ocasião da comemoração dos 75 anos. Esperamos muito sinceramente, numa próxima passagem por Arganil, poder voltar a conversar com o Senhor Antero, recordar novamente todos aqueles que com ele privaram e que fizeram da União Progressiva aquela colectividade de que todos nos orgulhamos. Um exemplo a ser seguido e daí o transcrevermos de novo uma sua frase «Todos nós devemos ter interesse pela cultura, por isso eu tenho passado a minha vida metido em Colectividades.» A. Domingos Santos

12 novembro 2008

Ecopontos no Colmeal

Ainda recentemente a imprensa regional e suportamo-nos no Jornal de Arganil, edição de 23 de Outubro, dava relevo ao “OLEÃO”, nome de baptismo do primeiro ponto de recolha de óleos alimentares usados e que se encontra à disposição da Escola E. B. 2, 3 de Góis. Como referia a notícia “Esta foi a primeira acção de sensibilização, iniciativa da Câmara Municipal de Góis e do Projecto Escolhas de Futuro, cujo objectivo é evitar que a população continue a utilizar o esgoto como vazadouro para este tipo de resíduos, uma prática que é pouco amiga do ambiente.” A notícia prosseguia informando que “A utilização deste resíduo para o fabrico de bio combustível é já uma realidade em diversos países europeus e apresenta as seguintes vantagens: é um processo de tratamento amigo do ambiente, é um combustível que não contribui para o efeito de estufa e para as alterações climáticas; é um combustível que não é tóxico; é uma fonte de energia renovável; contribui para a redução da poluição atmosférica; reduz a dependência em relação a combustíveis fósseis como o petróleo.” No Colmeal, no Largo D. Josefa das Neves Alves Caetano, foram colocados recentemente três recipientes que se destinam a receber selectivamente o lixo e os desperdícios que todos produzimos diariamente em nossas casas. A separação do lixo é uma tarefa necessária que podemos e deveremos fazer todos os dias. É natural que surjam algumas dúvidas a princípio, mas depois, com a continuação e com a habituação tudo se tornará mais fácil. Seria bom ter em nossas casas pelo menos dois caixotes (o ideal seriam três), para se poder fazer uma primeira e imediata separação dos resíduos que vamos produzindo. Para um lado os lixos indiferenciados (os resíduos orgânicos e os não recicláveis) e para o outro, o papel, cartão, embalagens de vidro, plástico, metal e cartão de líquidos alimentares, que serão depois divididos pelos respectivos ecopontos. No “papelão”, no “plasticão” e no “vidrão”. No lixo que desperdiçamos, que deitamos fora sem termos qualquer preocupação, poderá estar a fonte indispensável que o homem necessita para suster a catástrofe e valorizar a vida das espécies. Como sabemos e por vezes não ligamos, a humanidade destrói diariamente recursos que são preciosos para a sua sobrevivência. A separação do papel, das embalagens, do vidro e do plástico é fundamental para obstar um pouco a essa destruição. Felicitamos a Câmara Municipal de Góis e a Junta de Freguesia do Colmeal por dotarem a sede de freguesia com este equipamento. Estamos certos de que a população entenderá os benefícios da separação pelos três ecopontos e zelará pela sua apresentação limpa e cuidada, depositando o lixo em sacos de plástico fechados, a fim de evitar derrames sempre desagradáveis. Confiamos que será encontrada uma melhor localização para os ecopontos. .
UPFC

Folhas de um livro...(3)

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"Seguidamente entrou-se na primeira parte da Ordem dos Trabalhos. O senhor Doutor Manuel Martins da Cruz, Presidente da Direcção, leu o Relatório e Contas da gerência de mil novecentos e cinquenta e dois, documentos que causaram a melhor impressão, por se encontrarem excelentemente elaborados. No Relatório fala-se da perseverança da colectividade e afirma-se que a Direcção fez tudo quanto lhe era possível na defesa dos interesses da freguesia do Colmeal. Insistiu para que fosse um facto o abastecimento de água à povoação da Malhada e para que se conclua a estrada e ainda para que tenham andamento outras obras da freguesia. Fizeram-se entregas de exposições nos Ministérios por onde correm esses assuntos e contou-se, sempre que foi preciso, com o apoio do senhor Acácio Mendes da Veiga, Vice-Presidente da Câmara de Góis. Tratou-se da obtenção de uma Casa do Povo para o Colmeal e, no tocante à electrificação da mesma localidade, já foram pedidos orçamentos. Na Páscoa distribuíram-se os bodos; e resultaram brilhantes um sarau de beneficência realizado na Casa da Comarca de Arganil, que teve a cooperação do senhor Horácio Nunes dos Reis, presentemente no Congo Belga, e o piquenique que teve lugar no Verão. Distribuíram-se prémios aos alunos das escolas do Colmeal e foi sempre muito útil a colaboração do senhor Alfredo Alves Caetano, presidente da Delegação local. Uma excursão foi assistir à inauguração do chafariz da Malhada e fizeram-se esforços para que uma regente escolar fosse ocupar o seu lugar nessa povoação. O Relatório refere-se ainda à recente romagem ao túmulo do saudoso colmealense António Domingos Neves e congratula-se por terem sido amortizados débitos aos sócios que, oportunamente emprestaram dinheiro à colectividade. Presentemente há duzentos e setenta e sete sócios e o saldo para a nova gerência é de escudos cinco mil quarenta e nove escudos e setenta centavos." Excerto da acta n.º 30, da Assembleia-Geral realizada em 1 de Fevereiro de 1953, na Casa da Comarca de Arganil, Rua da Fé 23 - 1.º, em Lisboa. Foi presidida por António dos Santos Duarte, secretariado por Joaquim Francisco Neves e Ernesto Nunes Barra. Manuel Martins da Cruz liderava pela primeira vez os destinos da União e da sua Direcção faziam parte Manuel Francisco Braz, Francisco Luiz, António Nunes Gonçalves, Alfredo Pimenta Braz, Manuel Nunes de Almeida e António Ferreira Ramos.
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UPFC

11 novembro 2008

A Junta de Freguesia do Colmeal promove o Centro de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC)

para a obtenção de equivalência de nível básico – 9º Ano –
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A Junta de Freguesia do Colmeal, em articulação com o Instituto do Emprego e Formação Profissional – Centro de Emprego e Formação Profissional de Arganil, no âmbito do Centro de Novas Oportunidades, está a impulsionar a constituição de um grupo, para a obtenção de equivalência referente ao 3º Ciclo completo, nomeadamente ao 9º Ano. Esta iniciativa visa a promoção da elevação dos níveis de qualificação de base da população, nomeadamente através do Centro de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC). O Centro de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências, assenta num sistema efectivo de formação em que as competências obtidas em contexto formal e informal, isto é, adquiridas ao longo da vida, serão valorizadas e certificadas. Pretende-se desta forma, melhorar as competências e qualificações da população, de modo a corrigir as desvantagens na educação e formação. Mais se informa, que as aulas dadas no âmbito do RVCC serão ministradas na localidade do Colmeal, de modo a permitir a todas as pessoas o acesso à qualificação e formação. As pessoas interessadas, deverão contactar a Junta de Freguesia do Colmeal, através do telefone: 235 761 111
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Felicitamos a Junta de Freguesia do Colmeal por esta iniciativa e acreditamos que, independentemente das idades, as pessoas saberão aproveitar esta oportunidade de valorização pessoal. Tudo o que de positivo nos acontece na vida é resultado do nosso investimento pessoal, do tempo de que dispomos, do gosto que temos em aceitar desafios e de perceber que há coisas novas para fazermos. Basta acreditar que se consegue e os resultados surgirão. E nunca é tarde. Não fique em casa. Inscreva-se!!! Valorize-se!!!
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UPFC

Comissão de Melhoramentos de Malhada e Casais

ALMOÇO COMEMORATIVO DO 55.º ANIVERSÁRIO
A Direcção da Comissão de Melhoramentos de Malhada e Casais tem o grato prazer de convida-lo para o almoço comemorativo do 55.º Aniversário a realizar dia 30 de Novembro de 2008, pelas 13:15 horas, no restaurante Stadium em Lisboa (junto Hospital Santa Maria) P.S. Agradecemos confirmação até ao dia 24 de Novembro de 2008 para os seguintes contactos: António dos Santos: 212106606, 968403140 Nuno Santos: 967887555, 913876676 Vítor Olivença: 967265011 A Direcção

09 novembro 2008

Pregões de Lisboa

“Quem mora nos bairros antigos sabe que é dia de andar a roda antes mesmo de saber se chove ou faz sol. O grito dos vendedores da lotaria é um dos últimos pregões de Lisboa. Poucas horas antes do sorteio, todas as fórmulas são válidas para cativar o freguês: «Está quase a andar!»; «Há horas felizes!»; «São as últimas!». Tempos houve em que gritos de mil pregoeiros cruzavam Lisboa, numa tradição que parecia eterna. O clarim dos pregões anunciava quase tudo o que a cidade consumia: melancias, broas, pinhões, amoras, queijo, favas, marmelos, figos, mexilhão, morangos, azeitonas, ostras, amêijoas, azeite, tremoços, agulhas e alfinetes, garrafas, castiçais, abat-jours, etc., etc. O pregão cantado nasceu com a venda ambulante de produtos, e foi uma constante em todas as cidades da Europa, do século XVI até ao século XIX. Algumas povoações portuguesas tiveram vendedores ambulantes que compunham verdadeiros madrigais. Os rapazes e as raparigas eram destinados, desde cedo, ao futuro que cada voz garantia. Um pregão melodioso podia salvar da fome uma família. Em Lisboa, os pregões eram tantos e tão típicos que ninguém poderia com justeza assinalar interesse maior ou originalidade ímpar em qualquer deles. Pela manhã dentro, os vendedores de fruta, hortaliça, leite e doces chegavam dos arredores saloios. Cabaz à cabeça ou burro pela arreata, eram esperados em todos os bairros.” In “Lisboa Desaparecida”, volume 3, de Marina Tavares Dias Tudo isto e muito mais poderá recordar, neste interessante livro que a partir de agora estará disponível na Biblioteca da União, no Colmeal.
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Liga dos Amigos de Aldeia Velha e Casais

Liga dos Amigos de Aldeia Velha e Casais Almoço comemorativo do 44º aniversário 22 de Novembro de 2008 – Casa do Convívio de Aldeia Velha pelas 13:00 h Adultos – 10,00€ Crianças dos 4 aos 12 anos – 5,00€ Crianças até 4 anos – Gratuito Confirmação até 19 de Novembro para: Manuel Duarte: 914 300 361 – Miguel Mendes: 962 746 671 – José Victor: 936 604 032 Contamos com a sua presença e da sua família, traga um amigo e desfrute de um dia de convívio, alegria e surpresas Ementa: Entradas: Pão, Queijo, Chouriço Almoço: Sopa serrana Torresmada regional Sobremesa: Arroz Doce e Pudins Caseiros, Bolos Regionais, Fruta da Época Bebidas: Agua, Sumos, Vinhos (tinto/branco), Cerveja, Café, Aguardente, Vinho do Porto, Lanche: Bolo de Aniversário Espumante
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Assembleia de Compartes da Freguesia do Colmeal

Os compartes da freguesia do Colmeal encontram-se convocados para reunir em Assembleia Extraordinária no próximo dia 23 de Novembro de 2008, pelas 10 horas, na sede da Junta de Freguesia do Colmeal, com a seguinte ordem de trabalhos: Ponto único - Discussão e aprovação do Plano de Utilização dos Baldios (PUB) do Colmeal, elaborado pela Associação Florestal do Concelho de Góis. Se há hora marcada não se encontrarem presentes a maioria dos compartes representativos, a reunião realizar-se-á uma hora depois, desde que se verifique a presença de um quinto dos respectivos compartes.
in http://goisvive.blogspot.com/

06 novembro 2008

Folhas de um livro...(2)

“Seguidamente iniciou-se o segundo ponto da Ordem de Trabalhos – Discussão e votação do Regulamento Interno – que, depois de esclarecido nalguns pontos e a sua finalidade, foi igualmente aprovado por unanimidade. Pela sua importância, transcreve-se na íntegra o Regulamento Interno da Direcção. Artigo 1.º – Para melhor execução dos fins a que se propõe, a Direcção da União Progressiva da Freguesia do Colmeal deverá ser composta por um Presidente, um Vice-Presidente, dois Secretários, um Tesoureiro, dois Vogais efectivos e dois Vogais suplentes. a) Os vogais suplentes terão direito a assistir às reuniões da Direcção. b) Sempre que se verifique falta por parte dos membros efectivos, os vogais suplentes assumirão funções e terão voto nas decisões tomadas em reunião, suprimindo deste modo as faltas de quórum. Artigo 2.º – As reuniões de Direcção efectuar-se-ão pelo menos duas vezes por mês, excepto durante o período de férias em que a Sede se encontra encerrada. Artigo 3.º – Além das obrigações que lhe estão indicadas nos Estatutos, a Direcção deverá promover as iniciativas que julgue indispensáveis para obter o melhor relacionamento entre todos os naturais e oriundos da freguesia do Colmeal. # Único – Para a consecução do previsto neste Artigo deverá promover jornadas de convívio e outras manifestações tendentes a aproximar as pessoas e proporcionar-lhes momentos de sã confraternização e verdadeira amizade. Artigo 4.º – Sempre que o entenda conveniente a direcção da União promoverá reuniões com outras agremiações congéneres da freguesia do Colmeal, onde serão tratados assuntos de interesse comum. Artigo 5.º – No âmbito das suas atribuições a Direcção da União deverá privilegiar o relacionamento com as autarquias locais, procurando defender os interesses da freguesia do Colmeal e dando a sua possível colaboração na execução de acções por estas levadas a cabo e que visem o desenvolvimento das povoações da freguesia. Artigo 6.º – A União Progressiva da Freguesia do Colmeal deverá, dentro das suas possibilidades colaborar com as Comissões de Festas do Colmeal e proporcionar-lhes o apoio de que careçam e que esteja ao seu alcance, sempre que nisso vejam vantagem. Artigo 7.º – A Direcção da União deverá promover anualmente a Festa de Natal para as crianças residentes na freguesia, adequando-a às necessidades e aos meios disponíveis.” Excerto da acta nº 81, da Assembleia-Geral realizada em 23 de Junho de 1990 e presidida por António Domingos Santos. Henrique Brás Mendes liderava a Direcção composta por Rui Fernando Pinho Ferreira, Fernando Manuel Ascensão Algarvio, Artur Domingos da Fonte, António Alcindo de Almeida, Amílcar de Almeida e Tomás Gomes Sequeira. UPFC

Lendo... aos poucos (III)

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S. Martinho de Anta, Setembro de 1945 Querido Leitor: Escrevo-te da Montanha, do sítio onde medram as raízes deste livro. Vim ver a sepultura do Alma Grande e percorrer a via sacra da Mariana. Encontrei tudo como o deixei o ano passado, quando da primeira edição destas aventuras. Apenas vi mais fome, mais ignorância e mais desespero. Corre por estes montes um vento desolador de miséria que não deixa florir as urzes nem pastar os rebanhos. O social juntou-se ao natural, e a lei anda de mãos dadas com o suão a acabar de secar os olhos e as fontes. Crestados e encarquilhados, os rostos dos velhos parecem pergaminhos milenários onde uma pena cruel traçou fundas e trágicas legendas. Na cara lisa dos novos pouca mais esperança há. Ora eu sou escritor, como sabes. Poeta, prosador, é na letra redonda que têm descanso as minhas angústias. Mas nem tudo se imprime. Ao lado do soneto ou do romance que a máquina estampa, fica na alma do artista a sua condição de homem gregário. E foi por isso que fiz uma promessa que te transmito: que estava certo que tu, habitante dos nateiros da planície, terias em breve compreensão e amor pela sorte áspera destes teus irmãos. Que um dia virias ao encontro da aridez e da tristeza contidas nas suas fragas, não como leitor do pitoresco ou do estranho, mas como sensível criatura tocada pela magia da arte e chamada pelos imperativos da vida. Prometi isso porque me senti humilhado com tanto surro e com tanta lazeira, e envergonhado de representar o ingrato papel de cronista de um mundo que nem me pode ler. Tomei o compromisso em teu nome, o que quer dizer em nome da própria consciência colectiva. Na tua ideia, o que escrevo, como por exemplo estas histórias, é para te regalar e, se possível for, comover. Mas quero que saibas que ousei partir desse regalo e dessa comoção para te responsabilizar na salvação da casa que, por arder, te deslumbra os sentidos. Teu MIGUEL TORGA in "Novos Contos da Montanha", 14.ª Edição - 1988 - Prefácio à Segunda Edição

Desolação

Serras rasgadas de estradas. Serras desfiguradas e quase nuas de vegetação. Aldeias que ponteiam de branco a paisagem cada vez mais árida à sua volta. Soito e Malhada, ao longe, temeram o pior, naquele fim de semana.
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Uma mancha tomou conta do verde que existia poucas horas antes. A aflição voltou a atormentar o coração já cansado de alguns resistentes nas nossas aldeias dispersas.
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O Colmeal, por onde algumas nuvens parecem pressagiar um pouco de chuva, aparece-nos agora enquadrado numa anormal moldura em que da paleta de cores se utilizou demasiado o castanho.
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Uma paisagem que nos faz pensar e temer o pior.
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Castanho que berra no meio do cinza e do negro que o fogo pintou.
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Preto que parece querer brilhar no meio da tristeza.
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Folhas retorcidas na voragem das lambidelas. .

Emaranhado de uma vida demasiado curta num cenário de desolação completa. .

04 novembro 2008

Folhas de um livro...(1)

“Passou-se ao segundo ponto da Ordem de Trabalhos que era a proposta da Direcção para aprovação de um Sócio Honorário e não a eleição dos Corpos Gerentes, como foi, por lapso, referido no início desta acta. O Presidente da Direcção fez a leitura da referida proposta, posto o que o Presidente da Assembleia-Geral pôs a admissão da mesma a votação. Esta foi aprovada por todos os presentes e seguidamente iniciou-se a discussão da referida proposta. O Presidente da Direcção referiu que o nome de Fernando Costa fora sugestão da Direcção e de alguns associados, especialmente do actual Presidente da Assembleia-Geral. Dissertou sobre a vida e obra de Fernando Costa e foi secundado pelos associados José Nunes e António Costa que enalteceram o grande regionalista em causa, que desde muito novo se tem dedicado de alma e coração à causa regionalista. António Domingos Santos teceu considerações várias acerca do homenageado e pôs a proposta à aprovação. Esta foi aprovada por unanimidade e aclamação. … Transcreve-se a proposta para Sócio Honorário. Considerando: Primeiro – Que Fernando Henriques da Costa tem sido, ao longo da sua vida um regionalista exemplar, tendo feito parte de vários órgãos sociais, desempenhando sempre os cargos para que foi eleito com invulgar empenho e dedicação, muitas vezes com prejuízo da sua vida profissional e particular; Segundo – Que os seus escritos na imprensa regional, fruto dum estudo e trabalho de pesquisa aturado, dando a conhecer a nossa freguesia e as figuras ilustres dali naturais ou oriundas, demonstram uma inteligência acima do comum; Terceiro – Que os seus trabalhos desenvolvidos na arte, como pintor, têm merecido honrosas distinções, sendo as suas telas expostas hoje, não só em Portugal, como no estrangeiro, Propõe-se que Fernando Henriques da Costa seja nomeado Sócio Honorário da União Progressiva da Freguesia do Colmeal. Lisboa, vinte de Março de mil novecentos e noventa e três.” Excerto retirado da acta da Assembleia-Geral realizada em 20 de Março de 1993, cujos trabalhos foram dirigidos por António Domingos Santos. A Direcção, presidida por Henrique Brás Mendes integrava Manuel Fernandes da Luz, Amílcar de Almeida, Joaquim Luís Pinto, António Alcindo de Almeida, José Domingues Nunes, Filomena Maria Almeida Mendes, Pedro Manuel de Almeida Braz e Manuel Duarte de Almeida.
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Lisboa antiga

Quem reconhece nesta aguarela de Roque Gameiro, a Rua do Benformoso? Muitos conterrâneos aqui moraram e outros tiveram as suas casas comerciais. Do Colmeal ao Soito, do Loural à Malhada, da Foz da Cova ao Rossaio, enfim toda a freguesia do Colmeal aqui tinha os seus filhos pensando nos outros filhos que tinham ficado longe. Para quem conheceu o Benformoso, hoje é uma rua totalmente transformada e descaracterizada fruto da globalização. Os filhos da freguesia do Colmeal deram lugar a filhos de outras freguesias, de outros países, de outras latitudes. Mas vale sempre a pena recordar.
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Recordar "O Colmeal" 14

A imagem do Santo Condestável, é o que sobressai no número 14 de “O Colmeal” na sua edição de 15 de Março de 1961.”… Portugal corria perigo de perder a sua independência. Tinha morrido D. Fernando e com ele, terminara a primeira dinastia dos reis de Portugal. Não havia sucessor. A sua única filha, D. Beatriz, estava casada com D. João, rei de Castela que pretendia mesmo à força das armas dominar e governar os portugueses. Mas, o bom povo português cheio de amor à sua Pátria não podia tolerar que um rei estrangeiro reinasse na sua terra. Reagindo prontamente contra todas as decisões perigosas. Aclamado rei, D. João I, o Mestre de Avis, foi nesta altura que surgiu a seu lado o homem providencial – D. Nuno Alvares Pereira a quem mais tarde investiu no cargo de Condestável, ou chefe do exército. Foi esta nobre figura de guerreiro, herói e santo que salvou Portugal do perigo que se aproximava. Homem de fé inabalável, católico fervoroso, sábio nas lides da guerra, conhecedor das astúcias do inimigo, confiava mais no auxílio de Deus e da Santíssima Virgem, que invocava até no campo de batalha, mais do que nas próprias forças e na dos seus soldados tantas vezes aterrorizados. Foi devido à sua valentia, à sua coragem, à sua fé em Deus e amor à Pátria que o ambicioso exército de Castela, embora maior em número de homens, foi sucessivamente derrotado pelas nossas diminutas tropas. O Herói e o Santo ganhavam todas as batalhas. D. Nuno Alvares Pereira que nasceu em Cernache de Bonjardim em 1360 acabou os seus dias no Convento do Carmo em Lisboa com o nome de Frei Nuno de Santa Maria depois de ter servido a Deus e à Pátria…”
Na primeira página, além da publicação da data da Assembleia-Geral da União Progressiva da Freguesia do Colmeal (19 de Março de 1961, às 14:00 no largo de S. Domingos, 14, 2º em Lisboa) que irá eleger os novos corpos sociais, vem também noticiado que no “…Grande Hotel Duas Nações, em Lisboa, num almoço promovido pela União Progressiva da Freguesia do Colmeal, em que tomaram parte oitenta e cinco convidados, foi homenageado o Sr. Acácio Mendes da Veiga, grande colmealense, consumado bairrista e antigo Presidente da Câmara Municipal de Góis. Ao banquete que decorreu em ambiente de perfeita amizade, Presidiu o ilustre colmealense Sr. Dr. Manuel Martins da Cruz, ladeado pelos Srs. Acácio Mendes, Comandante Gouveia, D. Maria Antonieta Costa, D. Marizete Martins da Cruz, D. Lúcia Fontes Duarte, D. Maria de Assunção Almeida, Padre Fernando Ribeiro, Eng.º Leonel Gonçalves e Tenente Afonso Neves e seu neto…usaram da palavra os Srs. Eng.º António dos Santos Almeida (Fontes), Presidente da União Progressiva…José Henriques de Almeida, Manuel da Costa, Afonso Baptista de Almeida, Pároco do Colmeal, Eng.º Leonel Gonçalves, Claudino Alves de Almeida e Tenente Afonso Neves que puseram em relevo as apreciáveis qualidades do homenageado…a sua acção bem m arcada através do concelho em várias obras que levou a efeito…Pessoas que não puderam comparecer, associaram-se a esta homenagem enviando cartas, telegramas, ou telefonemas…Estavam ainda representadas muitas colectividades regionalistas…Comissão de Melhoramentos Malhada e Casais, Comissão de Melhoramentos do Soito, de Alvares, das Cortes de Alvares, de Pomares, a Casa do Concelho de Góis, o Grupo de Amigos de Capelo, a Liga de Melhoramentos da Freguesia do Cadafaz, etc…”
“Marco do Correio” de Março de 1961, informa:
Colmeal: …realizou-se no dia 13… o “Aniversário da Almas” a que assistiu muita gente que fez a sua confissão quaresmal. Tomaram parte os Rev.º Párocos de Pampilhosa da Serra, Pessegueiro, Cadafaz, Fajão, Teixeira, Cepos e Colmeal.
Malhada: …11 de Fevereiro, na capela de S. José… realizou-se o casamento de José de Almeida Fernandes com Celestina dos Santos.
Lisboa: …no dia 26 de Fevereiro nesta cidade… o casamento do Sr. Manuel Mendes Domingos… com a menina Maria Alice Domingos
No espaço “Badaladas”, ainda não se sabe o valor para a aquisição da sineta mas o total de donativos até aquela data era de 1.736$60.
Também neste número, “O Colmeal” informa que a excursão, que será feita em “luxuosos autocarros” deve partir do Colmeal no dia 29 de Abril para regressar no dia 2 de Maio. O preço por pessoa será de 140$00 e dá conta que o trajecto visitará: Buçaco, Porto, Casa do Gaiato de Paço de Sousa, Guimarães, Braga (Bom Jesus e Sameiro), Viana do Castelo, Aveiro, Figueira da Foz, Coimbra, etc…
Para terminar, este mês, no espaço “Sempre Alegres” lê-se uma rábula de um homem de Sevilha e outro de Madrid que discutiam ciosas das suas terras. “- Dizia o de Sevilha: A catedral da minha terra tem um altar-mor tão grande e com tantas velas que o sacristão tem de começar a acende-las no princípio da Quaresma para as ter todas acesas no Sábado Santo! – Mas isso não é nada – diz o de Madrid – Na minha terra há uma lâmpada tão grande do Santíssimo que o sacristão para a acender tem de ir de barco pelo azeite fora…” Colmealenses, por agora é tudo, até breve. H. Miguel Mendes http://o-colmeal.blogspot.com/

02 novembro 2008

Manuel Brás de Almeida

O que nos preparávamos para escrever neste dia 2 de Novembro era sobre o sucesso de mais uma iniciativa da União – Magusto e Mostra/Venda de artesanato e produtos locais (previsível face a eventos anteriores) e não nos tinha ocorrido escrever sobre um outro qualquer assunto e muito menos sobre este. Temos a certeza que durante o dia de hoje, todos aqueles que tinham feito a sua inscrição (cerca de duas centenas) e ansiado alegremente por esta oportunidade de convívio, em que muitos esperaram um ano para voltar àquele Colmeal e àquela região que tinham descoberto e conhecido um ano antes, se lembraram dos fortes motivos que levaram ao cancelamento do evento. Nada fazia prever a rapidez com que tudo se desenrolou. A notícia correu célere e mais uma vez se confirmou que a passagem por esta vida termina por vezes demasiado cedo. Um mês antes em Fazendas de Almeirim, quando do almoço comemorativo dos 77 anos da União, Manuel Brás de Almeida esteve connosco. Sempre fez questão de estar presente nas nossas realizações e nesse dia, apesar da doença que o atormentava, não se quis ficar pelo Colmeal. Vinte anos antes, em 1988, integra pela primeira vez a Delegação da União Progressiva no Colmeal, como Tesoureiro. Com ele trabalharam Francisco Luís, Eduardo dos Santos Ferreira e Manuel de Almeida Neves, homens que deixaram o seu nome gravado nas páginas da Colectividade. Manteve-se no cargo até 26 de Março de 1994, data em que passou a Secretário e onde ficou até 4 de Outubro de 1997. Manuel Brás de Almeida, que um dia desceu do Loural e se fixou no Colmeal, estava sempre disponível para colaborar e participar nas realizações da União. Quem não se lembra do seu entusiasmo quando da canoagem em 2006 ou depois na de 2007? A disponibilidade para ceder a garagem no caso de o tempo não permitir o convívio no Parque de Merendas nas Seladas foi o seu último gesto de simpatia e de colaboração para com a União Progressiva da Freguesia do Colmeal. Obrigado Manuel e até sempre! UPFC

Saudade

Não só nesta época, mas em todos os dias, recordamos os que passaram pela União e nela deixaram um pouco de si. Nesta flor, a nossa gratidão e a nossa saudade. UPFC